O abrupto sobe-desce da bolsa de valores nos últimos meses, em particular com a piora da crise política em Brasília, joga holofotes sobre um perfil de aplicação relativamente mais calmo do que o índice de ações (Ibovespa): as aplicações em Fundos de Dividendos, que miram grandes empresas pagadoras de proventos.
Conforme analistas de mercado, como as companhias que compõem os fundos já estão estabelecidas no mercado e pregão, sem absorção intensa de caixa, podem gerar mais caixa e pagar mais dividendos. “O interesse nos fundos dividendos tem crescido bastante nos últimos meses em razão da preocupação de investidores com a volatilidade”, explica Carlos Müller, analista-chefe da Geral Investimentos, que gerencia um fundo no tipo, com patrimônio de quase R$ 3 milhões e valorização de 4,6% neste ano. “É uma aplicação com perfil de risco menor dentro do guarda-chuvas da renda variável”, afirma.
Conforme levantamento do portal Arena do Pavini, nos últimos 12 meses, os Fundos Dividendos tiveram captação líquida de R$ 254,2 milhões, sendo que o “boom” foi em 2017, com R$ 248 milhões absorvidos. A concentração de recursos captados nos últimos meses é mais intensa nestas aplicações do que nos fundos livres, que captaram R$ 2,034 bilhões em 12 meses e 1,238 bilhão neste ano. O patrimônio líquido dos Fundos Dividendos já chega a R$ 4,952 bilhões no Brasil.
O investidor pode aplicar em companhias pagadoras de dividendos por meio dos fundos ou diretamente via mercado de ações – em geral, as companhias com maior dividend yield são as de setores de infraestrutura, energia, saneamento e concessões, além de bancos. Em geral, os fundos utilizam os proventos para aumentar o valor da cota – ou seja, não vira dinheiro imediato para o investidor. Uma das vantagens ao investidor e ao gestor é ver a cota subir naturalmente, sem a necessidade de atuar ostensivamente na compra e venda de ações. A aplicação mínima depende de cada banco ou corretora.
Assim como tendem a não cair tanto quanto o Índice Ibovespa em tempos de mercado em baixa, os Fundos Dividendos também tendem a render menos em época de bonança. Conforme dados da Anbima, compilados pela Arena do Pavini, neste ano, até dia 25 de maio, os Fundo Dividendos rendiam 5,64%, e, em 12 meses, 20,03%. Enquanto isso, os fundos de ações se valorizavam 6,66% e 22,90%, respectivamente.
Alguns analistas de mercado chamam a atenção para um risco nesses fundos, argumentando que em momentos de incerteza, nem sempre são tão estáveis, pois correm risco de se desvalorizarem mais, uma vez que investidores estrangeiros e grandes gestores de patrimônios costumam ter esses papéis em carteira e se desfazem deles quando o cenário piora. Além disso, é preciso ter a informação de qual a taxa de administração dos fundos, para verificar se não drena uma fatia alta demais do rendimento.
Fundos de Dividendos com maior rendimento em 2017 | % |
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Banrisul Dividendos FI em Ações | 17,31 |
Bradesco FIA Dividendos | 16,64 |
Fundo de Investimentos em Ações Maldivas | 16,24 |
Bradesco Prime FIC de FIA Dividendos | 16,07 |
Bradesco FC Fia Dividendos | 15,82 |
Santander FI Dividendos TOP Ações | 15,61 |
Santander FIC FI Dividendos VIP Ações | 15,18 |
BRAM H FI Ações Dividendos | 15,08 |
Vincy Gas Canoy Dividendos FI em Ações | 15,03 |
Fonte: Anbima, até abril/2017.
A equipe Acionista.com.br leu a matéria e ficou com a seguinte pergunta encaminhada aos colaboradores:
Os fundos de dividendos aumentam meu patrimônio no fundo ao incorporar os dividendos distribuídos, mas sua rentabilidade tem sido menor comparado a outros fundos de ações.
Por que tem atraído investidores, mesmo com menor rentabilidade? Por que eu optaria por ele?
Resposta: os fundos dividendos neste ano estão com uma rentabilidade mais baixa por que a Bovespa deu uma subida, mas em anos anteriores, esses fundos caíram menos do que o Ibovespa. Então é uma opção que acaba mantendo uma média, sem as oscilações mais abruptas.