O Instituto de Finanças Internacionais (IIF), que representa as maiores instituições financeiras do mundo, calculou o impacto da incerteza política no Brasil sobre a atividade econômica após avaliar o desempenho do país desde um ano antes do início da Lava Jato. A conclusão, como era de se esperar, é de que existe uma importante correlação entre os dois.
Segundo o relatório, para cada aumento de 1% na incerteza no trimestre anterior, o efeito sobre o seguinte na economia é negativo em 0,2%. “Os eventos políticos influenciaram as decisões de investimento, refletindo a correlação alta (negativa) entre a confiança das empresas e os indicadores de instabilidade política”, explicam Tariq Khan e Martín Castellano, que assinam a análise.
A atividade teria diminuído a um ritmo mais lento em comparação com a taxa observada (-4,3% ano contra ano versus -4,8%, em média)
Para estimar o impacto da instabilidade política no crescimento, os economistas usaram a confiança dos empresários como uma “proxy” da incerteza.
Além disso, foi feita uma regressão das mudanças da atividade sobre a confiança dos empresários, apetite por crédito e produção industrial.
Mantendo a confiança dos empresários fixada na média da taxa de crescimento dos dois anos anteriores ao início da investigação da corrupção, a atividade teria diminuído a um ritmo mais lento em comparação com a taxa observada (-4,3% ano contra ano versus -4,8%, em média) entre o primeiro trimestre de 2016 e o primeiro trimestre de 2017, explica o IIF.
“As conclusões são consistentes com as expectativas de uma recessão mais suave antes do início da investigação”, explicam.
Khan e Khan ressaltam, contudo, que apesar das perdas a curto prazo, a luta contra a corrupção deve ajudar a melhorar as instituições políticas e eleva o crescimento a longo prazo.