Mercados Globais
O mercado reagiu negativamente à divulgação dos dados do mercado de trabalho de setembro nos EUA. A expectativa coletada pela pesquisa Bloomberg era de criação de cerca de 100 mil vagas, indicando uma desaceleração por conta dos furacões que paralisaram o sul do país no mês passado. Os dados vieram ainda piores que o imaginado, com destruição de 33 mil postos, indicando que os estragos foram consideráveis.
A taxa de desemprego, no entanto, caiu, de 4,4% para 4,2% e os salários subiram 0,5% no mês. Esse dado do mercado de trabalho, apesar de muito ruim, será avaliado com cautela pelos diretores do FED, que tendem a considerar os fortes efeitos temporários dos furacões sobre as estatísticas. Apesar disso, o mercado teve uma reação nervosa, que deve ser suavizada ao longo do dia.
Os índices acionários estão nas máximas, indicando uma aposta confiante na capacidade das empresas em entregar bons resultados a partir da próxima semana, que terá divulgação dos balanços do Citicorp, JP Morgan e Bank of America Merrill Lynch. O dólar está na máxima de duas semanas em relação ao euro e o petróleo caiu novamente, com o barril WTI sendo negociado a US$ 50,09, por conta de novas tempestades no sul dos EUA.
Veja o gráfico do índice S&P500, no seu máximo histórico:
Hoje falarão diversos diretores do Federal Reserve (Eric Rosengren, William Dudley, Robert Kaplan e James Bullard), o que permitirá ao mercado assimilar de forma mais suave o impacto inicial dos dados do mercado de trabalho.
Brasil
No Brasil, o IBGE divulgou o IPCA de setembro e ele ficou em 0,16%, bem abaixo das expectativas iniciais que levavam em conta uma aceleração que não ocorreu. O índice de inflação oficial do país foi fortemente influenciado pela queda dos alimentos (-0,41%) e pela retração dos preços da energia elétrica, que fizeram cair o item habitação (-0,12%). A inflação acumulada em doze meses atingiu 2,54%, bem abaixo da meta de 4,5% do Banco Central.
Veja o gráfico da inflação de doze meses:
Considerando o período iniciado em 1998, só tivemos 39 meses nos quais a inflação acumulada em doze meses ficou abaixo dos 4,5%. A inflação acumulada abaixo de 3% é uma raridade ainda maior, ocorrendo em apenas sete dos 225 meses da amostra. A surpresa positiva é ainda maior se levarmos em consideração que o ano começou com a pesquisa feita pelo BC, a Focus, apontando que o mercado esperava 4,86% para o IPCA de 2017.
Essa reversão da inflação para baixo, em decorrência da forte queda dos preços dos alimentos e um comportamento favorável dos outros itens, pode induzir o BC a manter sua estratégia de redução dos juros abaixo dos 7% até o meio do ano que vem. Os juros mais longos, porém, estão em alta, com o vencimento para 2021 subindo de 8,80% para 9,05%, em função da piora das expectativas em torno da situação fiscal do país.
O mercado passou a incorporar em seus preços um cenário onde a reforma da previdência não ocorre e os ajustes das contas públicas ficam postergados para o próximo governo. Essa mudança decorre da dificuldade que o governo Temer está encontrando para colocar a agenda de reformas na frente das questões ligadas às denúncias que recebeu ao longos dos últimos meses.