Fim dos subsídios pode afetar em até 20% a geração de caixa das empresas, segundo BTG Pactual

O fim das isenções fiscais e dos subsídios federais para determinados setores selecionados pelo governo poderá ter um impacto negativo de até 20% sobre a geração de caixa livre medida pelo lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização (Lajida ou Ebitda) de algumas companhias, de acordo com levantamento realizado pelo BTG Pactual.

Na análise do banco de investimentos, nos casos de remoção total dos benefícios, os segmentos mais afetados seriam os de tecnologia, o que significaria reduções de lucro de 4% e 7%  para nomes como Linx e Totvs. Para bens de capital e transportes, a queda seria de aproximadamente 10% para a Embraer, 6% para a Marcopolo e 4% para a Weg.

No caso do fim dos juros sobre o capital próprio (JCP), o grande impacto recairia sobre o lucro de pagadoras de dividendos mais fortes. Nesse sentido, teriam seus lucros atingidos Vale (-18,2% em 2018), Petrobras (-6% em 2017 e -15 em 2018), Gerdau (-3% ao ano até 2018), Telefônica (-2% em 2016, -7% em 2017 e -11% em 2018), Ambev (-7%, -10% e -12%), Duratex, Itaú Unibanco (-5%, -8% e -11%), Bradesco (-6%, -9% e -10%), Banco do Brasil (-8%, -12% e -16%), além de Santander, Cetip, Porto Seguro, SulAmérica, Cielo, BR Foods, M Dias Branco, Multiplan e Odontoprev.

Empresas de álcool beneficiadas pela Cide

Já o imposto sobre os combustíveis, a Cide, que também pode ser reajustado para cima, mexerá com os ganhos de grupos como  a Cosan, a São Martinho e a Adecoagro. Nas estimativas do BTG, os preços do açúcar e do etanol deverão aumentar na mesma proporção, aumentando os lucros desses empresas. Atualmente, a Cide sobre a gasolina é de R$ 0,10 por litro, contra R$ 0,28 em 2008.

Fies e Minha Casa Minha Vida

Finalmente, o programa de financiamento estudantil federal (Fies) e o Minha Casa Minha Vida deverão ter impactos mais brandos, mas também mais difíceis de precificar, aponta o banco. Na área educacional, se o programa de financiamento for descontinuado,, o que o banco não acredita, as empresas provavelmente mudarão seus modelos de negócios, o que torna difícil projetar impactos. No programa de habitação, a expectativa do banco é que ele seja descontinuado, o que poderia impactar a Direcional e a Cyrela, mas elas já aparecem fora de novos projetos.