A informação da Bloomberg de que o Banco do Brasil (BOV:BBAS3) estaria interessado na venda de sua participação no banco argentino Patagônia foi vista como “marginalmente” positiva pelo Deutsch Bank, que indicou a “compra” dos papéis do BB, com preço-alvo de R$ 26.
Em relatório enviado aos clientes, a instituição alemã calculou que a fatia do banco brasileiro no Patagônia, de 59%, deve chegar a R$ 4,4 bilhões. Se vender a totalidade dessa participação, o ganho estimado do BB seria de R$ 3,1 bilhões, já que esse investimento estava avaliado no balanço do BB por R$ 1,3 bilhão.
Na avaliação do Deutsche, a quantia representaria 31% das projeções de lucro do BB em 2016, antes de impostos. Para o analista Tito Labarta, o negócio poderia ajudar o banco brasileiro a compensar as perdas potenciais com empréstimos, dada a deterioração atual dos ativos no país.
Nesse segundo trimestre, o Deutsche já espera resultados fracos do Banco do Brasil, com sua rentabilidade sobre o patrimônio (ROE, na sigla em inglês) caindo para 10%, seu nível mais baixo em mais de 15 anos. Os recursos da venda do Patagônia não devem ajudar muito a melhorar a baixa capitalização do banco estatal, avalia o Deutsche. Depois de impostos (45%) e dividendos (25%), o dinheiro que entraria no caixa do BB elevaria o capital ponderado pelas regras da Basileia em apenas 0,1 ponto percentual, de 8,2% hoje para 8,3%.
“Mesmo que a venda do Patagônia não resolva o problema de capital do BB, ela destaca a flexibilidade do banco para vender ativos não essenciais”, diz trecho do texto.
Apesar do cenário negativo para os lucros no curto prazo, o Deutsche recomenda a compra das ações do BB, afirmando que o crescimento controlado e o aumento da rentabilidade devem fazer uma grande diferença no banco estatal, que deve se beneficiar também da melhora do cenário macroeconômico brasileiro. A ação do banco também estaria descontada no mercado, negociada por 0,6% de seu valor patrimonial, o que permitiria bom potencial de alta.