As agências de crédito Moody’s e Standard & Poor’s (S&P) rebaixaram a nota de crédito da operadora de telefonia Oi após a empresa anunciar que pediu recuperação judicial. A S&P rebaixou a nota de CCC- para D na escala global e de brCCC- para D na escala nacional. Já a Moody’s rebaixou a Oi de Caa1/Caa1br para C/C.br. Para a Moody’s, o pedido de recuperação vai trazer severas perdas para os credores.
A agência acha também inevitável alguma interrupção dos negócios da companhia, com perda de clientes, problemas para negociar com fornecedores e rotatividade de funcionários. Todos esses fatores colocam pressão adicional na performance operacional da Oi.
Dívida de R$ 13 bi com bancos públicos
Segundo a Moody’s, dos R$ 65,4 bilhões m dívida, R$ 51 bilhões são em débitos financeiros, dos quais R$ 31,6 bilhões são bônus detidos pelos credores. O BNDES, a Caixa Econômica Federal e o Banco do Brasil são credores de aproximadamente R$ 13 bilhões. Os empréstimos do BNDES são garantidos com 60% dos recebíveis da companhia, que totalizavam R$ 8,6 bilhões no fim de março de 2016.
O pedido de recuperação judicial, afirma a Moody’s, é decorrência do persistente aumento do endividamento da Oi e do consumo de caixa da companhia, que reduziu sua flexibilidade financeira e resultou em uma estrutura de capital insustentável. Para a agência, não há nenhuma outra opção de eventos como uma fusão ou injeção de capital que poderiam levar a uma redução do endividamento ou uma nova emissão de dívida que resulte em um perfil de dívida mais confortável, ou uma flexibilidade financeira mais forte para evitar um default.
A Oi tinha R$ 8,5 bilhões em caixa no fim de março de 2016 e vencimentos de R$ 8,3 bilhões até o fim de 2016, R$ 8,8 bilhões em 2017 e R$ 6,8 bilhões em 2018. Para a a agência, o investimento da empresa é de R$ 5 bilhões por ano, e não é esperado que ela crie fluxos de caixa positivos até pelo menos 2018, o que vai reforçar sua dependência dos mercados de capitais, atualmente fechados, para estender os vencimentos de sua dívida.
A Moody’s alerta também que, pelo lado operacional, apesar do corte de custos e esforços de eficiência, os negócios da Oi enfrentarão piora das margens em razão da mudança desfavorável da combinação de produtos de TV paga e banda larga e pelo impacto da desaceleração econômica do Brasil.
Perda de 70% a 50%
A S&P manteve o rating de recuperação da empresa inalterado em 4, indicando a expectativa de uma recuperação média dos valores investidores em papéis sem garantia real de 30% a 50% em caso de inadimplência.
A agência acredita na continuidade das operações da empresa dada sua significativa posição no setor de telecomunicações brasileiro, com potencial para obter fluxo de caixa consistente se for capaz de reduzir sua alavancagem. A empresa deve ter uma queda na geração de caixa, calculada pelo Ebtida, de R$ 6,9 bilhões para R$ 6,5 bilhões pelos problemas causados pela recuperação judicial, que desviará parte da atenção de sua diretoria.