Mesmo com queda nos juros, ganho real da Selic em 2017 será o maior em dez anos, diz analista

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Mesmo com a queda dos juros básicos, de 13,75% ao ano para 10,25% este ano, o ganho real das aplicações atreladas ao juro diário, Selic no caso de títulos públicos ou CDI nos privados, ou seja, o ganho além da inflação, continuará bastante elevado e poderá ser um dos maiores dos últimos anos dez anos. Isso acontecerá porque a taxa de inflação também cairá este ano, dos 6,35% estimados para o IPCA de 2016 para 4,81%, e a queda dos juros será gradual.

Segundo Roberto Indech, analista da Rico Investimentos, o juro real poderá chegar a 6,67% este ano, considerando o juro médio da Selic e a inflação média. Um engano comum do investidor é calcular o ganho real pela taxa e pela inflação do fim do período, e não pela média acumulada no ano.

Indech calcula que a Selic média acumulada em 2017 deve ficar em 12%, enquanto o IPCA médio deve atingir 5%. Isso daria um juro real em torno de 7%, ou 6,67% nas contas do economista. Este seria o maior juro real pago pela Selic desde 2007, quando a Selic média ficou em 11,94% e a inflação em 3,64%, com um ganho real de 8,01%. No ano passado, o juro real foi de 4,73% (ver tabela)

 

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“Espera-se que a taxa de juros fique abaixo de 12% ao ano já neste primeiro semestre, enquanto que a inflação poderá atingir o centro da meta estipulado pelo governo, de 4,5% ao ano, nos próximos meses”, afirma o economista. Esse movimento de queda fará com que o rendimento de aplicações que seguem os juros diários, como Tesouro Selic (LFT), do Tesouro Direto, CDBs de bancos médios e pequenos e Letras de Crédito Imobiliário (LCI) ou do Agronegócio (LCA) continuarão atraentes, ao menos por este ano.

Ganho bruto

Esses cálculos não levam em conta, porém, o imposto de renda nas aplicações e nem o custo de corretagem ou taxas de administração em fundos ou no Tesouro Direto. Se for descontado um imposto de renda de 15% para aplicações com mais de dois anos, o ganho do investidor numa LFT ou num CDB que pagasse 100% do CDI este ano, e estimando que o CDI siga a Selic, seria de 10,20%, o que resultaria em um retorno líquido de 4,95% em 2017. Ainda assim um percentual bem elevado acima da inflação. No ano passado, esse ganho teria sido de 12,03% líquidos, o que resultaria em um ganho real líquido de imposto de 2,78% em 2016.

Poupança perde

Indech estima que a poupança, que rendeu 8,6% em 2016, abaixo portanto da inflação média do período, de 9%. Portanto, ficou abaixo da maioria das aplicações de renda fixa. Neste ano, a caderneta deve fechar este ano com ganho líquido de 7%, estima o analista, o que representará um ganho real de 1,9%, bem abaixo de outras opções que paguem juros próximos ao CDI. Se a aplicação for isenta, melhor ainda.

Ele lembra ainda que é preciso levar em conta os custos da aplicação, como custódia e taxa da corretora no Tesouro Direto e em debêntures ou taxas de administração em fundos de investimentos. Quanto menor a taxa, maior o impacto das taxas de administração nos fundos, pois elas são cobradas sobre o principal investido.

Bom neste ano, mas e o próximo?

A análise de Indech é importante pois mostra que o investidor não precisa sair correndo do CDI ou da Selic pela queda das taxas. Mas, no médio prazo, essa perda do juro diário tende a se acentuar, caso as reformas estruturais avancem e a inflação caminhe para a meta. Em 2018, por exemplo, se os juros continuarem caindo e a inflação ficar perto da meta, o juro real deverá recuar bem mais. Por isso, muitos analistas recomendam que o investidor aproveite para alongar os juros reais com aplicações em NTN-B, que podem travar juros reais acima de 5% até 2035. Esse ganho pode ser menor agora, mas deverá ser compensador nos próximos anos.

Tamanho do juro real aumenta críticas ao BC

Os cálculos de Indech mostrando o tamanho dos juros reais diante da recessão do país justificam as críticas de muitos analistas e economistas ao Banco Central (BC), pela demora em reduzir os juros. Para Fernando Meibak, da Sunrise Investimentos, o BC “não tem noção do estrago feito na economia”. Para ele, o juro deveria cair muito mais que 0,75 ponto percentual ao mês que esperam os mais entusiastas do mercado. A média, porém, trabalha com cortes de 0,5 ponto nesta reunião desta semana.

Meibak está otimista com a aprovação das reformas da Previdência, trabalhista e talvez até tributária, com o governo aproveitando a transitoriedade para encaminhar os temas mais espinhosos. “Nisso estou animado e acho que o mercado também, como mostra a queda dos juros da NTN-B mais longas”, diz.

Juros reais em baixa

Para ele, caso as reformas sejam aprovadas, os juros reais devem caminhar no médio prazo para 4% ao ano e as taxas das NTN-B também. Por isso, a recomendação é travar esse juro mais longo. O problema é que a inflação também deve cair, reduzindo o ganho total do investidor nos próximos anos. “Nem o CDI ou a LFT devem compensar”, diz. Além disso, a bolsa brasileira segue com fundamentos ruins e os fundos imobiliários dependem da recuperação do mercado. “Vai ficar difícil obter retorno”, afirma. Uma alternativa podem ser os fundos multimercados, que buscam ganhos em vários segmentos.

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