ADVFN Logo ADVFN

Não encontramos resultados para:
Verifique se escreveu corretamente ou tente ampliar sua busca.

Tendências Agora

Rankings

Parece que você não está logado.
Clique no botão abaixo para fazer login e ver seu histórico recente.

Hot Features

Registration Strip Icon for smarter Negocie de forma mais inteligente, não mais difícil: Libere seu potencial com nosso conjunto de ferramentas e discussões ao vivo.

Selic: Comunicado do Copom após última reunião dá esperança de que juros podem finalmente voltar a cair

LinkedIn

O Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central (BC) decidiu manter a taxa básica de juros da economia brasileira em 14,25% ao ano pela nona reunião consecutiva. O comunicado divulgado logo após a reunião, encerrada nesta quarta-feira (31 de agosto de 2016), foi claro: ainda não há espaço para redução da taxa Selic. A economia não permite, mesmo com queda ainda forte da atividade e com desemprego em alta. Por outro lado, daqui a quarenta dias, data da próxima reunião do Copom (a penúltima agendada para este ano), Ilan Goldfajn e os diretores do comitê talvez já encontrem a chance que tanto esperam para fazer a primeira redução da taxa básica da economia em quase quatro anos. A última vez que o BC baixou os juros foi na reunião de outubro de 2012, de 7,50% para 7,25% ao ano. Logo depois, o BC retomou a alta da taxa em março de 2013 e foi assim até julho do ano passado, com algumas interrupções – como nos meses que antecederam a eleição de 2014.

A charada sobre se eles podem ou não começar a reduzir os juros estacionados há mais de um ano em 14,25% já no Copom do final de outubro, data da próxima reunião, pode ser decifrado não pelo o que está escrito no comunicado que anuncia e justifica a decisão. E sim, no que não está mais escrito lá. Ao fazermos a comparação entre o que disseram depois do encontro de agosto e o de agora, percebemos que eles retiraram a frase “Tomados em conjunto, o cenário básico e o atual balanço de riscos indicam não haver espaço para flexibilização da política monetária”. De olho na comunicação do BC – que é uma ferramenta poderosa no controle da inflação, os analistas do mercado já refizeram suas expectativas. Não custa lembrar que o último Boletim Focus, relatório de mercado também elaborado pelo BC e que reúne as projeções econômicas para o fim do ano dos analistas financeiros das cem principais instituições financeiras do país, indica que a taxa Selic encerrará 2016 em 13,75% ao ano.

A esperança não inibe, infelizmente, os riscos que ainda ameaçam a queda da inflação no curto prazo. O BC elenca: “Por um lado, (i) a inflação acima do esperado no curto prazo, em boa medida decorrente de preços de alimentos, pode se mostrar persistente; (ii) incertezas quanto à aprovação e implementação dos ajustes necessários na economia permanecem; e (iii) um período prolongado com inflação alta e com expectativas acima da meta pode reforçar mecanismos inerciais e retardar o processo de desinflação”, diz o comunicado.

Sobre este último risco apontado pelo Copom, está aí um retrato nítido do que a leniência com a inflação pode provocar na economia, além do aumento de preços. Esta resistência da carestia em baixar, apontada por Ilan Goldfajn, é um reflexo do movimento da sociedade para proteger a renda, conhecido como indexação. Se a sociedade desacredita na estabilidade da moeda no curto prazo, os salários, produtos e serviços passam a ser reajustados com a inflação corrente mais elevada. Estes são os “mecanismos inerciais” apontados na explicação do BC e que são muito chatos de superar. Durante seis anos assistimos à alta da inflação – por vários motivos, entre eles a tentativa de controlar preços de mercado,  sem que o BC tivesse sido competente o suficiente para impedir que o país voltasse a se envolver numa ciranda inflacionária perigosa. Para acreditar que agora vai ser diferente, demora.

Ilan Goldfajn está usando a comunicação do BC para alcançar também esta meta e não apenas os 4,5% da inflação. A forma de explicar e justificar as decisões do Copom já mudou e já provocou efeitos desejados: as expectativas para inflação futura melhoraram desde a última reunião. O maior problema do BC, entretanto, não está entre a relação dele e os agentes de mercado. Está na Esplanada dos Ministérios e no Congresso Nacional. Sem o ajuste fiscal, no mínimo, sem a aprovação do limite de gastos públicos, vai ficar muito difícil baixar a inflação. Esta ressalva também está na justificativa do Copom de agora. Para que realmente seja possível começar a mexer nos juros, os diretores do BC esperam que “ocorra redução da incerteza sobre a aprovação e implementação dos ajustes necessários na economia, incluindo a composição das medidas de ajuste fiscal, e seus respectivos impactos sobre a inflação”.

Deixe um comentário