A Ambev (BOV:ABEV3) divulgou um lucro líquido de R$ 2,141 bilhões no segundo trimestre deste ano, 2% menor que o do mesmo período do ano passado, com um resultado financeiro expressivamente melhor, devido ao menor custo dos hedges cambiais e aumento do caixa líquido. Já os volumes foram impactados pelo ambiente macroeconômico desfavorável no Brasil, como esperado, enquanto os custos continuaram sendo afetados pelas pressões inflacionárias e a variação cambial no Brasil e na Argentina, afetando as margens do consolidado, observa o BB Investimentos.
Do lado positivo, a unidade de cerveja no Brasil superou a performance do setor pelo segundo trimestre consecutivo, enquanto o aumento de volumes observado no primeiro trimestre nas unidades internacionais permaneceu, reafirmando uma possível tendência de reversão e parcialmente compensando o impacto negativo decorrente do Brasil. O lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização (Ebitda) ficou em R$ 3,9 bilhões, 6% abaixo do do mesmo período do ano passado, 2,6% abaixo do consenso de mercado. Já a margem Ebitda caiu de 40,5% para 38,4%.
O BB Investimentos acredita que os riscos inflacionários e cambiais, que impactaram fortemente os números da empresa até o momento, podem se reduzir nos próximos trimestres, especialmente no Brasil. Como resultado, e considerando as iniciativas da empresa para reduzir custos e aumentar os ganhos de eficiência, o banco espera uma recuperação moderada de margens ao longo deste semestre. O BB Investimentos recomenda a compra da ação da Ambev com preço justo de R$ 21,00.
Já Phillip Soares, analista da Ativa Investimentos, viu o resultado como negativo. A companhia apresentou volume de venda estável, porém aumento do custo por mercadoria vendida (CMV) e queda das receitas, levando a margens mais estreitas. O destaque do resultado vai para a operação na América Central, que apresentou expansão expressiva, puxando os números para cima. As operações na América Latina e Canadá continuam apresentando sérias dificuldades de recuperação, com margens em queda.
Segundo a Ativa, a Ambev domina o segmento de bebidas do Brasil e tem operações distribuídas no continente. Seu foco, no entanto, é no mercado brasileiro, cujo consumidor segue sensibilizado pela crise. Apesar do cenário deteriorado, a companhia é famosa pela sua gestão, extremamente cuidadosa com os custos e agressiva no posicionamento de mercado. O fato de operar em bebidas também é um ponto extremamente positivo, devido ao segmento ter uma economia de escala fantástica e uma lealdade à marca bastante interessante. “Somos otimistas com os prospectos da emprsa, que apesar disso opera tradicionalmente em múltiplos bastante apreciados, oferecendo pouco potencial de apreciação”, diz o analista.