A Polícia Federal informou nesta terça-feira (10) que concluiu inquérito que investiga os irmãos Joesley e Wesley Batista, controladores da processadora de carne JBS (BOV:JBSS3), por uso de informações privilegiadas e manipulação de mercado.
O inquérito apurou se os irmãos Batista se posicionaram no mercado sabendo que a divulgação do conteúdo de suas próprias delações premiadas e de executivos da holding J&F Investimentos, envolvendo o presidente da República Michel Temer, mexeriam com os mercados brasileiros. As informações vieram à tona em meados de maio, levando a um forte recuo dos preços de ativos brasileiros.
As conclusões da Polícia Federal foram entregues na véspera ao Ministério Público Federal, que poderá apresentar denúncia, pedir novas investigações ou arquivar o caso, afirmou a PF em comunicado à imprensa nesta terça-feira. Ambos estão presos.
“Antes que as informações viessem a público, eles (irmãos Batista) se posicionaram no mercado financeiro com base nessas informações impactantes e aí quando as informações efetivamente vieram a público, eles auferiram lucro”, afirmou o delegado na entrevista à emissora.
Joesley e Wesley Batista, que tiveram pedido de liberdade negado no final de setembro pelo ministro Gilmar Mendes, do Supremo Tribunal Federal (STF), negam terem cometido qualquer irregularidade no mercado financeiro.
A JBS afirmou em comunicado à imprensa que não teve acesso ao relatório da PF e reiterou que “as operações de recompra de ações e derivativos cambiais em questão foram realizadas de acordo com perfil e histórico da companhia que envolvem operações dessa natureza”.
A companhia, dona de marcas como Friboi, Swift e Seara, acrescentou que “tais movimentações estão alinhadas à política de gestão de riscos e proteção financeira e seguem as leis que regulamentam tais transações”.
A JBS citou ainda um estudo contratado pela companhia junto à Fundação Instituto de Pesquisas Contábeis, Atuariais e Financeiras (Fipecafi) que afirma que ”havia subsídios econômicos para a estratégia de derivativos cambiais adotados pela companhia e que recompras pela JBS este ano “são normais quando comparadas às do período imediatamente anterior”.
Segundo a PF, a empresa FB Participações, que é 100 por cento dos irmãos Batista e detinha uma fatia de 42,5 por cento da JBS, vendeu 42 milhões de ações da processadora de carne por aproximadamente 372 milhões de reais antes do vazamento da delação, enquanto a JBS posteriormente as recomprou no mercado. Essa movimentação permitiu aos executivos da FB Participações evitar um prejuízo potencial de 138 milhões de reais, de acordo com a PF.
A investigação também abrange a compra de cerca de 2 bilhões de dólares em contratos futuros de dólar ao preço de 3,11 reais pela JBS, segundo a PF. Apenas na véspera da divulgação do acordo de colaboração foram comprados 473 milhões de dólares.
“Em atuação conjunta com a Comissão de Valores Mobiliários (CVM), a PF pôde trazer à investigação provas robustas de que a determinação das operações financeiras partiu dos irmãos Batista”, afirmou a PF.
Fonte: Reuters.