O Índice Bovespa fechou em alta de 2,37%, aos 66.234 pontos, ignorando os protestos em todo o país contra a reforma da Previdência. O mercado subiu especialmente depois de o Comitê de Mercado Aberto (Fomc) do Federal Reserve (Fed, banco central americano) anunciar o aumento dos juros nos EUA de 0,75% para 1% ao ano. Apesar de dentro do esperado, o aumento foi acompanhado de análises e declarações indicando que os juros devem subir gradualmente este ano, reduzindo seu impacto nos mercados emergentes, nas bolsas e nas commodities.
O Índice Bovespa acumula agora alta de 2,41% na semana, mas cai 0,64% em março. Em 12 meses, a alta é de 9,97%. O índice fechou antes do anúncio da mudança da perspectiva para a nota de crédito brasileira pela Moody’s, o que pode favorecer a alta dos papéis amanhã também. A agência destacou a importância de o país aprovar a reforma da Previdência e elogiou os avanços da equipe econômica em ajustar o déficit público, no dia em que o governo enfrentou protestos em todo o país contra a medida.
O governo e o Legislativo tentaram reagir também às denúncias contra políticos feitas pelo procurador-geral da República, Rodrigo Janot, ao Supremo Tribunal Federal (STF) dentro da Operação Lava Jato. Os presidentes da Câmara e do Senado se reuniram com o presidente Michel Temer e o presidente do Tribunal Superior Eleitoral para defender uma reforma política urgente que recupere a credibilidade da classe política.
O volume negociado hoje atingiu R$ 9,928 bilhões, acima da média do ano, de R$ 7,9 bilhões, mostrando a presença dos investidores estrangeiros. Hoje também foi vencimento de opções sobre índice futuro, mas o volume foi pequeno, R$ 128 milhões.
O índice foi puxado para cima especialmente por Vale e Petrobras. Os papéis ordinários (ON, com voto) da mineradora subiram 6,90% e os preferenciais (PN, sem voto) série A ganharam 6,92%. Já Petrobras ON subiu 2,64% e a PN, 4,49%. A estatal foi autorizada pelo Tribunal de Contas da União (TCU) a retomar a venda de ativos, desde que revise os processos, tornando-os mais transparentes. Os bancos também subiram, com Itaú Unibanco PN ganhando 0,96% e Bradesco PN, 1,78%. Banco do Brasil ON subiu 0,83%.
A decisão do Fed ajudou a puxar as cotações do petróleo. O barril do tipo WTI subiu 2,4% em Nova York, para US$ 48,86, enquanto o Brent, de Londres, ganhou 1,7%, para US$ 51,81.
Só quatro ações em baixa no Ibovespa
As maiores altas do Índice Bovespa foram de Estácio Participações ON, 7,12%, seguidas pelas ações da Vale, da CSN ON, 6,43%, da Bradespar PN, 6,40% e da Gerdau PN, 5,23%. E apenas quatro dos 59 papéis do Ibovespa fecharam em queda: Suzano Papel PNA, 3,76%, Klabin Unit, 1,19%, Embraer ON, 1,08% e Marfrig ON, 0,17%, todas ligadas a exportações e que sofrem com a queda do dólar, como a que ocorreu hoje.
Liberal deve vencer na Holanda e euro sobe
Na Europa, as bolsas subiram com as commodities e com as pesquisas sobre a eleição na Holanda, que indicam a vitória tranquila do liberal Mark Rutte sobre o anti-islâmico Partido da Liberdade, de Geert Wilders. O receio do mercado é que Wilders, se vitorioso, levasse aditante seu plano de tirar a Holanda da União Europeia, a exemplo do Reino Unido. A vitória fez o euro atingir o maior nível em mais de um mês.
O Índice Euro Stoxx 50 subiu 0,29%, o Financial Times ganhou 0,15%, o DAX, de 0,18% e o CAC, de 0,23%. O Ibex, de Madri, ganhou 0,79%.
Nos Estados Unidos, a fala de Janet Yellen indicando alta suave dos juros animou as bolsas e o Índice Dow Jones subiu 0,54%. O Standard & Poor’s 500 ganhou 0,84% e o Nasdaq, 0,74%.