O mercado deve virar de ponta-cabeça hoje após as revelações das denúncias contra o presidente Michel Temer feitas pelo empresário Joesley Batista, dono da JBS. Joesley gravou conversa com o presidente em que ele concorda com pagamento de R$ 500 mil ao ex-deputado Eduardo Cunha, preso em Curitiba na Operação Lava Jato. Temer teria indicado um deputado para levar o dinheiro a Cunha. A notícia coloca em risco o governo Temer e o andamento das reformas da Previdência e trabalhista e o próprio ajuste fiscal.
Perdas em NTN-B serão altas
O ideal, porém, é que o investidor mantenha a calma e não saia trocando de investimento sem ter uma visão mais clara do que vai acontecer. Aplicações em títulos públicos prefixados, como LTN, ou corrigidos pela inflação, como as NTN-B, devem ter fortes perdas hoje, pois os juros vão subir. As perdas podem ser especialmente grandes nas NTN-B mais longas. Mas isso nada representa para quem vai levar o papel até o vencimento e, nos próximos dias, pode ocorrer uma recuperação caso surja uma melhora no cenário. Haverá o mesmo impacto em fundos renda fixa. Muitos multimercados, que também trabalhavam com um cenário benigno para o país, devem ter perdas.
Quem vai se beneficiar da piora da situação são os papéis pós-fixados atrelados aos juros, como as LFT, LCI e LCA e CDB corrigidos pelo CDI diário e os fundos DI.
Mas esse cenário é fruto de uma grande incerteza, que leva os grandes investidores a zerarem suas aplicações com prejuízos e agir com mais irracionalidade. Para o pequeno investidor, o ideal é esperar a poeira baixa e analisar a situação de uma perspectiva mais longa. Nem o Brasil nem o mundo vão acabar, lembra um operador de uma corretora que já viu muitas situações semelhantes. E o processo de limpeza política do Brasil pode provocar complicações no curto prazo, mas será benéfico no longo prazo.
Ibovespa cai 16%; como funciona o circuit breaker
A incerteza com o futuro do governo faz os investidores venderem ativos brasileiros. No exterior, o Índice Bovespa é negociado em baixa de quase 16%, comenta Pablo Stipanicic Spyer, diretor de Operações da Mirae Corretora. Mantida essa alta, a expectativa é que o mercado atinja seu limite de oscilação, de 10%, e sofra a paralisação do chamado circuit breaker. Após meia hora, os negócios serão retomados, até que a queda tinja 15%, quando são novamente interrompidos. O mercado fica suspenso então por uma hora. Se após o retorno das operações o mercado cair mais e atingir 20% de baixa, haverá nova suspensão e a direção da bolsa definirá o novo prazo de suspensão.
Os recibos de ações (ADR) da Petrobras negociados em Nova York apresentavam queda de 16% e os do Itaú Unibanco, de 14,84%. Bradesco recuava 15,94% e 12,30%.
No dólar, a expectativa é que o Banco Central tenha de atuar para segurar a alta da moeda americana por conta das remessas de investidores querendo sair do país Os juros também devem subir, acompanhando o aumento da aversão ao risco e a expectativa de que a turbulência no dólar pressione os preços e impeça o Banco Central de baixar rapidamente os juros.