O presidente Nacional do PSDB, senador Aécio Neves (MG), confirmou ontem que a legenda vai “correr o risco” de apoiar o governo do vice-presidente da República, Michel Temer (PMDB), caso o Senado aprove a admissibilidade do processo de impeachment da presidente Dilma Rousseff. Para o presidente tucano, Temer terá apoio necessário no Congresso para promover uma “dura reforma” no país.
“Temos duas alternativas: talvez a mais cômoda, confortável, a da omissão, de dizer que não é conosco, que este [novo] governo é composto pelas mesmas figuras que combatemos ontem. A outra é a opção de correr riscos, assumir desgastes e ajudar o Brasil a enfrentar essa crise”, argumentou Aécio Neves. “Vamos pagar o preço? Vamos e estamos preparados para isso. Vamos apoiar o governo Michel, mas em torno de uma agenda”, acrescentou.
Para o senador mineiro, derrotado por Dilma Rousseff nas últimas eleições presidenciais, o país precisa “regularizar as relações trabalhistas”, promover reformas “urgentes” do sistema político e previdenciário, além de profissionalizar a atuação das agências reguladoras e a gestão dos fundos de pensão.
“Então, essa agenda dura, com uma base sólida que acredito que existe hoje no Congresso Nacional, pelo menos na largada, no início desse governo, pode ser a grande oportunidade para o Brasil viabilizar algumas dessas reformas e, pelo menos, encaminhar outras. A expectativa é muito grande”.
Defesa do governo Dilma
De acordo com a senadora Gleisi Hofmann (PT-PR), o PT seguirá lutando nos próximos 180 para tentar barrar a confirmação do impeachment. Segundo ela, estão “forçando a barra” e é possível reverter o afastamento de Dilma na discussão do mérito.
“É uma pena, mas tenho certeza de que vamos reverter isso na discussão de conteúdo, que vai ocorrer depois dessa sessão”, afirmou Gleisi. A senadora confirmou que os senadores petistas estarão ao lado de Dilma quando ela for notificada do afastamento.
A petista acrescentou que os partidos de esquerda farão a defesa intransigente “das conquistas” dos 13 anos de governo Lula e Dilma. “Não vamos incendiar o país, mas resistir para que esses direitos sociais conquistados nos últimos anos não voltem atrás, não retrocedam.”
“Vamos defender o legado e as conquistas sociais dos trabalhadores. Não vamos apoiar, não há hipótese de apoiar redução de despesas em cima de educação e saúde. São conquistas preciosas para a sociedade. Não vamos apoiar reduzir o Bolsa Família para os 5% mais pobres da população.”
Para Gleisi, o futuro governo Temer é “ilegítimo” e entrará no Palácio do Planalto “pela porta dos fundos”. “Ele [Temer] ajudou, conspirou e interviu para que houvesse o início do processo de impeachment da presidenta”, concluiu a senadora paranaense.
As informações são da Agência Brasil.