Os investidores estrangeiros retiraram R$ 673 milhões do mercado acionário brasileiro neste mês, até dia 11, segundo dados da BM&FBovespa. O resgate é o primeiro depois de dois meses que fortes entradas, incluindo R$ 4,6 bilhões em julho. Mesmo com as saídas, no ano, o saldo de estrangeiros na Bovespa está positivo em R$ 16,582 bilhões, acima do saldo de R$ 16,387 bilhões de todo o ano passado.

Parte dos estrangeiros está aproveitando para colocar no bolso os ganhos com ações brasileiras, que dispararam após o afastamento da presidente Dilma Rousseff. O movimento é reforçado pela melhora dos mercados de ações internacionais, que se beneficiam de juros negativos na Europa e no Japão e da expectativa de estabilidade nas taxas nos EUA pelo resto deste ano. Essa avalanche de dinheiro barato favorece as aplicações de risco e fez as bolsas nos EUA voltarem para níveis recordes neste ano, além de valorizar as moedas de países emergentes.

Alta de 66% em dólar no ano

Neste ano, até sexta-feira, o Índice Bovespa acumulava alta de 34,5%, mas considerando a variação do dólar, que caiu ao longo de 2016, a alta do índice é de 66,2%. Esse é o ganho do estrangeiro que trouxe seus dólares para cá e os converteu em reais para comprar ações, e que agora compra a moeda mais barata para mandar os lucros para o exterior.

Estrangeiro sai, pessoa física entra

A saída dos estrangeiros é acompanhada pelo maior interesse dos investidores individuais pela bolsa. A fatia de pessoas físicas no volume negociado da Bovespa está em 20,6% neste mês, acima dos 19,6% de julho e bem acima dos 16,6% da média deste ano. No ano passado, a média da participação das pessoas físicas foi de 13,7%, diante do desalento com a queda forte das ações. Já os estrangeiros diminuíram sua participação para 51,6% em agosto, ante uma média no ano de 53,3% e de 52,8% no ano passado. Os investidores institucionais, por sua vez, estão mais retraídos, com 21,6% do volume negociado neste mês, ante 24,9% no ano.

O crescimento do interesse das pessoas físicas por ações confirma o comportamento dos investidores brasileiros, de entrar no mercado após a divulgação de ganhos, o que aumenta o risco de perdas.