A pesquisa Ibope, encomendada pela CNI (Confederação Nacional da Indústria), divulgada nesta sexta-feira, mostrou que 46% dos entrevistados consideram o governo Temer como ruim ou péssimo. O percentual de reprovação é significativamente superior ao resultado apurado na última pesquisa, realizada no mês de setembro, onde 39% dos entrevistados consideravam o governo Temer como ruim ou péssimo.
O percentual de pessoas que desaprovam a maneira de governar do presidente Michel Temer também aumentou, de 55% em setembro para 64% na pesquisa feita entre os dias 1 e 4 de dezembro.
A pesquisa apurou que apenas 21% dos entrevistados consideram o governo Temer melhor do que o governo Dilma, 42% acreditam que ambos são iguais e 34% disseram que o governo Temer é pior do que o governo Dilma.
Temer respondeu ao resultado da pesquisa dizendo que não busca aplausos nem aprovação a qualquer preço, afirmando não haver espaço na economia para feitiçarias, como imprimir dinheiro, maquiar as contas públicas e controlar preços, numa referência às medidas desastrosas tomadas pelo governo anterior, responsáveis por destruírem os fundamentos macroeconômicos do País.
A postura de não buscar a rota mais popular no curto prazo é louvável, mas Temer precisará atuar para reverter a forte trajetória negativa de reprovação, caso contrário, no atual ritmo de desgaste, dificilmente conseguirá aprovar a reforma da previdência no fim do primeiro semestre do ano que vem.
Apesar de Temer possuir uma base forte no Congresso, os parlamentares são bastante sensíveis às pesquisas. Temer não busca a reeleição, mas grande parte de deputados e senadores querem assegurar seus assentos nas próximas eleições. Existe um limite de timing eleitoral e de nível de descontentamento popular aceitável para que os parlamentares possam tomar o risco de votarem a favor das medidas impopulares.
O governo, portanto, precisa correr contra o tempo e contra o rápido aumento da impopularidade o quanto antes. O pacote de ações para reanimar a economia, anunciado ontem, colabora para frear a trajetória negativa de percepção do governo Temer.
Boa parte das medidas anunciadas na quinta-feira serão implementadas somente ao longo de 2017, sendo que algumas delas precisam ser aprovadas pelo Congresso. É uma série de ações consideradas pequenas, mas que juntas, fomentarão a melhora do ambiente de negócios. Com elas, o governo pretende, principalmente, desburocratizar o País e reduzir o custo do crédito.
O mercado local reagiu com cautela às medidas de estímulo, até porque a recente pressão vendedora concentrada em bolsas de valores de países emergentes segue impedindo uma recuperação do Ibovespa (BOV:IBOV).
No quadro externo, destaque para nova elevação da taxa básica de juros no México. Os membros do Comitê de Política Monetária do Banxico (autoridade monetária mexicana), decidiram subir a taxa básica de juros em 0,50 p.p., para 5,75% ao ano, numa tentativa de combater os efeitos inflacionários criados pelo deslocamento da taxa de câmbio. O dólar contra o peso mexicano segue próximo da máxima, aos $ 20,33.
A decisão de dezembro seguiu o ritmo de aperto monetário verificado na reunião anterior, em novembro, quando o Banxico subiu a taxa básica de juros de 4,75% p.p. para 5,25% p.p.
Já o Comitê de Política Monetária do BoE (Bank of England), decidiu manter inalterada a taxa básica de juros de 0,25% ao ano, além de seguir com os planos para compras de títulos públicos e privados.
A valorização da libra contra o dólar desde o último encontro do BoE permitiu manutenção de uma política monetária neutra, sem perspectiva de cortes ou elevações. Segundo avaliação da autoridade monetária britânica, o deslocamento da taxa de câmbio local reduziu a chance de a inflação superar a meta.
Na China, os líderes que participaram da importante reunião anual de planejamento econômico decidiram conter o crescimento das bolhas de ativos no próximo ano e dar maior importância à prevenção do risco financeiro, que tem aumentado nos últimos meses. O foco das ações será no mercado imobiliário e na redução da forte alavancagem do setor corporativo.