O Comitê de Políticas Monetárias (Copom) anunciou hoje (6), após dois dias de reuniões, que decidiu por unanimidade a redução da taxa Selic para 7% ao ano, um corte de 0,5 ponto percentual, conforme os analistas já esperavam. Esse é o menor valor da taxa desde a criação do Plano Real.
O Copom interpretou que a atividade econômica demonstra sinais compatíveis com a recuperação gradual da economia, especialmente a inflação, que “tem evoluído, em boa medida, conforme o esperado”, segundo a nota divulgada.
Ao mesmo tempo, eles destacaram que esse cenário da inflação envolve fatores de risco positivos e negativos. “Por um lado, a combinação de (i) possíveis efeitos secundários do choque favorável nos preços de alimentos e da inflação de bens industriais em níveis correntes baixos e da (ii) possível propagação, por mecanismos inerciais, do nível baixo de inflação pode produzir trajetória prospectiva abaixo do esperado. Por outro lado, (iii) uma frustração das expectativas sobre a continuidade das reformas e ajustes necessários na economia brasileira pode afetar prêmios de risco e elevar a trajetória da inflação no horizonte relevante para a política monetária. Esse risco se intensifica no caso de (iv) reversão do corrente cenário externo favorável para economias emergentes.”
O Comitê também definiu que para a próxima reunião, caso o cenário macroeconômico evolua como o esperado, “o Comitê vê, neste momento, como adequada uma nova redução moderada na magnitude de flexibilização monetária”. Porém, a nota destaca que “o atual estágio do ciclo recomenda cautela na condução da política monetária”, reforçando que a flexibilização depende essencialmente da “evolução da atividade econômica, do balanço de riscos, de possíveis reavaliações da estimativa da extensão do ciclo e das projeções e expectativas de inflação”.
A próxima reunião do Copom deve acontecer nos dias 6 e 7 de fevereiro de 2018.
Previsões
Segundo a nota divulgada pelo Copom, as projeções sobre a tragetória das taxas de juros e câmbio “situam-se em torno de 2,9% para 2017, 4,2% para 2018 e 4,2% para 2019. Esse cenário supõe trajetória de juros que encerra 2017 e 2018 em 7,0% e 2019 em 8,0%.
O Boletim Focus mais recente havia indicado a queda de hoje na taxa Selic, mas além disso, também prevê que esse valor permaneça ao longo de 2018, com tendência de leve alta no final do ano.
Porém, o analista Ricardo Peretti, do Santander, disse em relatório que “de acordo com o formato da curva de juros, o mercado aguarda mais um corte de juros para a primeira reunião do Copom em 2018, desta vez menor, estabelecendo a Selic a 6,75% ao ano (em linha com as projeções do Santander)”.
Indo mais além, o BNP Paribas e o Itaú Unibanco chegaram a cogitar que a taxa atinja os 6,5% ao ano em 2018, para continuar estimulando a economia, uma vez que a inflação deve ficar abaixo da meta.
A previsão é que o IPCA de 2017 seja de 3,03%, bem abaixo da meta centro de 4,5%. Ano que vem, a expectativa é que a inflação cresça, atingindo os 4,02%, ainda abaixo da meta, o que abriria espaço para um novo corte.
Impacto
Este é o 10º corte seguido na Taxa Selic, que começou em outubro de 2016 com uma política de flexibilização da política monetária. Usualmente, a taxa é usada como um fator de controle da inflação, uma vez que a queda nos juros “altera a dinâmica do custo do dinheiro na economia, ou seja, as taxas para as pessoas e para as empresas contraírem empréstimos diminui”, afirma o gerente de investimentos da Concórdia Corretora, Mauro Mattes.
Isso acontece porque a facilidade de acesso ao crédito permite o aumento do consumo, ajudando a movimentar a economia. Mattes comenta que isso também reflete diretamente no crescimento da produção e do emprego no mercado, sendo “importante para qualquer economia que quer crescer e buscar competitividade no cenário internacional”.