A Petrobras ainda não pode respirar aliviada, mas o seu esforço em tentar arrumar a casa após anos de uma confusão sem precedentes já começar a ser reconhecido. Cinco de seis grandes bancos internacionais consultados pelo Money Times recomendam a compra das ações da estatal e veem pontos positivos mesmo em um balanço anual que marcou um prejuízo de R$ 14,8 bilhões em 2016.
Os suíços Société Génerale e Credit Suisse elevaram a recomendação às ações de manutenção para compra após o resultado desta semana. O SocGén, aliás, não indicava os papéis desde o final de 2014. Agora, afirmam os analistas John Herrlin e Mark Kogel, a Petrobras parece ter “dobrado a esquina”. O Credit Suisse viu na recente queda das ações, motivada pela baixa do petróleo, uma “oportunidade”.
Iceberg
Outros bancos como o Santander, Citi e UBS mantiveram a sugestão de adquirir os papéis, mas reiteraram o forte potencial ainda travado pelo processo de venda de ativos implementado pela estatal. O UBS sugere que o plano de desinvestimentos é como um “iceberg onde os investidores só conseguem ver o topo do gelo”.
O analista Pedro Medeiros do Citi chama a atenção para o gerenciamento de custos, que resultou no corte de US$6 bilhões (6% das despesas gerenciáveis) em 2016. “Esperamos que a maior parte dos benefícios dos programas de aposentadoria antecipada e cortes de remuneração para a gestão de nível médio sejam relatados em 2017, acrescentando risco de surpresa positiva para nossas projeções”, afirma.
Outro lado
Já o Goldman Sachs, por sua vez, ainda mostra ceticismo e mantém a indicação de venda dos papéis. Os analistas Bruno Pascon, Victor Hugo Menezes e Gabriel Francisco, acreditam que o processo de desalavancagem até 2020 a partir do nível atual de 4,4 vezes a dívida líquida sobre o Ebita (geração de caixa) – enquanto os pares do setor estão em 2,5 vezes – será muito complexo e “não deixa margem para erros de execução na redução de custos, perfil de produção e desinvestimentos”.
Recomendações
Citi: o banco sugere a compra das ações (PETR4) com um preço-alvo de R$ 21,50.
Credit Suisse: a recomendação é de compra para as ADRs representativas das PETR4. O preço-alvo é de US$11.
Goldman Sachs: o banco de investimentos recomenda a venda. Os preços-alvos são: PETR3 (R$ 8,60), PETR4 (R$ 9,50), PBR (US$ 5,10) e PBR_A (US$ 5,60).
Santander: o espanhol indica a compra das ações ordinárias (BOV:PETR3) com um preço-alvo de R$ 23,60.
Société Générale: a análise é feita para as ADRs, ativos negociados em Nova York, que representam as ações ordinárias (PETR3). O preço-alvo é de US$ 11,5.
UBS: o banco recomenda a compra das ações preferenciais (BOV:PETR4). O preço-alvo é de R$ 22,50.