ADVFN Logo ADVFN

Não encontramos resultados para:
Verifique se escreveu corretamente ou tente ampliar sua busca.

Tendências Agora

Rankings

Parece que você não está logado.
Clique no botão abaixo para fazer login e ver seu histórico recente.

Recursos principais

Registration Strip Icon for smarter Negocie de forma mais inteligente, não mais difícil: Libere seu potencial com nosso conjunto de ferramentas e discussões ao vivo.

Pastore vê recuperação mais lenta para Brasil com Trump e desemprego de 13% em 2017

LinkedIn

O processo de ajuste da economia brasileira vai ser lento e doloroso, com o desemprego continuando a crescer nos próximos meses e atingindo 13% da população em meados do ano que vem, afirma o ex-presidente do Banco Central Affonso Celso Pastore. E a perspectiva piorou com a eleição do republicano Donald Trump nos Estados Unidos. “O choque nos mercados provocado por Trump e a alta dos juros americanos piorou a situação do Brasil, ficou mais difícil sair mais depressa e com menos custo do ajuste”, afirma.

Segundo Pastore, as políticas de Trump para acelerar a economia americana, de reduzir impostos dos mais ricos e das empresas, têm eficácia rápida, pois aumentam a taxa de investimentos na economia. Ao mesmo tempo, o investimento em infraestrutura também prometido pelo republicano representa dinheiro direto do Tesouro dos EUA, não é parceria público-privada como no Brasil, ou seja, gasto público.

E essas medidas vão pegar a economia americana com o desemprego em baixa e salários subindo, o que inevitavelmente pressionará o consumo e a inflação e obrigará o Federal Reserve (Fed, banco central americano) a subir os juros “Só a situação atual, de pleno emprego e ganhos salariais, já faria o Fed subir os juros, e com esses incentivos todos, o mercado vê que o juro vai ter de subir muito mais”, afirma Pastore.

EUA disputarão recursos com emergentes

Com juros mais altos nos EUA, o país passa a atrair parte dos recursos que viriam para países emergentes, como o Brasil, provocando a alta do dólar diante da moeda desses países, especialmente naqueles em que há problemas políticos e fiscais, como o Brasil e a África do Sul. “A conclusão é que havia um cenário otimista antes do Trump, de o governo brasileiro aprovando as reformas, a PEC 241 do teto dos gastos e a reforma da Previdência, o que traz um ganho de confiança adicional”, afirma. Além disso, a capacidade ociosa da indústria e o desemprego permitem uma retomada sem pressão inflacionária, ajudada pela redução dos juros pelo Banco Central . “O choque de Trump tornou isso mais difícil”, diz.

Ajuste será lento

Mesmo com esse cenário dito otimista, Pastore observa que o ajuste da economia brasileira vai demorar. Ele lembra que o Brasil criou um desajuste fiscal enorme, com despesas obrigatórias ou não incompatíveis com a receita. “Sustentamos essas despesas com aumento de impostos ou pelo ganho de produtividade com o crescimento mundial e a formalização da mão de obra”, explica. Assim foi possível sustentar uma dívida pública equivalente a 60% do Produto Interno Bruto (PIB, soma de todas as riquezas do país), “o que já era um percentual alto”, destaca Pastore.

Déficit até 2021 e dívida de 92% do PIB

Quando a criação de receitas para sustentar essa despesa se esgotou, veio a crise fiscal e de confiança que levou à recessão e à necessidade de medidas muito duras, como o teto de gastos. “Mas, mesmo com os gastos congelados, teríamos que subir as receitas sem aumentar impostos para não comprometer o crescimento, e o que nos resta então é fazer o ajuste pelo crescimento da economia, que não vai ser tão grande assim”, diz.

Pastore estima que, com um crescimento de 2,5% ao ano, o país teria déficits primários até 2021, com a dívida pública chegando a 92% do PIB.

O lado positivo é que, com o teto de gastos, a disputa política no Congresso por fatias do orçamento deve se tornar um pouco mais racional. “E vamos ter de discutir os gastos, a generosidade do nosso sistema de Previdência social, mas vai ser um caminho duro porque a recuperação do crescimento econômico vai ser muito difícil”, alerta.

PIB deve cair 0,8% no terceiro trimestre

O crescimento da economia também segue mais lento que o esperado, diz Pastore, estimando que o PIB do terceiro trimestre caiu 0,8%, o que já transmitirá para o quarto trimestre um impacto negativo de -0,2%. “Estamos em uma das mais profundas recessões da história brasileira”, diz.

Ele calcula que do pico do PIB brasileiro até o fundo do vale da recessão, a economia caiu 9%, superando os 6% da crise mundial de 2008. Além disso, a recuperação de 2008 ocorreu poucos meses depois, o que não acontecerá desta vez. “Estamos há 11 trimestres com queda do PIB e não há ainda sinais de recuperação, apesar de a queda estar sendo menor”, explica.

Consumo das famílias vai demorar a crescer

Sobre o que pode ajudar o país voltar a crescer, Pastore afirma que não será o consumo das famílias. “Olhando o comportamento dos dados de consumo ampliado, vemos o consumo das famílias”, explica. “E o consumo começou a cair antes do PIB, no terceiro trimestre de 2013, quando o mercado de trabalho começou a enfraquecer”, diz. As maiores quedas são das vendas de veículos e materiais de construção.

Brasileiro é menos endividado, mas paga mais

Foi justamente nesse ponto que o governo errou, ao tentar compensar a queda do consumo com aumento da oferta de crédito. Com isso, aumentou o endividamento das famílias brasileiras. Pastore compara o Brasil com os EUA e observa que a relação dívida e renda das famílias americanas é alta, 100% dos ganhos de um ano. “Antes da crise de 2008, essa relação era de 130%”, destaca.

Já no Brasil, essa relação é de 43% da renda anual. “Parece pouco, mas a diferença é o prazo muito menores e os juros muito maiores no Brasil”, afirma Pastore. “Lá as dívidas são de 30 anos, em geral financiamentos imobiliários, e os juros muito pequenos, enquanto aqui a maioria das dívidas é cheque especial, cartão de crédito ou consignado, de curtíssimo prazo e juros altíssimos”, afirma.

O resultado é que o comprometimento de renda do brasileiro com dívidas é muito mais alto, em média 21%, enquanto nos Estados Unidos, está em 8,3%. “Isso faz com que os bancos brasileiros coloquem o pé no freio do crédito pois a renda já está comprometida e o risco de inadimplência cresce”, diz. “Assim, um dia o consumo volta a crescer, mas isso vai demorar e não vai ajudar no crescimento.”

Demissões, 130 mil por mês

Outro elemento que impede a retomada do consumo é o desemprego. O país demitiu em média 200 mil trabalhadores por mês em 2015 e agora está demitindo 130 mil por mês. Por isso, a taxa de desemprego deve bater nos 13% no meio de 2017, ainda segurando o consumo.

Investimentos baixos e menor potencial de crescimento

Uma forma de estimular o crescimento da economia seria a taxa de investimento, ou a formação bruta de capital fixo. O problema é que essa taxa despencou nos últimos anos. “Hoje essa taxa está em 17% a 18% do PIB, o que é suficiente para pagar a depreciação dos investimentos, ou seja, o estoque de investimento fixo é constante, mas não cresce”, diz. Com isso, a capacidade da economia brasileira produzir bens e serviços cai pela falta de investimentos e, com ela, o potencial de crescimento do Brasil.

Balança comercial positiva é mau sinal

Sobre o uso das exportações para sair da crise, Pastore afirma que a balança comercial brasileira só está registrando superávits porque as importações caíram muito mais que as exportações. “Mas a importação cai porque as empresas estão investindo menos, ou seja, o saldo comercial é um sintoma de doença, não de cura”, alerta.

O crescimento da economia mundial também limita o aumento das exportações brasileiras, afirma Pastore. Segundo ele, de 2002 a 2007, a economia mundial cresceu em média 5% ao ano e o comércio mundial, de 10% a 20%. Já hoje temos a economia mundial crescendo 2,5% e o comércio mundial caindo. “Teríamos de promover uma desvalorização cambial de 190% para a exportação crescer”, diz Pastore.

Saída é baixar os juros

Mesmo assim, Pastore diz que há um cenário otimista das reformas serem aprovadas e o BC reduzir os juros. “Aí a confiança volta e o dólar cai e a Fiesp reclama”, ironiza. Nesse caso, a melhor saída não é intervir no dólar, mas baixar mais os juros, o que reduz a entrada de recursos no país, reduz o custo de capital das empresas e atrai mais investimentos em capital fixo, o que pode elevar o crescimento. “Se o Brasil crescer mais, 3,5% ao ano, por exemplo, aceleramos o ajuste das contas públicas e o pico da dívida pode ser 80% do PIB”, afirma.

O post Pastore vê recuperação mais lenta para Brasil com Trump e desemprego de 13% em 2017 apareceu primeiro em Arena do Pavini.

Deixe um comentário

Seu Histórico Recente

Delayed Upgrade Clock