ADVFN Logo ADVFN

Não encontramos resultados para:
Verifique se escreveu corretamente ou tente ampliar sua busca.

Tendências Agora

Rankings

Parece que você não está logado.
Clique no botão abaixo para fazer login e ver seu histórico recente.

Hot Features

Registration Strip Icon for charts Cadastre-se para gráficos em tempo real, ferramentas de análise e preços.

Empresas querem abrir capital, mas temem custos; perda de controle não é preocupação principal

LinkedIn

Em um universo de 77 empresas de capital fechado, 32%, ou seja, quase um terço, têm interesse em abrir capital na bolsa nos próximos anos. Mas apenas 6% querem fazer isso nos próximos dois anos. É o que mostra pesquisa “Jornada da Captação – transformação financeira na busca de recursos”, feita pela consultoria Deloitte em conjunto com o Instituto Brasileiro de Relações com os Investidores (Ibri). A pesquisa ouviu 97 empresas abertas e fechadas sobre o mercado de capitais como alternativa de captação de recursos.

O atual momento de incertezas ainda limita as operações, apesar de algumas empresas conseguirem ir a mercado mesmo em um ambiente mais conturbado, lembra Fernando Augusto, sócio da Deloitte é responsável pela pesquisa. “Em 2015 tivemos um só IPO (abertura de capital), no ano passado, nenhum, e este ano já tivemos três, e três outros estão para ir a mercado, mesmo com as incertezas”, observa. “Isso depende muito da empresa”, acrescenta.

Baixo, mas ainda assim bom

Para ele, 32% de interesse em abrir o capital é um percentual baixo, mas dentro da realidade brasileira é um percentual positivo, lembrando que as empresas sempre tiveram outras opções de financiamento, como os bancos públicos com juros subsidiados. Por isso, como 68% não têm interesse em abrir capital, é alto também o desconhecimento das empresas sobre o mercado de capitais, com 82% afirmando que não sabem ou sabem pouco sobre os procedimentos para abrir o capital, 66% não conhecem direito os custos e 40% não entendem os benefícios de estar na bolsa além da captação financeira.

“Esse quadro tende a mudar com a redução da participação do Estado no financiamento e a maior participação de grandes investidores, como os fundos de private equity e os investidores estrangeiros minoritários, que tendem a aplicar conceitos mais profissionais na gestão das empresas”, afirma Augusto.

Já Diego Barreto, conselheiro do Ibri, lembra que os 32% é um número razoável se considerado que, há 10 anos, a abertura de capital era motivada mais pelos bancos de investimentos, que ofereciam a operação às empresas ou fundos de investimento que buscavam saída para seu capital. E há ainda o momento econômico, ruim para o mercado. Edmar Lopes, presidente do Ibri, destaca que a bolsa de valores vive de crescimento econômico, coisa que o país não tem tido nos últimos anos. “É importante também a questão do acesso ao financiamento, que diminuiu tanto do lado dos bancos oficiais quanto dos bancos em geral, o que leva as empresas a começar a ver o mercado de capitais como opção  para obter recursos”, diz.

Preocupação com custos

Uma das principais preocupações das empresas é com os custos da abertura de capital. A pesquisa mostrou que, das empresas já na bolsa, 50% consideram os gastos de manutenção com o IPO maiores que o estimado. Em muitos casos, isso se deve ao fato de a empresa não ter uma estrutura de controles já montada. “Muitas empresas já têm um nível de governança e controles internos, transparência, que torna o custo de abrir o capital relativamente baixo, mas as que não têm precisam fazer um investimento muito maior”, afirma Augusto. Segundo ele, a abertura de capital em si custa em torno de 3,5% a 4% do valor que a empresa captará. Mas se a empresa não tiver uma estrutura de companhia aberta, os custos serão maiores. “E há aí um ponto importante, pois muitos desses investimentos para o IPO acabam tendo retorno, agregam valor para a própria empresa e para o acionista em controles e ganhos de produtividade que a empresa não tinha”, observa.

Prontas para a bolsa

O estudo mostrou também que 31% das empresas fechadas têm faturamento superior a R$ 500 milhões por ano, um tamanho razoável. Dessas, 81% já possuem demonstrações financeiras auditadas por auditores externos e 68% já preparam demonstrações financeiras trimestrais, requisito obrigatório para entrar na bolsa. E 22% já tinham conselho fiscal.

Maiores entraves

Entre os fatores que afastam as empresas da bolsa, o principal é a conjuntura econômica atual, com 79% das empresas se mostrando preocupadas. O segundo fator, com 66% das respostas, é o alto custo da operação. E 58% citam a mudança de controle da companhia.

A questão da perda de controle perdeu um pouco da importância, avalia Diego Barreto. Segundo ele, há uma tendência mundial de diversificação de carteiras, que chega também às famílias e às empresas abertas e fechadas. Há ainda famílias que buscam trocar de ramo ou de empresa, como ocorreu com o empresário Abílio Diniz, que saiu do Pão de Açúcar e hoje é grande acionista do Carrefour e da BRF. “Outro sinal dessa mudança que a chamada “poison pill”, regra dos estatutos que dificultava a compra do controle de uma empresa no Novo Mercado, hoje não é mais a grande discussão”, afirma. “Há um amadurecimento do empresário brasileiro que vê que é melhor diversificar seu investimento que ter o controle”, afirma.

Ainda assim, avalia Edmar Lopes, do Ibri, o modelo brasileiro tem uma presença importante das famílias no comando das empresas. “É uma evolução natural, mas a questão do controle não é mais um mito, não seria uma barreira para a ida ao mercado de capitais”, explica.

Descontentes com a abertura

Das que abriram o capital, 47% consideram que foi a melhor forma de captar recursos, e 47% também não souberam responder a essa questão.

E 46% acham que a operação aumentou o valor da empresa. Outros 31% acham que o valor se manteve e apenas 23% consideram que houve queda.

 

Mas 54% acham que a liquidez das ações da empresa no mercado é menor que a esperada. E 50% consideram que o gasto ficou acima do esperado. Sobre como captam recursos hoje, 60% recorrem a linhas de crédito de terceiros, ou seja, bancos, 20% recorrem a ações, 13% debêntures e 7% em recibos de ações no exterior (ADR).

Em parte essa reclamação do custo das companhias abertas é que é mais fácil estimar os custos do que os benefícios indiretos com a abertura de capital, explica Augusto. “Muitas empresas fazem o IPO, mas não pensam no dia seguinte, e quando entram na realidade conhecem obrigações que não tinham antes”, diz.

Tendência de crescimento dos IPO

A expectativa é que as aberturas de capital continuem crescendo neste ano, apesar do cenário político, diz Diego Barreto. Segundo ele, o volume de investimento estrangeiro direto no país continua forte e buscando oportunidades em boas empresas, o que deve facilitar a ida de mais empresas a mercado. Os fundos de private equity também seguem bastante ativos, aumentando a captação de investidores locais também, o que resultará em mais aberturas de capital no futuro para a saída desses investidores. E há o trabalho dos bancos de investimentos e escritórios de advocacia para estimular mais ofertas no mercado.

Edmar Lopes, presidente do Ibri, lembra que a queda da taxa de juros também deve favorecer o aumento da procura por ativos de risco por parte dos investidores. “E isso vai estimular os bancos a procurarem empresas para levar para o mercado para atender a essa demanda de investimentos”, diz.

Deixe um comentário