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Dupla Dinâmica

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Os fãs das histórias em quadrinhos estão em polvorosa, com dois blockbusters “bombando” nas telonas do cinema. Em ambos os filmes, há duelos espetaculares entre os super-heróis protagonistas, o que não é algo normal, uma vez que heróis existem para nos salvar dos malfeitores e não para digladiarem entre si. Refiro-me a Batman x Superman e Capitão América x Homem de Ferro.

Na vida real, desde quando a Câmara dos Deputados aprovou a admissibilidade do processo de impeachment da presidente Dilma Rousseff (permitindo que a mesma seja julgada por crime de responsabilidade pelo Senado), as especulações sobre um eventual governo Michel Temer pululam e deixam o mercado sob grande expectativa. Afinal de contas, daqui a poucos dias poderemos ter um novo governo e uma nova equipe ministerial, com muito trabalho pela frente.

Na área econômica, onde os problemas são prementes, as apostas recaem sobre uma dupla para ninguém colocar defeito: Henrique Meirelles (Fazenda) e Ilan Goldfajn (Banco Central). Desnecessário, por óbvio, apresentarmos as credenciais dos dois nomes cogitados. São profissionais competentes e respeitados, com passagens bem sucedidas tanto no governo quanto na iniciativa privada. Todavia, embora tais atributos sejam indispensáveis, não são garantias de sucesso, pois os desafios a serem superados serão tremendos.

Como economista de formação liberal, divirjo frontalmente de elevações de impostos. Tributos são vazamentos na economia e prejudicam a dinâmica do crescimento, pois reduzem a renda disponível da sociedade, afetando para baixo o consumo e os investimentos. Até sob o olhar keynesiano, um aumento de impostos reduz o multiplicador de gastos e investimentos. A meu juízo, portanto, mais imposto, num país que já possui carga tributária de 36% do PIB, não seria adequado, apesar de entender que todos precisarão dar suas contribuições.

Assim sendo, apelaria ao eventual ministro, Henrique Meirelles, que foque, prioritariamente, no ajuste das contas públicas pelo lado dos gastos. Um acerto de grande magnitude se faz imperativo, depois desses anos de gastança desmedida. Necessitaremos, a meu juízo, de, no mínimo, um esforço fiscal entre R$ 200-250 bilhões, de preferência usando uma tesoura de jardineiro bastante afiada, para evitarmos (repito) um aumento de impostos totalmente indesejado. Sob essa ótica, o retorno das privatizações/concessões, de forma racional, poderá colaborar de forma significativa nesse ajuste audacioso. Mas só isso não bastará!

O futuro presidente, caso o Senado efetivamente afaste Dilma, precisará mexer na Constituição, fazendo as reformas (minimamente, a da previdência e a tributária) que apontem para despesas menos engessadas nos próximos anos. Atualmente, do orçamento federal, 90% dos gastos estão comprometidos com rubricas obrigatórias, carimbadas pela Constituição. É impossível governar assim!

Se o acerto fiscal ocorrer, o Banco Central poderá, com mais fundamento, iniciar um processo de redução de taxa de juros, aliviando a salgada conta de despesas financeiras, que roda em torno de 8% do PIB. Seria uma ótima notícia.

Aqui, diferentemente dos gibis e dos filmes de ação, não poderá haver duelos. Pelo contrário, a dupla deverá trabalhar em perfeita sintonia, sob pena de colocarmos a perder toda a expectativa positiva gerada com seus nomes.

Alexandre Espirito Santo, Economista da Órama e prof. IBMEC-RJ

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