A Oi, uma das maiores empresas de telefonia do país, em recuperação judicial, apresentou ontem sua proposta de renegociação da dívida de R$ 65 bilhões com os credores. Pela proposta, preparada pela Ernst Young, os credores de títulos com garantia real, caso do BNDES, receberão o principal da dívida em 10 parcelas a partir do 11º ano após a celebração do acordo, com pagamentos de 20% ao ano, em parcelas semestrais de 10%. Os juros e a correção monetária serão capitalizados ao principal da dívida nos primeiros sete anos e depois serão pagos integralmente.
Para outras dívidas, a Oi, se compromete a pagar valores até R$ 1 mil de uma só vez 20 dias uteis após a homologação do plano. Acima disso, o credor poderá trocar a dívida por ações da empresa ou então receber o principal em 14 parcelas semestrais também a partir do 11º ano após o acordo.
Outra proposta para credores sem garantia real será a troca da dívida por papéis conversíveis em ações da empresa, até o valor de R$ 32 bilhões, ou quase metade da dívida. A conversão em ações, porém, só ocorrerá daqui três anos e, nesse período, a empresa poderá comprar esses papéis com desconto, por R$ 10 bilhões, o que representará um deságio de 70% sobre a dívida original. Se a conversão das ações ocorrer, os credores poderão ficar com até 85% do capital da empresa.
A empresa propôs também deságio para o pagamento dos débitos de 15% a 30% para valores até R$ 150 mil e de 50% para quantias superiores.
A dívida da empresa com a agência reguladora do setor, a Anatel, estimada em R$ 11 bilhões, também deverá ser paga daqui dez anos.
A empresa se comprometeu a pagar os fornecedores que continuarem trabalhando com a empresa as dívidas até R$ 150 mil em 20 dias úteis. Dívidas superiores serão pagas em duas parcelas, em um e dois anos após o acordo.
Com tudo isso, a Oi projeta obter um fluxo de caixa positivo após 2019, estabilizando-se a partir do décimo ano após a renegociação.
A proposta foi bem recebida por alguns analistas. Para a Guide Investimentos, o plano de recuperação traz um leque de opções para o credores sem garantia real, o que eleva a probabilidade de aprovação pela maioria. Após a apresentação do plano, as ações da Pharol, antiga Portugal Telecom, subiram mais de 9% hoje, depois de subirem 17% ontem, segundo a Guide. Caso o plano seja aprovado em assembleia, ainda sem data, a Oi deixaria para trás a fase mais difícil de negociação com credores e poderia voltar a mirar a recuperação da empresa, que inclui a venda de ativos, entre eles a telefonia móvel. Após a reestruturação, a companhia pretende se concentrar na divisão de telefonia fixa, especialmente banda larga, afirma a Guide.