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E se Lula não for condenado? Economista analisa impactos nos mercados

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Os analistas do mercado financeiro dão como certa a confirmação da condenação do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva amanhã, no julgamento do recurso ao Tribunal Regional Federal da 4ª Região (TRF-4). A discussão é mais sobre o placar do julgamento, se por unanimidade, com votos dos três desembargadores, ou por dois a um. Mas e se o TRF-4 aceitar o recurso de Lula, qual o estrago que isso causaria nos mercados?

Essa é a análise feita pelo economista da Gradual Investimentos, André Perfeito, em relatório enviado aos clientes da corretora. Nele, Perfeito admite que trabalha com a condenação unânime, mas faz um exercício do que seria uma decisão livrando Lula da condenação e abrindo caminho para a disputa pela Presidência.

Para Perfeito, os ativos financeiros brasileiros são em alguma medida blindados à fatores domésticos. Assim, se por acaso Lula não for condenado por unanimidade, o que abre a possibilidade real de ele concorrer ao pleito de outubro e com grande chance de vencer, depois de um ruído inicial de queda, o mercado tende a voltar a subir na esteira de três aspectos cruciais:

1-) O Índice Bovespa, apesar do entusiasmo de ter rompido os 80 mil pontos, está na verdade se corrigido pelo CDI ou pelo IPCA, nos patamares de 2014, ou seja, há ainda muito espaço para recuperar em direção dos antigos níveis, avalia o economista;

2-) O fluxo cambial em direção ao Brasil permanece positivo via balança comercial “e sabemos que isto impacta fortemente o real e a bolsa”;

3-) O CRB – principal índice de commodities do mercado  – já subiu 18% em dólar desde meados do ano passado e a tendência é ainda de apreciação.

O economista esclarece que acredita que deve ocorrer certa correção no Ibovespa ao longo do ano, mas ela será motivada pela correção do índice da bolsa americana Standard & Poors 500,  que está no maior patamar da série, ao mesmo tempo que a volatilidade  (medida pelo índice VIX ) está no menor patamar da história. “Esta situação não poderá perdurar por muito tempo.”

Para Perfeito, se Lula for “absolvido” amanhã por um placar rachado e o mercado cair apenas um pouco, muitos analistas irão dizer ou que o mercado “já esperava isso”, o que é mentira (9 entre 10 operadores acreditam piamente na condenação unânime), ou que o mercado na verdade “está se acostumando com a ideia do Lula voltar”, o que também é uma falácia.

Para ele, o mercado irá reagir como sempre reagiu aos fluxos e fundamentos externos “e amanhã não será exceção”, da mesma forma que, se houver a correção do S&P em meados deste ano – ou seja durante o pleito presidencial – não faltará gente para dizer que isso é culpa da eventual vitória de Lula, o que é equivocado também, avalia Perfeito.

Ele lembra que o dólar disparou entre 2014 e 2015 não por conta da eleição de Dilma Rousseff, do PT, mas antes pela queda do barril de petróleo, que despencou entre julho de 2014 e o final de 2015 46% em dólar. Para Perfeito, “Há um descolamento entre o Real e o CRB hoje em dia, e, em tese o Real deveria ficar mais forte”. Segundo ele, talvez o mercado nem dê bola caso Lula não seja condenado por unanimidade,” mas isso será resultado antes de fatores externos do que domésticos”.

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