Otimismo já está nos preços e frustração pode derrubar mercados, alerta diretor da MIRAE

O mês de novembro traz uma agenda cheia, e pode trazer fortes emoções para os investidores, afirma Pablo Stipanicic Spyers, diretor de operações da Corretora MIRAE no Brasil. Todos os eventos do mês estão avaliados de forma positiva nos mercados e qualquer surpresa negativa afetará os ativos de maneira intensa. “Com tudo precificado, se as expectativas não andarem em condições normais de temperatura e pressão, podemos ver muita coisa em ebulição”, alerta.

Nesta semana, o Comitê de Mercado Aberto (Fomc) do Federal Reserve (Fed, banco central americano) confirmou a expectativa e manteve os juros básicos em 0,50% ao ano na maior economia do mundo. Já para a reunião de dezembro, há 74% de probabilidade de alta no juro americano.

Nesta semana também a Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) começou o debate sobre a emenda constitucional (PEC) do teto dos gastos públicos. A expectativa da votação em primeiro turno no Senado está para dia 20 de novembro.

Para Spyer, é consenso no mercado que a emenda será aprovada. E isso também está precificado. Portanto, qualquer mudança de rumo seria muito “estressante” para os mercado, podendo levar tanto os juros futuros dos contratos de DI  como o cambio para novos patamares, mais altos, já que  a aprovação da PEC 241 (teto dos gastos) é fundamental para a boa saúde da economia brasileira, explica o executivo.

No âmbito internacional, a eleição da semana que vem nos EUA é ansiosamente esperada e a candidata democrata Hillary Clinton, que agrada ao mercado, segue favorita mesmo depois do anúncio que o FBI vai investigar seus e-mails. É consenso entre os analistas que a alta de juro pelo Fed virá após as eleições, em 14 de dezembro.

De qualquer maneira, caso Hillary não se confirme como vencedora, “poderemos ver movimentos bruscos nas bolsas americanas, que refletiriam no mundo todo”, alerta Spyer. Segundo ele, o candidato republicano Donald Trump traria muita volatilidade aos mercados. “Ele não tem uma boa impressão da atual presidente do Fed, Janet Yellen, e deve entrar em atrito frontal com ela caso ganhe”, afirma.

Por último, mas não menos importante, qualquer vazamento das delações dos executivos da Odebrecht pode mexer no mercado negativamente, fazendo o dólar e os juros subirem e a bolsa cair. Porém, com menos intensidade, já que o novo governo se legitimou com bastante força depois do segundo turno das eleições municipais, tornando muito difícil qualquer movimento maior da oposição.

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