ADVFN Logo ADVFN

Não encontramos resultados para:
Verifique se escreveu corretamente ou tente ampliar sua busca.

Tendências Agora

Rankings

Parece que você não está logado.
Clique no botão abaixo para fazer login e ver seu histórico recente.

Hot Features

Registration Strip Icon for default Cadastre-se gratuitamente para obter cotações em tempo real, gráficos interativos, fluxo de opções ao vivo e muito mais.

O Brasil entre Lula, Bolsonaro e as fadas

LinkedIn

O movimento de fortalecimento da direita radical na Europa e nos Estados Unidos chegou ao Brasil em meio ao esfacelamento dos partidos tradicionais após as denúncias da Operação Lava Jato. Depois que a Odebrecht jogou na lama praticamente todos os partidos, só restou aos eleitores buscar as opções fora do tabuleiro, entre elas as mais radicais, até como forma de protesto contra a degradação moral da política brasileira.

Foi o que mostrou pesquisa do Datafolha deste domingo, que mostrou um forte crescimento da preferência do deputado Jair Bolsonaro na disputa presidencial. O destemperado deputado nacionalista, militar reformado e defensor da ditadura militar, passou de 9% para 15% das intenções de votos no primeiro turno, disputando o segundo turno com Lula, que subiu de 25% para 30%. Aécio Neves e Geraldo Alckmin, do PSDB, caem de 11% para 8% e de 8% para 6%, respectivamente.

Em um segundo turno entre Bolsonaro e Lula, porém, o ex-presidente ganharia com 43% dos votos, contra 31% do deputado. Há ainda uma simulação de disputa entre Lula e Sérgio Moro, na qual o juiz, que nem sequer é candidato, venceria o petista com 42% dos votos, para 40% de Lula. Marina Silva, da Rede Sustentabilidade, também seria a única a ganhar de Lula, com 41% a 38%. Nas demais simulações, Lula ganharia todas. Nem a promessa João Dória ganharia de Lula no segundo turno. O prefeito de São Paulo teria 32% dos votos, para 43% de Lula.

Números ainda devem mudar

Os números da pesquisa devem ser vistos, porém, com cuidado. Eles refletem a divulgação recente das acusações contra os parlamentarem com a lista do ministro do Supremo Tribunal Federal, Edson Fachin. Elas ainda passarão por muitos desdobramentos durante os julgamentos, que tendem a demorar meses e podem trazer reviravoltas como a falta de provas em algumas acusações.

Economia, fator chave

Outro elemento que pode mudar totalmente o jogo da sucessão em 2018, e muito mais importante, é o ambiente econômico. Hoje, com o desemprego nos níveis mais altos da história, com 14 milhões de desempregados, a rejeição ao governo e aos políticos em geral aumenta. E assim deve continuar até meados do ano, pois mesmo com a economia retomando nos próximos meses os efeitos sobre o emprego só vão aparecer no segundo semestre.

A tendência, porém, é que a economia volte a crescer em 2018, com a aprovação das reformas garantindo a retomada da confiança interna e externa e permitindo a volta do investimento e do consumo. Por isso o governo do presidente Michel Temer não vai desistir de levar adiante as reformas, especialmente a da Previdência, que vai garantir o equilíbrio fiscal do país nos próximos 10 anos pelo menos.

Fé nas fadas

Uma vez aprovada a reforma, que garantirá o ajuste fiscal, o governo espera que as “fadas”, como o economista americano Paul Krugman chama ironicamente a retomada da confiança após os cortes de despesas, façam o país voltar a crescer. Krugman, um defensor de políticas intervencionistas do governo e de estímulos fiscais, compara as políticas de austeridade dos governos a contos em que as fadas trariam o crescimento após o sacrifício da sociedade.

Independentemente de as fadas existirem ou não, é nelas que o governo Temer e sua equipe econômica apostam para o país retomar o crescimento, com o teto de gastos, que só será sustentável com a reforma da Previdência, e com a redução do custo do país com a nova legislação trabalhista. E os primeiros sinais de retomada da confiança apareceram nos últimos leilões de aeroportos e de linhas de transmissão, que tiveram participação de novos investidores internacionais. Novas fadas, chinesas, europeias, podem acelerar a retomada do crescimento.

Crescimento em ano eleitoral

E se as projeções dos economistas estiverem certas, e o crescimento do ano que vem chegar a 4% ao ano, o país estará em forte expansão no período que antecede a eleição presidencial e a reprovação ao governo deverá cair. E novos nomes, ou mesmo alguns antigos, podem voltar a ser aceitos pela população, que tem memória curta quando há emprego e renda.

Esse é também o motivo da oposição não querer de maneira alguma a aprovação das reformas, pois elas aumentam as chances do atual governo de se manter no poder, por meio de Temer ou de alguém indicado por ele. O medo é a repetição do Plano Real, quando a melhora da economia permitiu a eleição de Fernando Henrique Cardoso para dois mandatos consecutivos.

Tudo depende, porém, de a retomada da economia se confirmar e no nível desejado, o que também pode ser influenciado pelo cenário externo e pela Operação Lava Jato. Se as fadas não ajudarem, a história pode ter outro final.

Deixe um comentário