O IBGE divulgou os dados do PIB brasileiro por estado até 2014.
E como somos curiosos, fomos fuçar um pouco para ver se podemos ter o que os economistas chamam de convergência: a ideia de que países/regiões mais pobres tendem a crescer mais rapidamente que países/regiões mais ricas, pois podem simplesmente replicar o que os mais ricos fazem ao invés de desenvolver novas técnicas, novos produtos etc.
A teoria esbarra em fatores como instituições que deixam muito difícil a comparação entre países/regiões. Dai a teoria evoluiu para a convergência condicional: dadas as mesmas condições “institucionais”, países/regiões mais pobres tendem a crescer mais rapidamente. Se o Brasil é um país homogêneo, cujo sistema de leis funciona igualmente do Oiapoque ao Chuí, devemos observar crescimento mais vertiginoso dos estados mais pobres em relação aos mais ricos.
Sabemos que o Brasil não é homogêneo institucionalmente, apesar, por exemplo, das leis federais e temos problemas com os dados deflacionados (utilizamos um deflator do PIB do país, não um deflator estadual), mas vamos aos resultados:
Fonte: IBGE. Elaboração própria.
Para o PIB Real, o pódio é ocupado por estados da parte de baixo da tabela dentre os 27 estados brasileiros em termos do tamanho de suas economias, conforme mostra os balões laranja. As últimas 3 colocações são ocupadas por 2 estados mais ricos, São Paulo e Rio Grande do Sul e um estado da parte de baixo da tabela: Alagoas, terra de Fernando Collor e Renan Calheiros.
Mas e se levarmos em conta a população, verificando o crescimento médio anual do PIB per capita. Vamos a ele:
Novamente temos, para os estados que mais cresceram, um pequeno indício de que os dados confirmam a teoria, já que 2 dos top 3 tinham renda per capita em 2002 nas últimas posições. Estados mais pobres em termos per capita foram os que mais cresceram na média entre 2002 e 2014. Mas na ponta contrária não foram necessariamente, os estados mais ricos que cresceram menos.
Talvez crescer rápido quando se está lá em baixo seja uma tarefa não tão árdua quanto gerar inovação quando se está no topo. Mas o risco de se ter um arcabouço institucional que não só impeça crescimento mais rápido, como também possa fazer a renda regredir em termos reais, parece bem relevante.
Ponto para a convergência condicional, talvez!
Escrito por Leonardo Palhuca, editor do Terraço Econômico.