O Datafolha divulgou hoje uma pesquisa sobre a eleição presidencial de 2018 que traz o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, do PT, ainda na frente, como nas pesquisas anteriores, no primeiro turno em todas as simulações e na maioria das hipóteses de segundo turno. Em segundo lugar aparecem dois candidatos fora da linha de políticos tradicionais, Marina Silva, da Rede, e o radical de direita Jair Bolsonaro (PSC). O cenário que mais poderia mudar o quadro é o em que o juiz Sérgio Moro aparece como candidato. A pesquisa mostra que o eleitorado procura cada vez mais um candidato alternativo aos políticos atuais, e caminha para uma radicalização entre Lula e Bolsonaro.
A pesquisa é importante pois pode orientar a decisão dos deputados e senadores com relação à tentativa de antecipar as eleições presidenciais como solução para a crise política, como pediu hoje em artigo publicado na Folha o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso.
Com Alckmin, Lula lidera
No cenário com o governador de São Paulo, Geraldo Alckmin, como candidato do PSDB, o ex-presidente Lula obteve 30% das intenções de voto, seguido por Marina, com 15% e Bolsonaro, com 16%. Alckmin tem apenas 8,0%. Bolsonaro é o que apresenta o maior crescimento, passando de 8% em dezembro para 14% em abril e agora 16%. Seu desempenho acompanha o desgaste dos partidos de centro-direita, em especial do PSDB, que teve seu então presidente Aécio Neves envolvido no escândalo das gravações do sócio da JBS, Joesley Batista.
As denúncias contra o PMDB e o presidente Michel Temer também incentivam a busca por nomes de fora do universo dos políticos tradicionais, o que faz a parcela mais conservadora ver em Bolsonaro uma opção diante da visão de corrupção geral da política brasileira. Há ainda o saudosismo míope da ditadura militar, que é lembrada como um período em que o autoritarismo controlava os desmandos políticos, mas que na verdade mais encobria a corrupção do que a impedia, por meio da censura e da repressão.
Cenário com Dória
Outro nome da centro-direita, o prefeito de São Paulo, João Dória Júnior, também mostra dificuldades em decolar, o que indica que a prática política é bem mais difícil do que o discurso do empresário executivo moderno. Enfrentando polêmicas em sua administração, em especial com o tratamento dado à questão dos viciados da cracolândia, e atacado até pelo líder tucano máximo, o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, Dória aparece com 10%, ainda assim mais do que seu tuto, o governador, Alckmin, com um crescimento de 1 ponto em relação a abril. No cenário com Dória candidato, Lula tem 30% e Marina e Bolsonaro, 15%. Ou seja, não há grandes mudanças.
Barbosa e Moro
Outro outsider, o ex-ministro do Supremo Tribunal Federal Joaquim Barbosa, que não se assume candidato e nem partido tem, aparece com 11%, em quarto nos dois cenários. O juiz Sérgio Moro aparece em segundo (14%), empatado com Marina (14%) e Bolsonaro (13%). Lula fica com 29%, e Alckmin com apenas 6%.
Segundo turno
Já nos cenários de segundo turno, segundo o Datafolha, Lula ganha de Bolsonaro e dos tucanos Alckmin ou João Doria. O petista empata com Marina e com o juiz Sergio Moro na margem de erro, de dois pontos percentuais para mais ou para menos. Já sem Lula, Marina vence Bolsonaro, e Ciro Gomes (PDT) empata com Alckmin e com Doria.
Lula na Justiça e Alckmin na Lava Jato
O cenário sem Lula não é totalmente improvável, tendo em vista que ele está prestes a ser julgado pelo juiz Moro no caso em que é acusado de favorecimento pela construtora OAS em um tríplex no Guarujá e nas reformas no sítio de Atibaia. Lula nega todas as acusações e até mesmo a posse das duas propriedades.
Rejeição maior de Lula
Além do julgamento, Lula tem a maior rejeição na pesquisa: 46% dizem que não votariam nele de jeito nenhum. O patamar está próximo ao observado em abril (45%). Alckmin, acusado por delatores da Odebrecht de ter usado caixa dois, teve a rejeição aumentada de 28% para os atuais 34%. Mais que Bolsonaro, que é descartado por 30%. Moro tem rejeição de 22%. E Doria, novato na política eleitoral, é conhecido por 59% e rejeitado por 20%.
A pesquisa foi feita entre os dias 21 e 23.
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