Stuhlberger vende ações brasileiras preocupado com a reforma da Previdência

O gestor do fundo Verde, um dos maiores multimercados do mundo, Luís Stuhlberger, está preocupado com as mudanças propostas na reforma da Previdência e a consequente menor eficácia das mudanças na situação fiscal “extremamente frágil” do Brasil tanto no curto quanto no médio e longo prazo, conforme a carta mensal divulgada nesta segunda-feira. A reportagem é de Gustavo Kahil, do site Moneytimes.

“A aprovação de uma reforma da previdência robusta, que faça com que a curva de crescimento de gastos seja bem menos inclinada, é condição necessária, mas não suficiente, para que (i) o teto dos gastos funcione e (ii) para que a trajetória da relação dívida/PIB fique bem-comportada. Diante desse contexto, vemos com bastante preocupação os sinais vindos de Brasília nas últimas semanas”, ressalta a gestora.

O grão na pilha de areia

Stuhlberger repara que os mercados têm sido muito complacentes com a desfiguração da proposta enviada ao Congresso, o que preocupa. “Não sabemos até quando, mas nos lembramos da situação do grão que desmorona a pilha de areia. Qual vai ser a concessão na reforma da previdência que vai provocar uma correção não-linear dos mercados?”, questiona o fundo.

Com isso, o Verde optou por reduzir a exposição do fundo às ações brasileiras, e também a um aumento da posição comprada em dólar contra real. “Na renda fixa permanecemos posicionados para um juro real mais baixo”, mostra a análise. Em março, o fundo apresentou rentabilidade de 1,11%, superando o juro do CDI, de 1,05%. No acumulado do ano, porém, o Verde ainda perde do CDI, com 2,59%, para 3,03% do reverencial da renda fixa.

O fundo teve perdas em março com apostas contra moedas da Ásia, em especial o renminbi chinês e o won sul-coreano. E ganhou com posições em ações no Brasil e no exterior.