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Esporte não é incompatível com ensino, diz organizador dos Jogos Universitários

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Os Jogos Universitários Brasileiros (JUBs) 2016 reuniram em Cuiabá milhares de atletas de alto rendimento com trabalhos para entregar, estágios para cumprir e sonhos profissionais que muitas vezes não estão apenas nas quadras, tatames e piscinas. Para o presidente da Confederação Brasileira de Desporto Universitário (CBDU) Luciano Cabral, a principal mensagem da competição é desconstruir a ideia de que esporte e educação não podem ser compatíveis.

“É preciso dar visibilidade a esse equívoco cultural que a gente tem no Brasil, essa distorção de que estudo e esporte não são compatíveis, e de que quanto maior o nível de sua performance esportiva, mais distante você fica da escola e da universidade”, disse Cabral. “O atleta universitário absorve a cultura esportiva, absorve conhecimento e depois se torna um cidadão forjado com esses valores”, acrescentou.

Com a participação de 26 estados e do Distrito Federal, o evento ocorreu entre 3 e 12 de novembro, e foi a primeira grande competição da CBDU depois do ciclo de eventos internacionais que terminou na Paralimpíada do Rio de Janeiro.

Segundo Cabral, a partir de agora, há uma tendência de redução de recursos privados no patrocínio esportivo, o que ocorreu em outros países que sediaram olimpíadas. Nesse cenário, o esporte universitário só poderá crescer se for entendido como um produto diferente pelas empresas, na avaliação do presidente da confederação. “Temos esporte com excelência, com qualidade e com os principais atletas do Brasil, mas com um diferencial: com pessoas que serão formadoras de opinião.”

Entre as estratégias para chamar a atenção dos patrocinadores para o esporte universitário estão parcerias internacionais, como a assinada em um protocolo de intenções com a Federação Africana de Esporte Universitário (Fasu).

No longo prazo, a intenção é que times campeões brasileiros no desporto universitário enfrentem equipes de outros países em amistosos. “Queremos, por exemplo, chamar uma seleção campeã de basquete do JUBs e fazer um desafio internacional com uma faculdade que joga a liga americana universitária, buscar transmissão e dar visibilidade”, explicou.

Medalhas

O JUBs 2016 terminou com grande concentração das medalhas distribuídas na primeira divisão dos esportes coletivos. A Universidade Paulista (UNIP), esteve em sete dos oito pódios masculinos e femininos de handebol, futsal, basquete e vôlei e suas equipes masculinas levaram os quatro ouros. A pernambucana Universidade Maurício de Nassau e a catarinense Unochapecó conquistaram três medalhas cada uma.

Principalmente com os resultados da natação, a UNIP já havia se destacado nos esportes individuais, se aproximando de 70 medalhas. A Uninassau chegou e pelo menos 20 pódios na primeira fase, e foi a segunda mais bem posicionada no JUBs.

Para o presidente da CBDU, o desempenho muito acima da média de instituições como a UNIP e a Uninassau tem reflexos positivos e negativos.

“É bom porque mostra que tem universidades que já perceberam o valor do esporte universitário e se apropriaram do calendário da CBDU”, avaliou. No entanto, segundo Cabral, “quando você tem uma universidade muito forte em um estado, você intimida as outras a participar.” O objetivo, segundo ele, não é formar times de elite em todas as instituições, mas garantir a oferta de esporte para o maior número de estudantes.

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