O dólar tende a se fortalecer, especialmente diante das moedas da Ásia, avalia Luís Stuhlberger, responsável pela Verde Asset Management e pelo fundo Verde, um dos maiores multimercados do mundo. Segundo o relatório de gestão de fevereiro, o gestor espera uma queda mais acentuada do juro básico no Brasil, o que pode começar a influenciar o nível do juro real do país. A queda dos juros reais beneficiaria os papéis do Tesouro corrigidos pelo IPCA, as NTN-B, que pagam hoje mais de 5% ao ano além da inflação. Por isso, o fundo “mantém alocações significativas na parte intermediária da curva de NTN-Bs”, diz o relatório.
Já a bolsa já teria refletido um pedaço dessa reavaliação do juro real, “mas ainda vemos oportunidades em alguns setores”, diz o gestor. Ele também diz ter montado uma pequena posição comprada em dólar, “pois vemos o real sobrevalorizado nos níveis atuais, embora a força dos preços das commodities até aqui venha nos surpreendendo”.
Para Stuhlberger, os principais temas que o fundo explora tem se mantido, em especial o enfraquecimento as moedas asiáticas diante do dólar. O governo de Donald Trump tem de mostrado mais tímido, apesar do comportamento do presidente ter se mantido coerente com as propostas do candidato. Os avanços mais modestos das propostas seriam resultado do ambiente político de Washington, que segura parte das mudanças, o que pode reduzir as chances de aprovação do ajuste de tarifas de importação defendido por Trump, o Borde Adjustment Tax. Com isso, o governo deve recorrer a outros mecanismos, como aumentos de tarifas.
O governo chinês também apertou os controles de capitais, o que reduziu as saídas de recursos do país a quase zero e, com isso, também a desvalorização do yuan, ao mesmo tempo em que outras moedas asiáticas também se valorizaram. A expectativa do gestor, porém, é que a alta dos juros pelo Federal Reserve, banco central americano, e a volta da agenda nacionalista e antiglobalização de Trump nos próximos meses tendem a aumentar a força dólar diante das moedas asiáticas, nas quais o fundo está vendido, ou seja, apostando na queda.
Em fevereiro, o Verde ganhou do CDI, com um retorno de 1,35%, para 0,87% do indicador, com apostas em ações no Brasil e no exterior e no juro real local. As perdas vieram especialmente da alta das moedas asiáticas e do real diante do dólar. No ano, porém, o fundo ainda está atrás do CDI, com 1,46%, para 1,96% do referencial da renda fixa.