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China deve ser agressiva nas compras de soja nos próximos meses, acreditam analistas

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As notícias sobre a demanda mundial por soja voltam a ganhar um espaço maior no noticiário das últimas semanas. Com a safra dos Estados Unidos se concluindo e a da América do Sul prestes a começar, os números do consumo voltam ao centro dos holofotes para mostrar que a maior oferta norte-americana poderá não ser suficiente diante de menores colheitas que já são esperadas no Brasil e na Argentina.

As exportações –  tanto do Brasil, quanto dos Estados Unidos – têm apresentado números bastante fortes para a temporada 2016/17 e podem ser ainda mais expressivos para a 2017/18.

De acordo com o último reporte mensal de oferta e demanda do USDA (Departamenro de Agricultura dos Estados Unidos), nesse novo ano comercial, as exportações norte-americanas podem bater as 61,23 milhões de toneladas, contra a última projeção de 60,55 milhões para o ano anterior. Para o Brasil, o número poderia crescer de 62 milhões para 64 milhões de toneladas.

“As previsões para as vendas externas dos EUA devem se exceder neste novo ano safra com os preços estando um pouco mais baixos e os amplos estoques estimulando esse movimento. As vendas americanas no período de maio a agosto ficaram significativamente acima dos níveis históricos e próximas dos números de 2016, quando os estoques brasileiros eram mais limitados”, explicam especialistas do USDA.

Por outro lado, a competitividade da soja brasileira também chama atenção neste momento e a demanda por ela segue intensa.

“O basis no Brasil está muito alto. O excesso de oferta deixou o exportador brasileiro com maior poder de barganha, principalmente para o grão disponível. O importador mundial quer comprar ‘direto para a boca’, não está garantindo cobertura futura. As compras têm sido para sanar necessidades de 3 a 5 semanas, e ele trabalha apenas com o mercado físico”, explica o analista de mercado Matheus Pereira, da AgResource Brasil, direto de Chicago.

De acordo com os últimos números da Secretaria de Comércio Exterior (Secex), o Brasil já exportou, no acumulado deste ano, 58 milhões de toneladas de soja em grão, um recorde histórico para o período. Para alcançar a média esperada para o ano, as vendas brasileiras teriam que alcançar as 62 milhões de toneladas e, segundo especialistas, há bastante espaço para isso.

Ao contabilizar os números do complexo todo, o Brasil já exportou 69.263,2 milhões de toneladas entre grão, farelo e óleo, contra pouco mais de 67 milhões do mesmo período do ano anterior. O total fica próximo ainda do recorde, que foi observado em 2015, de 70,82 milhões de toneladas para esse período.

Gráficos Soja - USDA

Ainda de acordo com os especialistas do USDA, as fortes vendas das safras velha e nova dos Estados Unidos que foram registradas nas últimas semanas, além dos bons números do Brasil, são reflexo de uma conjunção de fatores além da demanda, como as boas safras, os bons estoques e a questão cambial.

“Enquanto a dinâmica brasileira é similar a de 2015, uma diferença fundamental é que os Estados Unidos não estão enfrentando uma fraqueza do real frente ao dólar que permite que os preços da oleaginosa brasileira sejam mais competitivos. No entanto, a atual situação dos estoques em ambos os países contribui para que ambos os mercados mantenham, de certa forma, sua competitividade”, explicam os executivos do departamento americano.

USDA Soja - Preços

“O mercado está muito demandado, muito forte. De novo, números fortes de esmagamento nos EUA, farelo forte, farelo e óleo dando margem, na China inclusive”, explica o consultor em agronegócios Ênio Fernandes, da Terra Agronegócios.

As mudanças, além de tudo, não se limitam somente à soja em grão, mas se estendm por todo o complexo da oleaginosa. Também de acordo com os últimos números do USDA em seu boletim de setembro, o departamento mostra maiores importações globais de farelo e óleo de soja na temporada 2017/18 contra a anterior, bem como estoques finais menores em ambos os casos.

A produção mundial de farelo da safra 2016/17 foi de 226,34 milhões de toneladas, enquanto a 2017/18 deverá ser de 236 milhões. De outro lado, os estoques finais estão projetados em, respectivamente, 13,32 e 13,06 milhões de toneladas, e as importações globais deverão crescer de 61,76 para 65 milhões de toneladas.

No caso do óleo, a produção mundial deverá ser de 56,01 milhões, contra 53,94 milhões da temporada anterior, contra estoques finais globais passando de 3,66 para 3,62 milhões de toneladas. As importações, por sua vez, deverão crescer de 11,23 para 11,67 milhões de toneladas.

Como explica o analista de mercado Eduardo Vanin, da Agrinvest Commodities, a demanda pelo óleo de soja é bastante forte e deverá continuar crescendo, principalmente nos Estados Unidos. O país deverá deixar de importar biodiesel da Argentina e, segundo o executivo, e essa importação representava 70% do total de suas compras e, agora, deverá consumir mais do produzido internamente.

“Com isso, o estoque vai cair e o reflexo disso vai ser uma remuneração melhor do esmagamento, o que poderá estimular as esmagadoras nos EUA a elevarem o nível de esmagamento, o que significa maior consumo de soja em grão”, diz Vanin.

E embora esse maior esmagamento para a produção de óleo aumente a oferta de farelo, com o tempo, “essa conta tende a ficar neutra”, com esse volume sendo destinado à exportação ou ao mercado interno. “Como sabemos, a não ser que haja um aumento expressivo na produçao de carnes, ele deve seguir para exportação e isso só acontece se houver um preço competitivo”, completa.

China

A China se mantém como principal protagonista dess mercado. O USDA estima que as importações de soja da nação asiática deverão evoluir de 92 para 95 milhões de toneladas da safra 2016/17 para 2017/18. Há consultorias que projetem compras ainda maiores nesse novo ano comercial, da mesma forma que a Oil World, por exemplo, projeta um número menor, em 93 milhões.

Somente em agosto último, a China importou 8,45 milhões de toneladas de soja em grão, apresentando um aumento de 10,2% em relação ao mesmo mês de 2016. O volume foi recorde para o mês. Nos primeiros oito meses do ano, o total acumulado chega 63,34 milhões de toneladas, bem acima dos 54 milhões de 2016, nesse mesmo intervalo.

“Em relação à sua necessidade de esmagamento, somando de setembro a dezembro, a China, nesse momento, em cerca de apenas 40% e esse é o momento mais importante da temporada chinesa, contra 70% do ano passado. É o momento em que a margem é melhor, que o consumo por farelo, e ração é o mais alto do ano. Em outubro, eles têm um feriado prolongado, e em fevereiro, o ano novo chinês, e isso tudo aumenta o conusmo por carne e óleos”, explica Vanin.

Esse é o período onde as esmagadoras fazem sua margem e, nesse momento, o país está pouco comprado e precisa ser mais agressivo daqui para frente para atender suas necessidades, o que irá demandar mais compras diárias.

“Daqui para frente, acredito que a China estará presente diariamente nas compras, as quais serão anunciadas pelo USDA”, diz o analista da Agrinvest. Somente nesta segunda-feira (18), o anúncio foi de 261 mil toneladas da oleaginosa destinadas à nação asiática.

Segundo relata o analista internacional Terry Reilly, da Futures International, o CNGOIC (Centro de Informações sobre Grãos e Óleos da China) sinalizou as importações de soja da China em mais de 9 milhões de toneladas, acima das 7,5 milhões esperadas para outubro.

Fonte: Notícias Agrícola

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