A revisão da meta fiscal para este ano deve ser o tema predominante nesta semana, mais curta pelo feriado de Corpus Christi, e que vai começar com a repercussão da nova previsão de déficit fiscal, anunciada pelo governo no início da noite de sexta-feira, depois do fechamento dos mercados. O valor de R$ 170,5 bilhões anunciado ficou no centro das expectativas, que variavam entre R$ 150 bilhões e R$ 200 bilhões, bem acima da atual déficit de R$ 96,6 bilhões. E o próprio presidente interino, Michel Temer, deve levar a proposta ao Congresso nesta segunda-feira o que mostra uma ação mais incisiva sobre o Legislativo do que no governo da presidente afastada Dilma Rousseff.
Mas a aprovação das propostas não deve ser fácil. O presidente da Comissão Mista de Orçamento (CMO), deputado Arthur Lira (PP-AL), disse que a revisão da meta fiscal deve ser votada até a próxima terça-feira, dia 24 de maio. Mas é provável que haja algum debate, e será o primeiro teste do novo governo no Congresso, onde outas batalhas importantes serão travadas para garantir o equilíbrio fiscal, entre elas a da Previdência.
Focus e a queda da bolsa após Temer
Atenção também deve ser dada às expectativas do mercado depois da primeira semana de governo interino de Michel Temer, da definição dos nomes do Banco Central e das secretarias da Fazenda e das primeiras declarações desencontradas de sua equipe ministerial e das idas e vindas do próprio presidente como ao extinguir e recriar o Ministério da Cultura. O Boletim Focus do Banco Central (BC) deve dar uma ideia da aprovação ou não das novas medidas e seu impacto nas projeções para a economia.
Muita gente estranhou que a bolsa caiu e o dólar subiu durante a primeira semana de Temer. Mas boa parte do movimento negativo, além do usual ajuste do mercado ao “compra no boato e vende no fato” foi a piora do cenário externo, com a ata do Comitê de Mercado Aberto (Fomc) do Federal Reserve (Fed, banco central americano) dando sinais de que os juros podem subir mais este ano nos EUA. Isso derrubou a maioria das moedas dos países emergentes e suas bolsas, como afirma relatório do Banco ABC Brasil, que diz que a piora local reflete mais o cenário externo pior para o Brasil do que o governo Temer, cuja equipe econômica foi muito bem recebida pelo mercado.
Dólar subiu no exterior
Desde que foi aprovada a admissibilidade do impeachment da presidente Dilma, o dólar comercial saiu de níveis próximos de R$ 3,48 para R$ 3,55, uma desvalorização de 2%, enquanto o Índice Bovespa caiu 6%. No mesmo período, o dólar index, uma combinação de cotações da moeda americana contra outras moedas no exterior subiu 1,5% e a bolsa americana 2%.
No exterior, a agenda semanal tem destaque para a divulgação da estimativa final do PIB da Alemanha do primeiro trimestre na terça-feira e o discurso de Janet Yellen, presidente do Federal Reserve, na sexta-feira.
Segunda-feira, 23:
A semana começa com a divulgação do IPC-S da terceira quadrissemana de maio e a sondagem da indústria pela Fundação Getulio Vargas. A agenda nacional também conta com o Boletim Focus com expectativas do mercado e os levantamentos sobre a balança comercial pelo Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio. Ao longo da manhã, é preciso acompanhar a ida de Temer ao Congresso defender a nova meta fiscal para este ano e sua receptividade perante os parlamentares.
Na Europa, destaque para a divulgação da PMI de serviços, manufaturas e composta na França, Alemanha e na Zona do Euro, além da confiança do consumidor no bloco do mês de maio. Já os Estados Unidos contam com os discursos dos dirigentes do Federal Reserve James Bullard, de St. Louis, John Williams de São Francisco e Patrick Harker da Filadélfia, e também os resultados do PMI de Manufatura em maio.
Terça-feira, 24:
Terça-feira será mais agitada com a divulgação do PIB alemão no primeiro trimestre deste ano e outros indicadores econômicos do país como a situação atual e expectativas econômicas. No Brasil, destaque para a pesquisa da FGV sobre sondagem do consumidor no mês de maio e a nota de setor externo de abril, divulgada pelo Banco Central. Nos Estados Unidos, atenção para os índices de vendas de novas casas.
Quarta-feira, 25:
O meio da semana será movimentado com indicadores econômicos nacionais e no exterior. Aqui dentro, a FGV divulga a sondagem da construção e do comércio, além do Índice Nacional de Custo da Construção (INCC-M). O Banco Central divulga a taxa de inadimplência para pessoa física e o fluxo cambial semanal da terceira quadrissemana de maio enquanto sua Comissão Técnica da Moeda e do Crédito (Comoc) realiza sua reunião. A Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas (Fipe) divulga o Índice de Preços ao Consumidor da segunda quadrissemana de maio. Nos Estados Unidos é dia de divulgação da balança comercial do mês de abril, dados sobre estoques de petróleo bruto de maio e discursos dos representantes do Fed da Filadélfia, Minneapolis e Dallas. Na Alemanha serão divulgados dados sobre negócios.
Quinta-feira, 26:
Com os mercado brasileiros fechados por causa do feriado, a quinta-feira terá apenas dados do exterior. Será divulgado o PIB do Reino Unido no primeiro trimestre. Na China serão conhecidos os lucros da indústria em abril e nos Estados Unidos serão divulgados dados sobre encomendas de bens duráveis e vendas pendentes de moradias em abril. Discursa novamente na quinta-feira o representante do Fed de St.Louis e Jerome Powell.
Sexta-feira, 27:
Na sexta-feira acontece e reunião do Conselho Monetário Nacional do Banco Central. Entre os indicadores econômicos, destaque para o relatório mensal da dívida pública. Nos Estados Unidos, a semana termina com a segunda estimativa do PIB do primeiro trimestre, dados sobre a confiança do consumidor e o discurso da líder do Federal Reserve, Janet Yellen.