Ibovespa abre em queda; Vale recua 9% com China, juros longos sobem e dólar avança para R$ 3,52

Sob pressão dos números de importações da China e da desvalorização do minério de ferro no exterior, às 11h15, o Índice Bovespa recuava 1,79%, para 50.812 pontos, com a forte queda das ações da Vale. Os papéis ordinários (ON, com voto) e preferenciais da série A (PNA, sem voto) da mineradora caíam 8,89% e 6,80%, respectivamente. Com o petróleo também sem trajetórias firmes, Petrobras ON (BOV:PETR3) tinha baixa de 5,57%, como Petrobras PN (BOV:PETR4), 4,07%.

Os investidores de todo o mundo repercutem os dados da balança comercial chinesa de abril, que apresentou superávit de US$ 45,56 bilhões, um pouco acima das estimativas dos analistas, de US$ 40 bilhões. No entanto, as importações do país caíram 10,9%, indicando menor demanda do mercado local e puxando para baixo o preço do minério de ferro, que perdeu 5,66%.

Os dados econômicos do maior importador de matérias-primas do mundo fez o mercado brasileiro deixar em segundo plano a decisão do Senado brasileiro, que pode aprovar depois de amanhã o afastamento da presidente Dilma Rousseff por 180 dias e sua substituição pelo vice, Michel Temer, na quinta-feira.

No Brasil, os investidores repercutiam ainda a nova projeção das instituições financeiras para a inflação deste ano, que voltou a ser elevada de 6,94% para 7%. A estimativa para a queda do Produto Interno Bruto (PIB) foi alterada de 3,89% para 3,86%. O mercado acompanha ainda a condução coercitiva do ex-ministro da Fazenda Guido Mantega pela Polícia Federal para depoimento na sétima fase da Operação Zelotes.

Entre os bancos, os recuos também eram significativos. Itaú Unibanco PN (BOV:ITUB4), o maior peso do índice, caía 1,25%, Bradesco PN (BOV:BBDC4), 2,21%, Banco do Brasil ON (BOV:BBAS3), 1,35%, e as units (recibos de ações) do Santander (BOV:SANB11), 0,82%. A Caixa Econômica Federal anunciou hoje queda de 45,9% no lucro líquido do primeiro trimestre de 2016, em comparação com o mesmo período do ano passado. Se comparado ao último trimestre de 2015, quando o lucro líquido foi de R$ 636 milhões, o resultado representa um aumento de 31,7% .

Vale cai 9% e Estácio avança 4%

No horário, as piores baixas do indicador eram de Vale ON (BOV:VALE3), Bradespar PN (BOV:BRAP4), 6,85%, Vale PNA BOV:VALE5), e CSN ON (BOV:CSNA3), 6,28%. A Bradespar, importante acionista da mineradora Vale, e as siderúrgicas perdiam com a forte queda do minério no exterior e os números mais fracos de importação na China no mês passado. Do lado positivo, as maiores altas do Ibovespa ficavam com Estácio ON (BOV:ESTC3), 4,55%, Kroton ON (BOV:KROT3), 2,21%, Multiplan ON (BOV:MULT3), 1,12%, e Embraer ON (BOV:EMBR3), 0,63%. A educacional Estácio recuperava parte das perdas da última sexta-feira, quando o mercado antecipou preocupações sobre o balanço trimestral da companhia, com um possível aumento da inadimplência.

Zona do euro e EUA ganham; petróleo tem sentidos mistos

No dia em que investidores de todo o mundo repercutem os dados da balança comercial chinesa, os principais índices estrangeiros registravam ganhos. Na Europa, o Stoxx 50, dos 50 papéis mais líquidos do bloco, tinha alta de 1,01%, seguido pelo britânico Financial Times, 0,06%, o francês CAC, 0,89%, e o alemão DAX, 1,42%. Ainda na zona do euro, ontem à noite a Grécia aprovou uma reforma fiscal e de aposentadorias, proposta pelo governo, no âmbito dos compromissos assumidos com os credores internacionais.

Já nos Estados Unidos, com ganhos mais tímidos, o Dow Jones avançava 0,05%, como o índice da Nasdaq, 0,29%. Na contramão, o S&P 500 recuava 0,10%.

Em meio às incertezas com a demissão do ministro de petróleo da Arábia Saudita, Ali al-Naimi, que ocupava a cadeira há mais de 20 anos, o petróleo WTI, negociado em Nova York, subia 0,13%, para US$ 44,72, enquanto o barril do tipo Brent, de Londres, caía 0,35%, para US$ 45,21. A matéria-prima refletia ainda os números positivos de importação da commodity pela China e a continuidade dos incêndios que comprometem a produção petroleira do Canadá.

Juros longos sobem e dólar avança para R$ 3,52

Os juros futuros para 2017 abriram a semana estáveis em 13,48% ao ano. Para 2018, as taxas passavam 12,80% para 12,85%, assim como os juros dos contratos válidos até 2021, que subiam de 12,58% para 12,68%. Hoje, as projeções eram pressionadas pelo aumento de 0,64% do Índice de Preços ao Consumidor Semanal (IPC-S) na primeira quadrissemana de maio e pela expectativa de mudança nos rumos da economia com a aprovação do impeachment da presidente Dilma no Senado.

Em mais um dia sem a intervenção do Banco Central (BC) no mercado de câmbio, o dólar comercial tinha avanço de 0,57%, para R$ 3,52 na venda, acompanhado pelo dólar turismo, que ganhava 0,27%, sendo vendido por R$ 3,67.