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Porto Seguro: crise pode matar no nascedouro retomada da economia; juro deve cair para 9%

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A principal vítima da crise política iniciada com as revelações das gravações de conversas entre o empresário Joesley Batista e o presidente Michel Temer são as reformas, especialmente a da Previdência e, com elas, outra vítima será a atividade econômica, avalia o economista-chefe da Porto Seguro Investimentos, José Pena. “Podemos ter abortado no nascedouro esse ciclo de retomada do crescimento econômico”, diz. Segundo ele, depois de um ensaio de retomada da economia, os indicadores mais recentes já apontam para falta de vitalidade da recuperação. “Consumidores e empresários devem se retrair novamente à espera da definição do quadro político e isso deve impactar consumo e investimento nos próximos trimestres”, diz.

Para o economista, os mercados não estão piorando por conta da grande oferta de recursos no exterior. “Enquanto a liquidez internacional for abundante, a saída de estrangeiros é reduzida”, diz. O segundo aspecto que o mercado ainda não começou a olhar é a evolução das candidaturas presidenciais para 2018. “Se o mercado notar a existência de um candidato à presidente com propostas contra as reformas e com chances de vencer a eleição, isso pode levar a uma saída de estrangeiros”, afirma.

Pinguela econômica

O terceiro ponto que mantém os mercados mais calmos é a expectativa de manutenção da equipe econômica mesmo com a saída do presidente Temer. “Isso garantiria que a politica econômica atual, de ajuste fiscal, e de reformas, seriam mantidas”, diz. “Seria a pinguela citada pelo ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, a equipe seria fiadora do governo até a eleição de alguém comprometido com a manutenção das políticas de austeridade ainda presentes” .

Apesar da crise política, Pena manteve a projeção de um crescimento de 0,5% para este ano, por conta do efeito estatístico do início já bastante forte do PIB no primeiro trimestre. O PIB cresceu 1% sobre o trimestre anterior, interrompendo uma sequência de oito trimestres de queda. “Os efeitos da crise serão mais sentidos em 2018”, alerta, prevendo um crescimento de 1,8% para o PIB no ano que vem, ante 2% a 2,25% previstos antes do escândalo. “E o viés é de baixa, tanto para o crescimento deste ano quanto para o do ano que vem”, afirma.

Na esteira desse desaquecimento, a projeção de juros da Porto Seguro não se alterou, e segue em 9% no fim deste ano e de 2018. “Há uma briga de titãs que se anulam: se o avanço das reformas é modesto, o que impede uma queda dos juros mais estrutural na economia, ao mesmo tempo ele reduz a recuperação econômica e a pressão sobre os preços é menor”, diz. Assim, 9% no fim deste ano e do próximo parece bem razoável, afirma.

Pena diz que hoje os fatores políticos estão se sobrepondo aos econômicos, ao menos no curto prazo. “No médio, a economia deve prevalecer, mas no curto a interferência da política será grande”, diz.

Reforma nota 3 ou 4

Para ele, a principal vitima da crise é a reforma da Previdência. Há um mês, a expectativa era que ela seria aprovada “com nota entre 6 e 7”. Ou seja, com um efeito equivalente de 60% a 70% do esperado pela proposta inicial. “Há um mês, o cenário básico é que a votação em primeiro turno no Plenário da Cãmara ocorreria nesta semana ou até antes”, lembra. “Diante das novas circunstância, o melhor é esperar ter uma reforma no fim deste ano com nota 3 ou 4, e nem mesmo esse resultado pífio está garantido”, alerta.

Sobre o julgamento da chapa Dilma-Temer no Tribunal Superior Eleitoral (TSE), na hipótese de Temer ser absolvido, é possível que ele recupere parte de sua força política, mas não será capaz de mobilizar o Congresso como antes das gravações do sócio da JBS. “Teríamos um cenário positivo de aprovação da reforma da Previdência com uma nota 3 ou 4 no fim deste ano com Temer, mas os preços dos ativos não voltariam ao que estavam antes das denúncias”, afirma Pena. Haveria espaço para uma queda importante dos juros, para 9%, e o real terminaria perto do nível atual, de R$ 3,20. O Ibovespa poderia voltar para a máxima do ano, de 69 mil pontos. “Mas este está longe de ser o único cenário, que são vários, mas há dois principais”, diz o economista.

O outro cenário seria a saída de Temer e a eleição indireta de alguém do Congresso, provavelmente da Câmara, já que a votação seria unicameral, ou seja, unindo senadores e deputados, o que daria maioria para os deputados. “E a Câmara, como fiadora desse novo presidente, procuraria retomar as votações e as reformas”, diz. O resultado desse cenário não seria muito melhor que o de Temer no poder, com uma reforma da Previdência desidratada e o mesmo cenário para os ativos financeiros.

Um outro cenário é que o presidente Temer ou seu substituto não consiga reunir forças para aprovar as reformas. Nesse caso a situação pioraria.

Cenário eleitoral para 2018 pode complicar

Mas o que deve definir os preços dos ativos no médio prazo deve ser o quadro eleitoral para 2018, diz Pena. Se algum candidato contrário às reformas começar a aparecer como favorito, o espaço de melhora dos ativos será bastante limitado, com ou sem Temer, alerta o economista. “Isso se manteria até que esse candidato perdesse força ou fosse derrotado, o que pode levar muito tempo ou não e tornaria o mercado dependente das pesquisas eleitorais”, diz.

Outro risco é o cenário externo, já que boa parte da calmaria dos mercados brasileiros hoje é reflexo da tranquilidade no exterior, com o crescimento sincronizado de países desenvolvidos e emergentes. “Apesar de não vermos mudanças no curto prazo, o risco externo não pode ser ignorado”, afirma Pena, lembrando que a China, não vai mais crescer tanto. E, nos EUA, há as dificuldades do presidente Donald Trump de levar adiante suas propostas econômicas, o que deve permitir uma queda mais lenta dos juros americanos. “Nos preços atuais, não vemos tanto premio em juros internacionais”, avalia.

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