ADVFN Logo ADVFN

Não encontramos resultados para:
Verifique se escreveu corretamente ou tente ampliar sua busca.

Tendências Agora

Rankings

Parece que você não está logado.
Clique no botão abaixo para fazer login e ver seu histórico recente.

Hot Features

Registration Strip Icon for tools Aumente o nível de sua negociação com nossas ferramentas poderosas e insights em tempo real, tudo em um só lugar.

Metas de inflação mais baixas: o que isso mexe com a sua vida?

LinkedIn

O Conselho Monetário Nacional (CMN) decidiu hoje reduzir a meta de inflação dos atuais 4,5% para 4,25% em 2019 e para 4% em 2020. Foi a primeira mudança na meta em 14 anos. Além disso, a meta, com base na variação do IPCA do IBGE, passará a ser definida com mais antecedência, de três anos, e não mais de dois como hoje.

O que é

A meta de inflação foi criada em 1990, como um compromisso do governo em manter os preços sob controle, preservando o poder de compra da moeda, ou seja, o valor do real. O responsável por essa meta é o Banco Central (BC), que usa os juros, os compulsórios e os instrumentos dos mercados de câmbio e de títulos para manter os preços  ajustados.

A meta faz parte do chamado tripé macroeconômico, que substituiu a âncora cambial que garantia a estabilidade de preços no início do Plano Real e que deixou de existir com a flutuação do preço do dólar em 1999. O tripé é formado, além da meta, pelo câmbio flutuante e pelo superávit primário do governo, que garante que as contas públicas não vão estourar e pressionar a inflação.

Mas, para as pessoas, o que significa a redução da meta?

O que esperar das novas metas

No curto prazo, não muda muita coisa, explica Joaquim Kokudai, sócio da gestora JPP Capital.  Há um efeito imediato nas expectativas, com o governo mostrando que está comprometido com o equilíbrio dos preços, e isso reforça a tendência de redução dos juros neste ano. Mas, o maior impacto deve ser no longo prazo. A tendência é que essa redução ajude a melhorar as projeções de inflação, permitindo taxas de juros mais baixas. Ou seja, juros menores, tanto nominais quanto reais, para aplicações e empréstimos, facilitando o crédito para consumo e investimentos, por exemplo.

Ao mesmo tempo, com as metas sendo respeitadas, a tendência é de que a inflação vá baixando para níveis mais civilizados. Um processo que é mais lento em um país como o Brasil, que tem ato nível de indexação dos contratos à inflação passada. Basta lembrar que a primeira meta, em 1999, era de 8% ao ano, com tolerância de 2 pontos percentuais para cima. Já chegamos a 4,5% e caminhamos para 4%.

Outro impacto é que, com índices mais baixos, os juros nominais da economia também tendem a cair e o esforço do BC para controlar a inflação via juros, ou seja, o quanto a Selic tem de subir cada vez que a inflação sai da linha, também diminui. Tanto que, com toda a crise nos últimos anos, não se falou mais em taxas de 15%, 20% ao ano como no passado. Com índices menores, os picos de juros também serão menores, reduzindo o risco de empresários e consumidores.

Fora da meta

Kokudai lembra que o país ficou muito tempo com a meta de inflação fora do lugar. Foi até deixada de lado durante o governo da presidente Dilma Rousseff, que chegou a adotar uma “nova matriz econômica”. “Dilma detonou o regime de metas com uma visão equivocada de economia e tentou reduzir os juros na marra, o que fez a inflação disparar”, lembra.

Depois, para tentar controlar a inflação sem subir demais os juros, segurou os preços da energia elétrica, dos combustíveis e demais tarifas, desorganizando esses setores da economia. Mesmo assim, a inflação ficou a maioria dos últimos anos no limite de tolerância da meta, de 6,5% ao ano, o que afetou também a credibilidade do BC.

Atraso na redução da inflação

Com isso, o Brasil se atrasou no processo de convergência da inflação para níveis mais baixos, como ocorreu em outros países em desenvolvimento, inclusive na América Latina. “Temos o Peru, a Colômbia, o México, todos com metas de inflação de 3% ao ano, e nós com 4,5%”, observa Kokudai.

Ele diz que é um erro associar as metas mais baixas com juros mais altos, como faz parte do mercado. “Talvez no curto prazo a taxa de juros não caia tanto, mas. com o BC recuperando sua credibilidade perdida, devemos ter ganhos também na taxa de juros”, explica. Ajuda o fato de a conjuntura da inflação ajudar, com índices em queda ou até em deflação, o que dispensa esforço adicional do BC nos juros.

Recado para o governo fazer a parte dele

Outro impacto da meta mais baixa é que ela exigirá que o governo também cumpra sua parte no tripé, que é manter as contas públicas equilibradas. Nesse ponto, os dados fiscais de maio, divulgados hoje, com déficit recorde para o mês, assustaram um pouco.

Mas, como a meta de inflação mais baixa é só bem lá para frente, o governo tem tempo para reconquistar a credibilidade também na parte fiscal, reduzindo o esforço do BC com os juros, avalia Kokudai. “Olhando só para a meta de inflação, a parte fiscal teria problema nos dois casos, tanto de 4% quanto de 4,5%, mas com o BC com credibilidade, dá para baixar essa inflação em 0,5 ponto sem grande esforço”, explica.

Um reaquecimento da economia no curto prazo, com um repique da inflação, poderia atrapalhar, mas para 2019 e 2020 o impacto maior seria das expectativas, diz o gestor.

Para o BNP Paribas, a redução das metas de inflação trará impactos importantes, o maior deles a redução das taxas nominais de juros, permitindo também queda nas taxas reais e nos custos dos empréstimos para pessoas e empresas. Isso reduzirá o custo para investir e fazer o país crescer.

Deve também reduzir as oscilações nos preços e nas taxas de juros, permitindo o alongamento do horizonte dos planos de investimentos e a organização das contas e dos gastos.

As metas mais baixas também devem limitar os impactos secundários de choques de oferta, como secas e quebras de safra, que se transmitiriam para os demais preços via indexação da economia.

Rumo aos 3%

O BNP lembra que as projeções do mercado para o IPCA já estão abaixo de 4,5% ao ano e devem se aproximar das novas metas, de 4,25% para 2019 e 4% para 2020. “Não é preciso muito esforço para extrapolar uma tendência linear de queda nos anos seguintes para a marca de 3% ao ano, como as autoridades indicam que seria razoável”, afirma o BNP.

Aperitivo no curto prazo

Para o banco francês, as novas metas reforçam sua expectativa de que os juros vão cair mais que o esperado pelo mercado este ano, para 8% este ano e 7% no ano que vem.

 

Deixe um comentário