O impacto da alta dos juros americanos e do dólar diante das moedas emergentes após a eleição do republicano Donald Trump como presidente dos Estados Unidos se agravou hoje. O banco central da Turquia elevou os juros inesperadamente pela primeira vez desde 2014, para impedir a queda da lira. A taxa de juros do BC turco de uma semana subiu de 7,5% para 8% ao ano e a de um dia, de 8,25% para 8,50% ao ano. A lira caiu 10% desde a última reunião do BC turco em outubro, movimento que se acentuou após a eleição de Trump.
Na Índia, a rúpia atingiu um recorde de baixa diante do dólar pela saída de investidores por conta do receio de alta dos juros americanos e de políticas protecionistas que reduzam as exportações indianas para os EUA e a volta de empresas americanas instaladas no país, que se tornou um grande call center das companhias dos Estados Unidos por seu baixo custo de mão de obra e facilidade com o inglês. O dólar saiu de 66 rúpias no começo de novembro para 68,865 rúpias por dólar.
Já na Venezuela, o bolívar, também chamado pelo governo local de “forte bolívar”, já registrou queda de 45% neste mês diante do dólar. Além de Trump, a moeda venezuelana vive o impacto das crises políticas e econômicas e institucionais do governo de Nicolás Madura. Hoje, a oposição anunciou que vai se retirar do acordo político costurado pelo Vaticano com o governo, o que deve jogar o país novamente na crise dos protestos e manifestações.
O Brasil não está muito melhor na foto. Em um mês, a moeda americana subiu 7,1%, apesar de ainda acumular queda de 9,4% em um ano. Em relação a uma cesta de moedas semelhantes, segundo o Banco Fator, o dólar sobe 4,4% em um mês e 3,5% em um ano. A diferença do Brasil com outros países emergentes é que os juros aqui já estão altos por outros motivos, ou seja, pela inflação, o que reduz a necessidade de reação da política monetária para manter o real relativamente ajustado.
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