ADVFN Logo ADVFN

Não encontramos resultados para:
Verifique se escreveu corretamente ou tente ampliar sua busca.

Tendências Agora

Rankings

Parece que você não está logado.
Clique no botão abaixo para fazer login e ver seu histórico recente.

Hot Features

Registration Strip Icon for default Cadastre-se gratuitamente para obter cotações em tempo real, gráficos interativos, fluxo de opções ao vivo e muito mais.

Brasileiro está mais otimista, mas ainda foge da diversificação, mostra Franklin Templeton

LinkedIn

Os investidores brasileiros estão mais otimistas com relação a atingir seus objetivos. É o que mostra pesquisa feita pela gestora de recursos americana Franklin Templeton com 500 investidores com idade entre 26 e 65 anos e mais de R$ 50 mil para aplicar, entre 19 de fevereiro e 2 de março. O percentual de entrevistados que se disseram otimistas ou muito otimistas subiu de 71% na pesquisa do ano passado para 85% neste ano. Os muito otimistas foram destaque, e saltaram de 22% em 2015 para 29,4% neste ano e os otimistas, de 49% para 55,4%. Já os pessimistas caíram de 25% para 14,6%.

Não se sabe se essa melhora tem a ver com a variável política, mas houve um aumento grande, os brasileiros estão bem mais otimistas este ano, diz Marcus Vinícius Gonçalves, presidente da Franklin Templeton no Brasil. “Há também o efeito do juro, que subiu do ano passado para cá, o que aumenta o retorno das carteiras e reduz o risco dos investidores, além de tornar os ativos mais baratos na parte imobiliária, criando oportunidades e aumentando o otimismo”, explica.

Para Gonçalves, a questão política ajudou porque, no período, a expectativa já era de mudança, e que se confirmou com a aprovação do processo de impeachment da presidente Dilma Rousseff em 17 de abril, depois, portanto, da pesquisa. “Mas na mídia e nos relatórios dos gestores, havia a perspectiva de mudança, especialmente na condução da economia”, lembra.

Inflação e política preocupam mais

Essa preocupação política aparece também na parte da pesquisa que questiona os principais temores dos investidores neste ano. A inflação seguiu na liderança, com 66% dos entrevistados, seguida da incerteza política (59%) e desvalorização do real (58%).No ano passado, a preocupação era também com inflação, mais um pouco menos, 50%, seguida de política fiscal (45%) e o estado da economia brasileira (39%). “Sempre temos esse cuidado de olhar as coisas que preocupam mais os investidores”, explica Gonçalves. “E os dados mostram que a inflação segue como a maior preocupação, mas logo em seguida vem a política, que antes era menor e se concentrava na parte fiscal”, observa.

Já a desvalorização do real ganhou espaço nas preocupações após a forte alta do dólar durante o ano passado e no começo deste ano, quando a moeda chegou a R$ 4,20. “Olhando para trás, as moedas impactaram muito pela memória de janeiro, que foi um mês muito forte para o dólar, aqui e lá fora, e esse dado pode ser um ruído de curto prazo”, admite o gestor. “As preocupações mudam também ao sabor do que está o noticiário.”

Jovens querem casa e viajar

A maioria dos que responderam a pesquisa é jovem, entre 25 e 34 anos, com 33,6% do total, seguidos dos entre 35 e 44 anos, com 29,4%. O perfil é coerente com o principal objetivo dos investidores neste ano, que é comprar uma nova casa, com 18% do total, seguido pela aposentadoria, com 16%. Entre os três principais objetivos para o ano, porém, comprar um imóvel também lidera, com 47% das respostas, mas é seguido por viajar de férias, 46%, também dentro do perfil mais jovem. A preocupação com a aposentadoria vem em terceiro lugar, com 38%.

Imóveis lideram investimentos

A maioria dos investimentos também está em imóveis, com 27% do total, seguidos de fundos de renda fixa (14%) e títulos de renda fixa diretamente. Houve uma ligeira queda em relação ao ano passado, quando imóveis respondiam por 28,2% e um aumento em fundos de renda fixa (13,6%) e títulos de renda fixa (10,7%). LCA e LCI, papéis isentos emitidos por bancos e financeiras, passaram de 7,8% no ano passado para 8,8% este ano.

Sobre quais investimentos devem ser ampliados este ano, o destaque vai para imóveis, com 44,6% dos entrevistados interessados em aumentar sua fatia. Em seguida vem renda fixa/títulos do Tesouro, com 30%, fundos de renda fixa, com 28,4% e renda variável, com 25,4%. Outros 20,8% pretendem ampliar a fatia em LCI e LCA.

Renda variável lidera reduções

Dos que pretendem reduzir determinada estratégia, a maioria diminuirá as aplicações em renda variável, com destaque para fundos (14,6% dos entrevistados) e fundos multimercados (14,4%), além da própria renda variável diretamente (13,6%).

Mas 33,8% disseram também que vão manter as aplicações em fundos de renda variável e 32,4% em renda variável diretamente.

Estratégia mais conservadora

A maioria dos entrevistados, 40,6%, também pretende adotar uma estratégia um pouco mais conservadora este ano, tomando, risco baixo ou moderado para evitar perdas, percentual maior que os 30% do ano anterior. Outros 29,2% disseram que serão muito mais conservadores, sem nenhum risco para evitar perdas (40% no ano passado), enquanto 15% pretendem ter uma estratégia um pouco mais agressiva tomando um risco maior ou moderado (20% em 2015). Já 11,2% disseram que não vão mudar sua estratégia.

Poucos aplicam no exterior e usam consultorias

A pesquisa da Franklin Templeton mostrou também que o brasileiro ainda investe pouco no exterior, com 58,4% dos entrevistados afirmando que não aplicam nada fora do Brasil, percentual um pouco maior que os 56% de 2015. Dos que aplicam, 15% têm menos de 10% da carteira no exterior, 13% têm entre 10% e 25%, 9,2% entre 25% e 50% e apenas 4,4% têm mais de metade dos recursos fora.

Para Gonçalves, o investimento no exterior ainda é baixo pelo custo de oportunidade criado pelo juro local alto. Há ainda a falta de conhecimento. “O investidor brasileiro se confessa leigo em aplicar fora, e tem um pouco de receio de fazer algo que não conheça”, diz. Sobre a questão da falta de conhecimento, ela é agravada pelo fato de o brasileiro em geral não usar serviços de consultoria e fazer ele mesmo a gestão de seus recursos.

Apenas 29% trabalhavam com um consultor ou profissional financeiro para orientar os investimentos. “Cruzamos os dados e notamos que há uma correlação grande entre o advisor e quem investe fora, o que mitiga a falta de conhecimento, que foi a principal justificativa para não investir fora”, afirma Golçalves, cuja empresa é especializada em fundos no exterior pelo seu perfil global.

Brasileiro foge mais do risco

Ele explica que o foco da maioria dos brasileiros é evitar perdas. “No Brasil, a importância dada à mensuração de risco é desproporcional em relação a outras regiões, especialmente com foco em ações”, afirma o gestor. “Em outros países e regiões, há diversificação habitual das carteiras, o investidor não se preocupa com risco de curto prazo pois sabe que está comprando ativo que com o tempo se paga”, diz.

“Mas o investidor de renda fixa é mais preocupado com curto prazo, e esse é o perfil do brasileiro, e um portfólio no Brasil não pode ser alheio a essa preocupação”, acrescenta. Isso explica por que bons gestores de recursos não tiveram sucesso no Brasil, pois tiveram perdas no curto prazo. “O gestor que não tinha mecanismos de ‘stop loss’ acabou perdendo investidores”, explica Gonçalves.

Mais interesse de estrangeiros pelo Brasil

Se o brasileiro não quer ainda aplicar fora, a Franklin Templeton tem tentado atrair dinheiro de estrangeiros. Gonçalves afirma que está recebendo “cada vez mais investidores de fora que querem aplicar aqui”. Segundo ele, hoje há maior grau de confiança do que há quatro  semanas, antes do afastamento da presidente Dilma pelo senado e das mudanças econômicas anunciadas pelo presidente interino Michel Temer. “Todos querem ver se as medidas a serem propostas vão ser aprovadas, mas há boa vontade, há lua de mel, que é curta, até porque o mandato é curto, mas há boa vontade em ver o que pode vir pela frente”, afirma Gonçalves, acrescentando que o mercado brasileiro “tem potencial de apreciação interessante para o estrangeiro”.

Juro menor deve levar a diversificação fora

Já para o brasileiro, o interesse pelo exterior vai depender da taxa d e juros. “Se houver visão de queda nos juros até o fim do ano para algo mais factível, 12% ao ano, por exemplo, mas a caminho de um dígito no futuro, isso pode ser um incentivador de diversificação do brasileiro, do fim do ganho de 1% ao mês”, afirma o gestor. “E tem a questão do câmbio também, se tudo melhorar o Banco Central deve manter o cambio para o exportador e aí pode dar segurança para não ver o dólar se depreciar muito diante do real”, acrescenta Gonçalves.

Governo sob testes constantes

“O Brasil ainda tem problemas de inflação e fiscal, portanto a tendência de longo prazo ainda é de depreciação do real”, avalia. “A questão fundamental é o juro, mas hoje temos um voto de confiança de curto prazo que ajuda, apesar de as notícias políticas atrapalharem ainda”, admite, referindo-se às denúncias contra ministros na Operação Lava Jato que levaram à saída do ministro do Planejamento, Romero Jucá. “O governo está sendo testado o tempo todo, mas isso é inevitável, há uma evolução natural, mas o governo tem de ter celeridade e submeter as medidas logo ao Congresso”, afirma o executivo, lembrando que o processo de impeachment ainda tem até três meses pela frente.

Deixe um comentário