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Rio Bravo: BC continuará baixando os juros e deve cortar Selic em 1 ponto hoje

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Passado o susto inicial com as delações da JBS envolvendo o presidente Michel Temer, os mercados financeiros se acalmaram e em muitos casos recuperaram boa parte das perdas, apesar do desgaste para o governo e para a classe política do país em geral. Essa melhora permite ser otimista com o futuro do país, não só em termos econômicos, mas também políticos, avalia Evandro Buccini, economista-chefe da Rio Bravo Investimentos. “Infelizmente, o país tem de viver com essas crises, mas acreditamos que isso vai melhorar o Brasil daqui por diante”, afirma.

Um dos exemplos de que o impacto da crise política foi  limitado na economia é o fato de haver espaço para o Comitê de Política Monetária (Copom) baixar os juros hoje, diz Buccini. “Acreditamos em um corte de um ponto percentual na Selic, de 11,25% para 10,25%”, diz. Para ele, como o Banco Central (BC) não teve tempo de mudar suas sinalizações sobre os juros para o mercado, deve manter o ritmo do último corte, de 1 ponto. Mas isso torna mais importante o comunicado do Copom que deve acompanhar o anúncio da decisão de hoje, afirma Buccini. “Ele deve deixar mais claro sua visão do ambiente e o que pretende fazer no futuro”, diz o economista.

Espaço para mais cortes

E o futuro, pelas condições da economia, indica a continuidade dos cortes na Selic, explica Buccini. A inflação está muito fraca, como mostrou o IGP-M negativo neste mês e no ano e com alta pouco acima de 1% em 12 meses. O Produto Interno Bruto (PIB, soma de todas as riquezas da economia) deve ter crescido perto de 1 ponto percentual no primeiro trimestre, como deve divulgar o IBGE nesta semana, mas o segundo trimestre já indica uma piora que pode levar a estabilidade. “No primeiro trimestre, houve uma mudança metodológica nos cálculos do comércio e do serviço que favorecem a alta do PIB, mas houve também uma contribuição muito forte da agricultura, que ajudou muito”, diz Buccini.

Crescimento do PIB forte, 1% no 1º tri

No segundo trimestre, porém, esses fatores não vão ajudar e haverá ainda os primeiros impactos da crise política e das incertezas na confiança de empresários e consumidores. “O primeiro trimestre vai ter um crescimento forte, de 1%, um dos maiores desde 2013, e até meio enganoso, mas o segundo vai ser o teste, a ‘prova do pudim’, se a economia brasileira está realmente crescendo firme ou não”, diz, referindo-se ao ditado inglês que diz que para saber se a receita de pudim é boa é preciso comê-lo.

Impacto nos índices de confiança

Os acontecimentos políticos, lembra Buccini, criam uma incerteza muito grande e os índice de confiança que serão divulgados nos próximos meses vão mostrar o impacto. “Os do mês que vem, de indústria e consumo, podem ser mais significativos”, diz o economista, que trabalha com um crescimento pequeno no segundo trimestre para o PIB, de 0,2%. “Mas falta muita coisa para sair”.

Sem grande impacto inflacionário

De qualquer maneira, mesmo com a melhora no começo do ano, a economia segue fraca, como mostraram os dados de desemprego divulgados hoje pelo IBGE, com 14 milhões de desocupados, o que permite a continuidade da redução dos juros. Mas o cuidado com o ritmo de redução aumentou, acredita o economista, lembrando que dois dias antes da denúncia contra Temer a previsão do mercado era de um corte de 1,25% hoje e novas reduções até a taxa atingir um nível perto de 7% ao ano. “Agora mudou um pouco o cenário e os mais otimistas estão revendo essa taxa final para cima”, diz. “Mas não tanto, pois o impacto do choque ainda não é tão forte”, avalia Buccini, lembrando que o dólar subiu pouco mais de 2%, o que não chega a pressionar a inflação. “O aumento da incerteza deve provocar um impacto negativo na atividade e o efeito final, portanto, não vai ser inflacionário a ponto de mudar a tendência de corte dos juros”, diz o economia.

De olho nas reformas

Para ele, o BC deve observar o andamento das reformas no Congresso, que parece ser o principal impacto da crise política. “O BC vai ser mais cuidados ao cortar os juros diante da dificuldade maior do governo em aprovar a reforma da Previdência e garantir a estabilidade fiscal, e pode acabar o processo um pouco acima do que acabaria, talvez 8,50% ou 8,75% no fim deste ano”, afirma Buccini.

Estrangeiro comprando Brasil

Ajuda nesse cenário o fato de os investidores estrangeiros continuarem interessados no Brasil. “Estava em Londres na semana das denúncias e o apetite dos investidores pelo Brasil era enorme, e depois do que aconteceu o que se viu foi que a maioria não vendeu Brasil, manteve a média investida no país”, diz. Além disso, os  dados recentes de capital estrangeiro na bolsa de valores mostram que o apetite continua. “O ambiente externo está muito bom para o Brasil, com os juros nos EUA, Europa e Japão ainda baixos e, por mais que subam ou que ocorra algo com o Trump (Donald Trump, presidente dos Estados Unidos) ou na eleição italiana no segundo semestre, em média o ambiente externo é muito bom”, diz.

Fundos compensam parte das perdas

Buccini diz que a recuperação dos mercados depois da forte turbulência do dia das denúncias, quanto o Ibovespa caiu mais de 8%, permitiu aos gestores compensarem parte das perdas, especialmente em renda fixa, tanto nos multimercados quanto nas aplicações de fundos de renda fixa mais longa. “Nosso multimercado deve fechar o mês zerado, sem ganhos ou perdas, o que para um mês como este é um ótimo resultado”, diz.

Principal aposta na queda dos juros

Hoje, as apostas dos fundos estão mais modestas, apesar da principal ser ainda a queda dos juros. “Agora que a taxa voltou um pouco depois da forte alta, estamos mais defensivos, pois os riscos ainda são elevados”, diz. Os principais pontos para os mercados ainda são se o presidente Temer sai ou fica, como será esse processo e quais seus impactos no andamento da reforma da Previdência. “Vemos alguma chance de aprovar a reforma mais para o fim deste ano ou começo do ano que vem, com grande chance de não aprovar”, afirma.

Renda fixa curta é mais indicada

Diante desse cenário, a estratégia na renda fixa é aplicar em papéis mais curtos, nos quais o mercado pode estar exagerando ainda nas taxas para cima. Papéis mais longos têm mais ganhos, mas tem muito mais risco de perdas e flutuações fortes. “A volatilidade das NTN-B longas é igual à de ações, o investidor precisa estar muito preparado para aguentar”, diz. “Se Temer cair ou dependendo de quem for o sucessor, essas taxas podem subir muito mais”, alerta.

Perda menor em maio que o esperado

Mas o cenário básico, diz Buccini, é de corte dos juros e aprovação das reformas no longo prazo. Esse cenário favorece a aplicação em renda fixa prefixada e em bolsa, com perspectivas de longo prazo. “O melhor é esperar a fumaça passar e, na virada do mês vai ser possível  avaliar melhor o desempenho dos fundos de investimentos”, diz. Buccini observa que se o investidor olhar o desempenho dos fundos no dia do escândalo, a perda foi grande, mas se olhar o fechamento deste mês, vai se surpreender com uma queda muito mais modesta, apesar das grandes oscilações ao longo de maio. “Dólar subindo 2%, 3%, não é nada, e o Ibovespa também está caindo perto de 5% no mês”, diz.

Fique de olho na inflação e nas votações no Congresso

Para os próximos meses, Buccini diz que será preciso ficar de olho nos indicadores de inflação e atividade para ver até quando o BC vai cortar os juros. E muito importante será acompanhar as votações no Congresso, se o governo Temer vai conseguir retomar a aprovação de seus projetos. “É importante que o Congresso volte à normalidade, mesmo que não seja aprovando reformas, mas medidas provisórias de interesse do governo mesmo”, diz.

Pior cenário, eleições diretas

O pior cenário para os mercados seria a convocação de eleições diretas para substituir Temer, mas é o cenário de menor probabilidade de ocorrer, afirma Buccini. Além das mudanças constitucionais e do prazo para organizar todo o processo, as próprias forças políticas, como empresários, banqueiros e partidos políticos não apoiam a eleição agora, pelo risco maior de incertezas. Assim, o apoio às diretas está mais concentrado nos partidos de esquerda, que não estão conseguindo muito apoio do restante da população em suas manifestações, observa Buccini.

PIB de 0,4% este ano

O economista diz que manteve a expectativa de crescimento de 0,4% do PIB neste ano e 2,5% para 2018.  A inflação do IPCA deve terminar 2017 abaixo de 4% e fechar 2018 perto desse percentual. Já a Selic pode terminar este ano perto de 8,5% e pode voltar a subir em 2018, dependendo do cenário político e das condições fiscais do país. “Com a troca de governo, sempre há uma perda de confiança do mercado e isso pode levar a uma espiral negativa, de questionamento da situação fiscal, que continua muito ruim”, lembra.

 

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