O Índice Geral de Preços do Mercado (IGP-M) caiu 0,93% em maio, após um recuo de 1,10% em abril e uma alta de 0,82% em maio do ano passado. A queda foi maior que a esperada pelo mercado, de 0,84%, e reflete a queda dos preços no atacado, especialmente o agrícola. No acumulado desde janeiro, a taxa cai 1,29% e, em 12 meses, há uma elevação de 1,57%, ante 3,37% acumulados até abril. A boa notícia para os inquilinos é que será essa variação de 1,57%, mais baixa desde 2009, que servirá de base para o reajuste dos aluguéis antigos e outros contratos que vencem em maio.
O número também confirma a tendência de desaceleração dos preços, que abre espaço para o Comitê de Política Monetária (Copom) cortar os juros na reunião que começa hoje e termina amanhã. A expectativa do mercado é de um corte de 1 ponto percentual, de 11,25% ao ano para 10,25%. O corte poderia ser maior se não fosse a crise política iniciada após as denúncias dos donos da JBS contra o presidente Michel Temer.
IPA cai 1,56%, IPC sobe 0,33% e INCC, 0,13%
A pesquisa foi feita pelo Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getulio Vargas (Ibre/FGV) com base na variação de preços coletados entre 21 de abril e 20 de maio em três componentes: o Índice de Preços ao Produtor Amplo (IPA, com peso de 60% no índice), com recuo de 1,56%, ante uma queda de 1,77% em abril; o Índice de Preços ao Consumidor (IPC, peso de 30% no índice), que passou de 0,33% para 0,29% em maio; e o Índice Nacional de Custo da Construção (INCC, 10% de peso no IGP), com alta de 0,13% após uma baixa de 0,08% em abril.
Recuo das commodities
No grupo do IPA, a principal influência para a queda na média dos preços partiu das commodities (produtos com cotação no mercado internacional), com recuo de 5,26%, ante uma variação negativa de 5,22% em abril. Os destaques foram minério de ferro (de -5,24% para -18,20%), cana-de-açúcar (de 0,11% para -3,86%) e leite in natura (de 3,68% para 0,93%).
No período, ocorreu elevação da soja (em grão) (-9,38% para 3,25%); dos bovinos (de -2,79% para 0,33%) e, no caso do milho (em grão), há um movimento de recuperação de preços. A cotação deste grão teve uma redução média de 6,13%, taxa que é bem menos expressiva do que a de abril (-14,52%).
Tomate e passagens derrubam preços ao consumidor
Em relação ao IPC, quatro das oito classes de despesa tiveram decréscimos e a principal colaboração foi constatada em alimentação (de 0,90% para -0,13%). Os alimentos in-natura ajudaram na queda, com destaque para o tomate(-9,8% ante 55,45% no mês anterior) e frutas (-6,06% ante -1,34%). O resultado contou ainda com a contribuição baixista das passagens aéreas (-14,23% ante 4,31%) e artigos de higiene (-0,34% ante 1,5%), a despeito de energia elétrica (4,57% ante -1,73%) e vestuário (0,51% ante -0,65%) terem exercido pressão.
O comportamento dos preços dos alimentos no atacado tem forte influência nos preços ao consumidor, como mostra o gráfico abaixo, que compara o IPA agrícola com o IPCA-15, feito pela Rosenberg Associados.
INCC, reajustes salariais
Já o INCC indicou uma reversão, com alta de 0,13% ante uma diminuição de 0,08%, refletindo o custo da mão de obra em 0,27% após ter apresentado estabilidade, em abril. O avanço leve ocorreu em decorrência dos reajustes salariais em Brasília e Salvador. As próximas divulgações deverão captar o aumento de 3,99% em São Paulo, assinado em 16 de maio. No Rio de Janeiro, por sua vez, as negociações deverão se estender até julho, avalia a MCM Consultores.
Em 12 meses, IPA agrícola cai 8,75%
A queda da variação acumulada em 12 meses para 1,57% foi puxada, sobretudo, pelo IPA agropecuário, que passou de de -4,64% até abril para -8,75% no período encerrado em maio, e pelo IPA industrial, cuja oscilação passou de 5,52% para 3,67% neste mês, observa a MCM Consultores.
Agrícolas devem reduzir deflação do IGP-DI
Para o IGP-DI de maio, com base no novo conjunto de informações e indicações das coletas, a MCM ajustou a projeção, de -0,30% para -0,45%. Segundo a consultoria, a menor retração na comparação com abril, quando o indicador cedeu 1,24%, decorrerá da atenuação das quedas no IPA Agropecuário, conforme vem sendo observado nas medições deste mês. Contribuem para esse movimento a reversão de sinal de soja, feijão e bovinos e menor queda de milho.
O IPA Industrial seguirá pressionado pelo relevante decréscimo de minério de ferro, acredita a MCM. No IPC, o principal destaque será a alta de energia elétrica com a retirada do desconto nas tarifas de energia decorrente da devolução de recursos de Angra III. O INCC irá avançar impulsionado por mão de obra. Com esse resultado, o IGP-DI manterá a trajetória declinante da taxa de variação acumulada em 12 meses ao ceder de 2,73% para 1,1%, estima a consultoria.
Crise deve puxar preços no atacado
O comportamento do IGP tem estreito relacionamento com a volatilidade internacional das commodities e com a taxa de câmbio, avalia a Rosenberg Associados. A desaceleração dos últimos dois meses está ligada à contração nas commodities agrícolas, o recuo do preço do minério de ferro e a manutenção da valorização recente do câmbio. A alta nos alimentos, que exerceu elevada influência na virada do ano de 2015 para 2016, ganhou fôlego em meados do ano e foi repassada ao consumidor, porém tem sido revertida nas leituras recentes do IPC. A piora do mercado de trabalho e da atividade econômica servem para mitigar a propagação da elevação.
A crise política mais recente pressionou o câmbio, observa a Rosenberg. Contudo, a desvalorização recente foi menor do que a observada logo após a eleição americana – exemplo mais recente de desvalorização cambial súbita. “Deste modo, a expectativa é que tal movimento mitigue a tendência deflacionária recente”, diz a consultoria. O andamento da crise e, em especial, seus efeitos sobre o câmbio, devem dar mais clareza a dimensão do efeito deste movimento do câmbio sobre o IGP. “Com isso, passamos a projetar taxa de 2,0% para o IGP-M em 2017”, conclui a Rosenberg.
Com informações da Agência Brasil.