Reformas avançam apesar da Lista de Janot, diz estrategista da Guide; Ibovespa pode ir a 71.800 pontos

As denúncias envolvendo a cúpula do Congresso e do governo de Michel Temer no recebimento de caixa dois e pedidos de propinas feitas pela Odebrecht, detalhadas com a divulgação da chamada Lista de Fachin, e que agora serão alvo de investigação no Supremo Tribunal Federal (STF) não devem paralisar os trabalhos no Congresso, que pode aprovar as reformas necessárias para o país retomar o crescimento. A avaliação é de Luis Gustavo Pereira, estrategista da Guide Investimentos. Em artigo publicado no blog da corretora, Pereira acredita que a reforma da Previdência será aprovada, o que permitirá que os juros caiam para 8,75% e o Índice Bovespa alcance os 71.800 pontos.

Para Pereira, a divulgação dos detalhes das denúncias feitas ao Supremo pelo procurador-geral da República, Rodrigo Janot, e tornadas públicas pelo ministro Luis Edson Fachin, dizimará uma geração de políticos. Mas a resposta do Congresso deve ser normalidade, e não paralisia. “Acreditamos que a classe tentará adotar a normalidade, até por conta da necessidade de sobreviver”, diz Pereira, que espera que ele devem continuar a tentar aprovar reformas e recuperar a economia para contar com alguma sorte nas eleições do ano que vem, até porque “o desfecho desse imbróglio ainda demora muito e será que os políticos serão presos?”.

Mas Pereira acredita que, com a lista, o vácuo político para 2018 persistirá. “Apontar nomes nessa fase do campeonato ainda é muito precipitado, mas não faltam palpites: (João) Doria, (Roberto) Justus, (Luciano) Huck, Marina (Silva), Carmem Lúcia, Temer, vários nomes são ventilados, até por conta da menor probabilidade dos tradicionais concorrerem”, avalia.

O estrategista considera que a necessidade atual é a aprovação da reforma da Previdência. “Ao mesmo tempo a Reforma Trabalhista tem que avançar”, diz. Segundo o artigo, a Guide vê 80% de chance de a reforma da Previdência passar 80% da meta de economia de R$ 678 bilhões em 10 anos. O objetivo é estabilizar a despesa em até 9% do Produto Interno Bruto (PIB). “Se a normalidade persistir em Brasília, é claro.”

Enquanto isso, Pereira destaca que alguns sinais já apontam para a melhora da economia que esperava: a confiança tanto na indústria quanto no varejo segue melhorando, puxada pelo índice de expectativas; o mercado de trabalho teve a primeira criação de postos depois de 22 meses; os estrangeiros ainda mostram elevado apetite em investir no país; a mudança de ciclo, tanto econômico, como político; e a melhora nas projeções dos lucros das empresas, principalmente estatais.

Mas o estrategista da Guide alerta que a dinâmica do mercado poderá mudar se houver evidências de que as reformas não avançarão. “Por enquanto ainda não está claro, a cautela persiste, algo que tira o ímpeto de uma recuperação linear do mercado”, diz. O caminho está sendo mais tortuoso, mas o médio prazo ainda reserva uma perspectiva favorável, acredita Pereira. “Momento de cautela mas manutenção do otimismo”, resume. Ele espera que o desconto sobre as ações diminua com a queda do risco país e dos juros. “Vemos a Selic em 8,75% no fim de 2017 e projetamos o Ibovespa em um patamar próximo de 71.800 pontos”, conclui.