Entrando na nova onda de carry trade de investidores estrangeiros, aumento de posições por parte de institucionais nacionais e entrada em massa de investidores pessoas físicas, os bonds brasileiros são o destaque do momento no mercado financeiro mundial.
Há cerca de uma semana da próxima reunião do Copom (Comitê de Política Monetária do Banco Central), no qual a intensificação do processo de afrouxamento monetário é amplamente esperada (conforme indicações do próprio Banco Central), os participantes do mercado estão correndo para compor suas posições em pré-fixados, o que tem provocado uma forte valorização dos bonds brasileiros nos últimos dias.
O aumento do fluxo comprador em títulos públicos e privados está atraindo cada vez mais atenção de investidores. Aqueles que não se posicionaram em pré-fixados, ou gerenciam carteiras com baixa exposição a esses tipos de ativos, estão correndo para abrir posições no mercado e aproveitar o bom momento.
Um importante pivot de baixa já foi acionado no contrato de juros futuros com vencimento em 2019, sinalização técnica que só reforça a tendência principal iniciada em setembro de 2015. A nova onda compradora começou após a formação de topo descendente aos 12,34% e já realiza teste sobre a taxa mínima praticada em 2014, aos 10,90%.
Os 10,90% na curva para 2019 é justamente a última região de suporte localizada acima da mínima registrada aos 8,69% no ano de 2012, fruto do último ciclo de afrouxamento monetário que levou a taxa básica de juros para 7,25% ao ano.
A sequencia de candles de baixa favorece o rompimento do piso em 10,90% nas próximas semanas, o que abrirá terreno técnico livre para que a tendência principal de baixa nas taxas continue predominante.
O contrato de juros futuros com vencimento em 2020 está prestes a acionar um novo pivot de baixa, também mostrando forte apetite do mercado. À medida que os contratos curtos vão ficando mais caros (o que provoca, consequentemente, queda das taxas pré-fixdas), os investidores passam a migrar as compras para os contratos um pouco mais arriscados dos anos seguintes, criando um efeito dominó.
A euforia com os bonds brasileiros está colaborando para manter o clima positivo em todo o mercado financeiro nacional. O Ibovespa (BOV:IBOV) fechou mais um pregão em alta nesta quinta-feira, aproximando-se da resistência localizada na região dos 62,9k.
O real (FX:USDBRL) segue mostrando força contra o dólar, destacando-se entre as demais moedas. Nesta quinta-feira, a moeda voltou para os R$ 3,20, já se aproximando do piso registrado em R$ 3,10. O deslocamento de curto prazo do câmbio local também facilita o carry trade de investidores estrangeiros, fato que acaba retroalimentando a tendência.
Na Rússia, o mercado de ações renovou a máxima do ano passado, mantendo-se dentro de uma forte tendência de alta iniciada em janeiro de 2016.
A bolsa de valores da Austrália também segue em forte rali, rompendo a máxima do ano passado.
O ponto em comum entre os mercados brasileiro, russo e australiano é justamente à sensibilidade aos movimentos das commodities. Através do gráfico baixo (índice CRB Jefferies Reuters), pode-se notar que as commodities permanecem dentro de um forte movimento de recuperação de preços, coladas na máxima do ano passado.
A média móvel simples de 200 períodos diária tem sustentado os preços nos últimos meses e as condições técnicas são favoráveis para rompimento da máxima em 195 pontos (principal linha de resistência). Por esse motivo, praças que representam economias com elevada exposição ao mercado de commodities estão no radar de muitas casas de investimentos do mundo inteiro.