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Feriado nos EUA traz calmaria aos mercados

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A semana começa com um feriado nos Estados Unidos, pelo Dia de Martin Luther King Jr., o que esvazia os negócios pelo mundo. Os investidores aproveitam a sessão mais fraca hoje para recompor o fôlego, já que amanhã sai a ata da reunião de janeiro do Comitê de Política Monetária (Copom) e, na sexta-feira, Donald Trump assume a presidência norte-americana.

Desde a entrevista coletiva sem sentido do presidente eleito, na semana passada, o chamado “efeito Trump” começou a se autoimplodir. Os mercados financeiros começam a se assustar, ainda que tardiamente, diante da ausência de sinais concretos sobre as políticas econômicas a serem adotadas assim que ele adentrar a Casa Branca, no próximo dia 20.

Ainda mais por se tratar de alguém que insiste em não sair do “modo campanha” e torna-se mais presidenciável, com os temas pessoais se sobrepondo às questões de governo. Embora no curto prazo o crescimento econômico dos EUA deva acelerar, em prazos mais longos, a incerteza quanto à gestão Trump aumenta – e muito.

Diante disso, a cautela tende a prevalecer, com posições mais defensivas ganhando força nos próximos dias. O grande destaque nesta manhã é a queda livre da libra esterlina, que segue sentindo os efeitos da saída do Reino Unido da União Europeia, o chamado Brexit.

A moeda britânica é negociada abaixo de US$ 1,20, no menor nível desde outubro, após relatos de que a primeira-ministra Theresa May também planeja deixar o mercado comum da UE para que o Reino Unido reassuma o controle das fronteiras e das leis comerciais. A libra já caiu quase 20% desde a decisão por plebiscito, em junho, e os investidores se preparam para o discurso dela, amanhã, no qual deve falar sobre um “hard Brexit”.

O movimento disparou uma busca por proteção, o que fortalece o iene e o ouro. A moeda japonesa é negociada em alta pelo sexto dia seguido, o que provocou perdas de 1% da Bolsa de Tóquio hoje. Na China, Xangai caiu 0,3% e Hong Kong cedeu 0,9%, ao passo que o índice Shenzhen registrou a maior queda desde fevereiro, na quinta baixa seguida.

As moedas de países emergentes e exportadores de commodities também perdem terreno, como a lira turca e o dólar australiano. O petróleo, porém, está na linha d’água, sustentando-se na faixa de US$ 52 o barril, mas a perspectiva de maior volatilidade nos negócios globais aumentou.

Até porque os indicadores econômicos começam a dividir as atenções com a safra de balanços. Dados de inflação ao consumidor (CPI) em dezembro são o grande destaque do exterior e, no Brasil, sai a prévia do IPCA de janeiro (quinta-feira).

Os números sobre os preços no varejo na zona do euro e nos EUA serão conhecidos na quarta-feira, um dia após a divulgação do sentimento econômico na região da moeda única. Também na quarta-feira, tem a produção industrial norte-americana no mês passado, além de dados do setor imobiliário de lá e chinês.

No dia seguinte, a China anuncia o resultado do Produto Interno Bruto (PIB) no quarto trimestre de 2016 e no acumulado do ano passado, juntamente com os dados de atividade na indústria e no varejo em dezembro. Antes, ainda na quinta-feira, o Banco Central Europeu (BCE) anuncia a decisão sobre a taxa de juros, que será seguida de uma entrevista coletiva do presidente, Mario Draghi.

Na reunião anterior, o BCE melhorou a avaliação em relação à economia do bloco, com avanços em termos de ritmo de crescimento e da inflação, mas aquém do potencial. Essa visão pode corroborar a necessidade de mais estímulos na região por mais tempo. Já a presidente do Federal Reserve, Janet Yellen, discursa duas vezes (quarta e quinta-feira).

No Brasil, o mercado doméstico está convencido de que o corte mais agressivo na taxa básica de juro em janeiro, de 0,75 ponto porcentual (pp), será o “novo ritmo” do ciclo de afrouxamento monetário e essa dose deve se repetir no mês que vem. O próprio Copom já sinalizou isso no comunicado e deve enfatizar tal disposição nas notas do encontro, na terça-feira.

Mais que isso, após a ousadia do BC neste mês, os investidores também acreditam que a chance de a Selic terminar 2017 com apenas um digita, ou seja, abaixo de 10% também é grande – desde que, é claro, Trump não estresse o mundo. Mas há quem diga que o Copom entregou “de barato” um corte maior que o esperado na Selic, dando como certo um avanço na pauta fiscal no Congresso, que ainda tem muitos desafios.

Acontece que o clima político está mais tranquilo apenas por causa do recesso parlamentar e do Judiciário, que termina no fim deste mês. A operação “Cui Bono?” da Polícia Federal surgiu na sexta-feira para lembrar a classe em Brasília que as investigações continuam e podem ter um alvo certo.

Por mais que o Palácio do Planalto tenha se sentido aliviado por Geddel Vieira Lima estar fora do governo Temer, já que o ex-ministro era beneficiado pelo esquema que facilitava a liberação de recursos da Caixa em troca de propinas, a operação ampliou a pressão para que o ex-deputado e ex-presidente da Câmara Eduardo Cunha delate o que sabe. Afinal, ele não quer se tornar uma peça desnecessária no avanço das investigações.

O teor das conversas divulgadas pela PF, em relatório, levou o mundo político e empresarial a duas conclusões. A primeira é de que Cunha detém informações explosivas sobre negociações fechadas entre grandes empresas, o Congresso e órgãos do governo federal. A segunda, e a mais óbvia, é de que ele deve se apressar em firmar um acordo de colaboração premiada para tentar minimizar seus problemas com a Justiça.

O episódio trouxe alguma incerteza e pode deixar os mercados domésticos mais instáveis a partir de hoje. Afinal, após reações tão positivas da Bovespa, do dólar e dos juros futuros, um movimento de realização de lucros – e alguma dose de realismo – fica mais latente. Ainda mais com a temporada de balanços chegando e mostrando que a situação das empresas segue delicada.

Tudo isso sem falar na possibilidade cada vez mais iminente de ataques do PCC. A Polícia Civil de São Paulo já teria emitido um comunicado no qual alerta todas as unidades do Estado para possíveis ataques da organização criminosa. O documento informa que “armas de fogo foram distribuídas aos integrantes da facção” e parece que a ordem dos ataques deve acontecer amanhã, dia 17.

No fim de semana, um novo massacre em presídio no Rio Grande do Norte elevou a pressão no governo por novas medidas, aumentando a lista de focos de tensão no Palácio do Planalto. Tratam-se de desdobramentos que deixam a convicção de que a crise prisional está longe do fim e que é preciso enfrentá-la com frentes mais sólidas do que os discursos proferidos em eventos públicos por Michel Temer e Alexandre de Moraes (Justiça).

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