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Apesar da crise, três empresas preparam IPOs: IRB, NotreDame e Carrefour

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Apesar do ambiente conturbado, três empresas se preparam para abrir seu capital na B3, antiga BM&FBovespa. Ontem, o antigo Instituto de Resseguros do Brasil, que se tornou o IRB Brasil Resseguros após a privatização, e a Notredame Intermédica protocolaram seus pedidos de oferta inicial de ações (IPO, na sigla em inglês) na Comissão de Valores Mobiliários (CVM).

Elas se juntam ao Carrefour, que entrou com o pedido na terça-feira da semana passada, elevando para três o número de empresas que decidiram seguir com suas operações mesmo com a crise política e as turbulências nos mercados, informa a corretora Coinvalores.

Estrangeiro dá fôlego ao mercado

Um dos fatores que deve estar animando os controladores a manter os planos das ofertas é a continuidade da entrada de investidores estrangeiros no mercado brasileiro. Neste mês, até dia 25, o saldo de estrangeiros está positivo em R$ 2,619 bilhões, dos quais R$ 1,860 bilhão entraram depois do início da crise política. No ano, o saldo de estrangeiros está positivo em R$ 6,130 bilhões. Na semana seguinte às denúncias, segundo a consultoria internacional EPFR, os fundos internacionais dedicados ao Brasil registraram a maior captação desde 2013.

E em geral são os estrangeiros os maiores compradores de ações nessas operações de abertura de capital. O varejo costuma ficar com 10% a 15% dos papéis, mas mais da metade vai para estrangeiros.

IRB reúne União, bancos e fundos de pensão

O IRB pretende fazer uma oferta secundária de ações, na qual os atuais sócios vendem uma parcela de suas participações na empresa. Nesse caso, o dinheiro da venda das ações vai para o bolso desses acionistas, não para a empresa. Pela composição acionária atual, a União tem 27,44% da companhia, o Banco do Brasil e o Bradesco têm 20,43% cada um, o Itaú 14,94% e os fundos de pensão, pelo FIP Caixa Barcelona, possuem 9,85%. A abertura de capital do IRB vem sendo adiado há mais de um ano, e busca garantir a redução das participações da União e dos bancos.

NotreDame, entre IPO ou investidor estratégico

No caso da operadora de planos de saúde NotreDame Intermédica, controlada pela Bain Capital, a oferta também será totalmente secundária. A Bain Capital, que adquiriu a companhia há três anos, vem trabalhando paralelamente com a possibilidade de fazer o IPO ou de vender pelo menos uma fatia da empresa para um investidor estratégico internacional.

Carrefour, oferta primária e secundária

Já a oferta do grupo varejista Carrefour contará com a emissão de novas ações, sendo que os recursos captados serão destinados para pagar empréstimos entre as empresas do grupo, liquidar posições de swap detidas pela companhia e para reforço de capital de giro, conforme já informado na minuta do prospecto preliminar da oferta publicado na CVM. Além disso, a rende varejista pretende usar parte dos recursos da emissão primária para aquisições em regiões onde não tem grande presença.

Embora o contexto atual siga bastante incerto, tanto que essas capitalizações de mercado poderão ser postergadas, a corretora Coinvalores acredita que as sinalizações são positivas para a B3, que tem como importante fonte de receita os IPOs.

Para o investidor pessoa física, é preciso tomar cuidado com as ofertas, uma vez que ele não tem acesso a informações detalhadas da operação como têm os grandes investidores e fundos, que além de participarem de apresentações exclusivas ainda têm departamentos de análise e consultorias para ajudar nas avaliações. E o cenário para ações ainda é bastante instável diante das incertezas criadas pela crise política, que afeta a retomada da economia e com ela o desempenho das empresas. Se hoje já é difícil avaliar uma empresa conhecida, o que dizer de uma recém-chegada, sem histórico de desempenho.  São, porém, opções para quem tem mais apetite por risco e quer arriscar uma parcela pequena da carteira com empresas que conhece como consumidor ou que gosta da imagem.

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