Os fundos multimercados macro, que buscam ganhos antecipando os movimentos da economia, fecharam outubro com uma perda média de 0,02%. Apesar da perda, esses fundos ainda acumulam ganhos expressivos no ano, de 12,57%, e em 12 meses, de 15,53%, segundo dados da Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiro e de Capitais (Anbima). Em setembro, os multimercados macro haviam rendido em média 2,23%.
O desempenho médio mais baixo dos multimercados reflete a mudança dos mercados brasileiros em outubro. O Índice Bovespa fechou quase estável, e o dólar e os juros subiram, pegando de surpresa os gestores que estavam posicionados no chamado kit Brasil, apostando a queda dos juros e alta da bolsa. Os fundos de ações ativos também tiveram perdas, de 0,15%, mas ainda acumulam 25,85% no ano e 17,39% em 12 meses.
Os fundos renda fixa duração alta (longo prazo) soberanos subiram 0,26% em média em outubro, refletindo a alta dos juros dos papéis mais longos do Tesouro que fazem parte da carteira. Quando os juros sobem, os preços dos papéis antigos caem.
Captação até outubro é recorde
Na captação, os fundos de investimentos fecharam outubro com R$ 19,537 bilhões. No ano, a captação foi de R$ 223 bilhões e, em 12 meses, R$ 259 bilhões. Entre janeiro e outubro, a captação teve crescimento de 173% na comparação com o mesmo período de 2016 e foi recorde para o período. À frente dos multimercados, cuja captação até outubro foi de R$ 87,7 bilhões, está apenas a classe de renda fixa, com ingressos líquidos de R$ 92,2 bilhões. Os fundos de previdência aparecem na sequência, com R$ 35,9 bilhões. Já em outubro, os fundos multimercados perderam recursos, R$ 102 milhões.
Pessoas físicas puxam multimercados
As pessoas físicas puxaram a captação líquida dos fundos multimercados até setembro neste ano, último dado disponível. Do total de R$ 80,3 bilhões levantados pela categoria entre janeiro e setembro, os clientes do varejo (tradicional e alta renda) foram responsáveis por R$ 10,5 bilhões, o dobro do mesmo período do ano passado, e os de private banking, por R$ 44,4 bilhões, valor mais que sete vezes maior do que em 2016.
O crescimento do segmento de varejo reflete a estratégia de muitos grandes bancos de oferecer carteiras de gestores independentes para seu público de varejo de alta renda, a chamada arquitetura aberta. O aumento de corretoras oferecendo fundos multimercados também ajudou.
“As diferentes opções de tíquetes de entrada, acessíveis a todos os bolsos, e o alcance maior das instituições financeiras contribuem para o ingresso do público, incluindo de varejo, aos fundos”, diz Carlos Ambrósio, vice-presidente da Anbima. Com os juros em queda, os investidores passaram a buscar retorno em fundos com gestão ativa, o que se traduz no avanço dos multimercados, afirma.
Rentabilidade no ano é liderada por ações
Os fundos de ações seguem oferecendo os maiores retornos aos investidores em 2017, segundo dados da Anbima. Até outubro, a média da rentabilidade do tipo Small Caps (que reúne ativos de empresas com menor valor de mercado) foi de 39%. Os fundos Ações Índice Ativo e Ações Livre registraram ganhos de 25,8% e 25,7%, respectivamente.
Na renda fixa, entre janeiro e outubro, o destaque vai para os retornos de 11,3% para o Renda Fixa Indexados e de 11,1% para o Renda Fixa Duração Alta Crédito Livre. Entre os multimercados, destaque aos tipos Long and Short Direcional, com alta de 14,6%, e Macro, com avanço de 12,6%.