Os resultados do segundo trimestre de 2016 trouxeram boas novas à Eletrobras. A estatal apresentou maior margem de lucro das últimas três décadas. As informações fizeram com que a empresa entrasse no radar de interessados em investimentos.
O prejuízo líquido de R$ 1,3 bilhão registrado pela empresa em 2015 foi substituído por lucro líquido de mais de R$ 12 bilhões nos últimos três meses deste ano. O lucro operacional da companhia de eletricidade chegou a quase R$ 23 bilhões no período. O número é expressivo, já que em 2015 houve prejuízo de R$ 927 milhões.
Neste segundo trimestre do ano, o lucro bruto da Eletrobras foi nove vezes maior que o valor aferido em 2015. Os números saltaram de R$ 3 bilhões no ano passado para aproximadamente R$ 29,5 bilhões no ano vigente. Houve alta significativa também no que tange às despesas operacionais, já que no período em questão as despesas fecharam em torno de R$ 6,7 bilhões. O valor corresponde a um aumento de mais de 63% no comparativo com 2015.
A receita líquida da empresa também deu um salto. Houve aumento de quatro vezes no valor da receita na comparação ao ano passado. A receita líquida em 2016 equivaleu a aproximadamente R$ 33 bilhões. O custo de venda, entretanto, registrou recuo em torno de R$ 1,6 bilhões. Isso porque em 2015 o valor chegou a R$ 4,9 bilhões e este ano os números ficaram na casa dos R$ 3,3 bilhões.
Outro resultado que teve melhora foi em relação à despesa financeira líquida da Eletrobras. No segundo trimestre deste ano, os gastos dessa categoria totalizaram R$ 1,2 bilhão. Isso significa um aumento de quase cinco vezes no total registrado no mesmo período ano passado, que foi de apenas R$ 263,6 milhões.
Devido aos saldos positivos, os investidores da Bovespa aumentaram o interesse em relação aos ativos da estatal. Ontem, 17 de agosto, as ações ELET6 encerraram cotadas a R$ 25,46, configurando valorização de 1,43%. Desde o início do ano, os ganhos dos papéis chegam a mais de 140%. Contemplando a mínima de R$ 8,16 verificada no fim de janeiro, os ativos da Eletrobras totalizam valorização de 312%.
Resultados podem ser revisados
Afora o saldo positivo, a Eletrobras ressaltou em fato relevante que os relatórios divulgados estão passíveis de revisão. Nesse sentido, terça-feira 16 de agosto, houve baixa contábil nos valores do segundo trimestre de 2016 relacionados ao projeto da usina nuclear de Angra 3.
A companhia informou que foi feito um impairment de mais de R$ 2,4 bilhões referente à usina. No que tange à provisão de contrato oneroso, houve reconhecimento de superavit do ativo em R$ 1,677 bilhão. No ano passado, a empresa também realizou impairment relativo ao empreendimento, dessa vez no valor de R$ 4,973 bilhões.
Segundo documento publicado, o excedente apurado foi provocado por custos diretos de manutenção da obra durante pausa no processo de construção da usina, pela possibilidade de novas licitações de contratos e pelas taxas de câmbio. Também entraram na conta custos indiretos e de financiamento que permitem carência de juros até que Angra 3 entre em atividade.
Outro fator que pode influenciar as contas da estatal são as investigações da Polícia Federal, especialmente da operação Lava Jato. Segundo a companhia de energia, as investigações internas em relação às denúncias de corrupção em contratos da Eletrobras ainda não foram concluídas.
Por causa disso, ainda não é possível incorporar as eventuais consequências da apuração ao balanço do segundo trimestre de 2016. A companhia ainda ressaltou que caso o escritório Hogan Lovells, contratado para conduzir as investigações, encontre informações relevantes, a estatal irá avaliar os impactos em seu desempenho financeiro.
Presidente da estatal salienta foco em gestão
Dias depois de divulgar o desempenho da empresa no último trimestre, o recém-empossado Wilson Ferreira Júnior realizou teleconferência com investidores e analistas do mercado. Há menos de um mês no cargo, o executivo reconheceu o atual panorama da companhia e destacou que a estatal está honrando suas dívidas sem precisar fazer captação no mercado. A dívida atual da empresa está avaliada em aproximadamente R$ 45 bilhões.
Para o presidente da Eletrobras, o principal objetivo é priorizar a eficiência e realizar melhorias na governança corporativa. Ele ainda ressaltou que as atividades operacionais de geração e transmissão de energia serão prioridade neste momento.