O presidente americano Donald Trump optou pela continuidade ao indicar Jerome Powell para o lugar de Janet Yellen na presidência do Federal Reserve (Fed, o banco central americano). Ele é diretor do Fed desde 2012 e deve assumir o posto em fevereiro do ano que vem, depois de ser aprovado pelo Senado, o que não deve ser problema já que o Partido Republicano de Trump tem maioria. Foi a primeira vez desde 1979 que um presidente troca o comando do Fed em seu primeiro ano de mandato.
“Estou convicto de que [Powell] tem o conhecimento e sabedoria necessária para liderar a nossa economia”, disse Trump ao anunciar a decisão na Casa Branca. Trump ressaltou que “há poucos cargos mais importantes” que o de dirigir o banco central americano e agradeceu o “maravilhoso trabalho” realizado por Yellen nos quatro anos à frente da instituição.
Segundo a LCA Consultores, Powell tem boas relações com o Partido Republicano, o que explica sua indicação e deve facilitar sua aprovação pelo Senado. Líderes republicanos esperam que o seu nome seja aprovado até o final do ano. Em termos de política monetária, não se espera mudanças significativas nas atuais diretrizes que Powell tem apoiado em todas as reuniões do Fomc, afirma a LCA.
A decisão já era esperada pelos investidores e foi antecipada pelo The Wall Street Journal na quarta-feira. A taxa de retorno dos Treasury Bonds de 10 anos recuou dois pontos base para 3,35% ao ano, o dólar ficou praticamente estável e as ações dos bancos subiram 0,65% nesta quinta-feira, enquanto as bolsas americanas apresentaram variações mais modestas. Os investidores apostam que Powell poderá apoiar a diminuição da regulação do sistema bancário.
Para o Brasil, analistas acreditam que a mudança não terá impacto desde que Powell mantenha o processo gradual de alta dos juros básicos e de normalização do balanço do Fed, vendendo de volta para o mercado os papéis que comprou nos últimos anos dos bancos para injetar dinheiro na economia e que provocou uma grande liquidez internacional e beneficiou os emergentes. Ele falou desse impacto sobre os emergentes em uma palestra em outubro, conforme texto divulgado pelo site do Fed.