O BNDES vai reduzir a participação direta em financiamentos subsidiados de projetos, ajustando seu papel no mercado e abrindo mais espaço para o setor privado nos financiamentos, segundo Selmo Aronovich, superintendente da área financeira do banco. Em compensação a instituição vai aumentar a oferta de mecanismos para reduzir os riscos dos investidores privados em debêntures, especialmente as de infraestrutura, como forma de atrair mais investidores para esses papéis e para os projetos.
A notícia é boa para o investidor pois deve ampliar a oferta de debêntures de infraestrutura, cujo rendimento é isento para pessoas físicas e se torna uma opção na renda fixa com maior proteção contra o risco de crédito.
“Vamos reduzir o teto de participação com taxas subsidiadas TJLP em toda operação de financiamento direto ou indireto, abrindo espaço para o setor privado”, afirmou, durante a Conferencia Anbima Cetip de Renda Fixa. A Taxa de Juros de Longo Prazo é uma taxa subsidiada usada pelo BNDES para reduzir os custos em algumas de suas linhas. O banco também vai deixar de fazer emprestimos-ponte, um crédito que a instituição antecipava antes de o projeto ser viabilizado. “Vamos abandonar esse tipo de crédito pois tivemos alguns casos que os projetos não foram viabilizados”, explicou.
Garantia de juros e principal
Em compensação, o banco vai atuar em duas linhas para estimular o financiamento via debêntures, protegendo o investidor nos papéis . A primeira será ampliar a atual linha de suporte de liquidez, que garante os juros dos papéis por até dois anos hoje, caso a empresa não consiga pagar. A proposta é que essa linha passe a cobrir também o valor principal e os gastos com hedge (proteção cambial) no caso de investidores estrangeiros, até o limite de 20% do projeto. “Em lugar de um prazo fixo de 2 anos e só juros, vamos ampliar a linha de suporte até 20% do principal”, explica.
Debêntures subordinadas
Outra forma de reduzir o risco dos investidores será aumentar as debêntures subordinadas, papéis que, em caso de inadimplência da empresa, ficam para depois na lista de credores. ”O BNDES se disporá a subscrever uma parcela de debêntures subordinadas”, afirma. O sistema é o mesmo usado em fundos de direitos creditórios (Fidc), em que há cotas subordinadas que absorvem a inadimplência sozinhas e protegem os demais investidores. A ideia do BNDES é que, mesmo que participando com uma parcela menor dos empréstimos, sua presença demostrará confiança no projeto e servirá para atrair os investidores privados.
Segundo Aronovich, o BNDES não vai mais bancar grandes operações no passado, limitando sua participação a 20% dos projetos. Mas vai buscar incentivar o mercado secundário de debêntures, como forma de tornar os papéis mais líquidos e mais atrativos para os investidores. Além de promover a venda das grandes ofertas no mercado diretamente, o BNDES poderia criar um fundo para debêntures de infraestrutura de emissões menores, que não atingissem massa crítica para atrair investidores.