Ibovespa volta a cair forte nesta segunda-feira frente às incertezas sobre o Reino Unido. Fitch's e S&P rebaixam nota de crédito do país

O principal índice de ações da Bolsa de Valores de São Paulo (Bovespa) caiu forte novamente nesta segunda-feira, em meio às incertezas nos mercados internacionais ainda repercutindo a decisão do Reino Unido de deixar a União Europeia. Ações de peso como Petrobras e bancos foram os que mais pressionaram a baixa na bolsa de valores paulistana. Após o encerramento do pregão, duas das principais agências de classificação de risco rebaixaram a nota de crédito soberana do Reino Unido.

Ibovespa Hoje

O Ibovespa fechou em baixa de 1,72% nesta segunda-feira, 27 de junho de 2016, cotado em 49.245,53 pontos. Ao longo do dia, o principal índice de ações do Brasil oscilou entre 48.954,41 pontos (valor mínimo) e 50.161,61 pontos (valor máximo). No pregão anterior, o principal índice de ações da Bolsa de Valores de São Paulo caiu 2,82%, encerrando o dia cotado a 50.105,26 pontos.

Ibovespa em Junho

Em junho, após dezenove pregões, o principal índice de ações brasileiro acumula uma valorização de 1,60%. Ao longo do mês, foram realizados doze pregões de alta e sete de baixa. No pregão do dia 31 de maio, o indicador encerrou o mês cotado em 48.471,71 pontos.

Ibovespa em 2016

Em 2016, após cento e vinte pregões, o Ibovespa acumula uma valorização de 13,60%. No último pregão de 2015, o principal índice acionário do país fechou cotado em 43.349,96 pontos. São cinquenta e nove pregões de alta, contra sessenta de baixa e um sem nenhuma variação no preço de fechamento ao longo do ano.

Cenário Internacional

No mercado externo, os investidores ainda repercutiram bastante a votação pela saída do Reino Unido da União Europeia (UE) e seus possíveis impactos na economia do mundo.

Eles temem que a decisão britânica afete o humor dos investidores estrangeiros e golpeie a recuperação econômica global, atingindo negócios de países emergentes como o Brasil.

Após o fechamento do pregão desta segunda-feira, a agência de classificação de risco Fitch rebaixou a nota de crédito (rating) do Reino Unido, de “AA+” para “AA” – a 3ª mais alta da escala –, diante das incertezas geradas pelo referendo que decidiu pela saída do bloco econômico da União Europeia. A perspectiva é negativa, o que significa que poderá ser novamente rebaixada nos próximos meses.

Em comunicado, a Fitch avaliou que a incerteza trazida pelo referendo britânico deverá provocar uma desaceleração abrupta da economia do Reino Unido, com adiamento de investimentos por parte das empresas e mudanças no ambiente regulatório, o que tende a afetar o cumprimento das metas fiscais.

Mais cedo, a Standard & Poor’s (S&P) cortou a nota do Reino Unido. Com isso, o rating soberano do Reino Unido perdeu a nota máxima “AAA” na escala da agência, e passou a ser avaliado como “AA”, também com perspectiva negativa.

Segundo a agência, a perspectiva negativa reflete o risco futuro das “perspectivas econômicas” britânicas, assim como “o papel da libra esterlina como moeda de reserva”.

De acordo com a S&P, a saída do Reino Unido do bloco econômico pode desencadear uma “crise constitucional” que levaria a um segundo referendo para decidir sobre a independência da Escócia da união de quatro países (que também inclui Inglaterra, Irlanda do Norte e País de Gales).

Por outro lado, alguns analistas ressaltam que os laços comerciais entre a América Latina e o Reino Unido são pequenos e que as turbulências podem servir de gatilho para novos estímulos em todo o mundo. Vários bancos centrais foram a público na sexta-feira para garantir que estão prontos para agir, inclusive o brasileiro.

No Brasil, por exemplo, o Banco Central disse que está monitorando os mercados financeiros e que, caso necessário, “adotará as medidas adequadas para manter o funcionamento normal dos mercados financeiro e cambial”.

Alguns analistas também acreditam que o Federal Reserve (Fed), banco central norte-americano, pode esperar mais para elevar os juros nos Estados Unidos.

Juros mais altos nos EUA poderiam atrair para lá recursos atualmente investidos em países onde as taxas de juros são maiores, como é o caso do Brasil.

Quatro das sete principais Bolsas de Valores da Ásia e do Pacífico fecharam o dia em alta.

– Austrália: +0,47%

– China: +1,44%

– Cingapura: -0,20%

– Coreia do Sul: +0,08%

– Hong Kong: -0,16%

– Japão: +2,39%

– Taiwan: -0,21%

Todas as seis principais Bolsas de Valores da Europa fecharam o dia em forte queda.

– Alemanha: -3,02%

– França: -2,97%

– Espanha: -1,83%

– Inglaterra: -2,55%

– Itália: -3,94%

– Portugal: -2,34%

Cenário Nacional

No Brasil, investidores estavam mais otimistas com o governo do presidente interino, Michel Temer, o que ajudou a minimizar a queda do Ibovespa nesta sessão.

O mercado também aguardava pistas sobre quando o Banco Central (BC) pretende começar a reduzir os juros básicos (Selic), hoje em 14,25% ao ano. Nesta terça-feira, a entidade deve divulgar seu Relatório Trimestral de Inflação.

No relatório, o novo presidente do BC, Ilan Goldfajn, pode dar mais indicações sobre qual será sua postura em relação à intervenção cambial.

Petrobras

As ações ordinárias da Petrobras (PETR3), que fornecem a seus detentores o direito a voto em assembléia da companhia, perderam 5,51%, fechando cotadas a R$ 10,80. Já as ações preferenciais (PETR4), com prioridade na distribuição de dividendos, caíram 5,08%, cotadas a R$ 8,78.

Vale

As ações preferenciais da Vale (VALE5) desvalorizaram-se 1,72%, cotadas a R$ 11,99. Já as ações ordinárias da companhia (VALE3) perderam 2,70%, encerrando o dia valendo R$ 14,80.

Composição o Ibovespa em 27 de Junho de 2016