A ata da reunião de fevereiro do Comitê de Política Monetária do Banco Central (Copom) divulgada nesta quinta-feira (15) veio menos dura do que o mercado imaginava e deixou marginalmente mais aberta a discussão se o corte dos juros acabou realmente neste mês ou se vai continuar em março.
O IPCA abaixo do esperado em janeiro abriu espaço para discussões sobre a chance de mais um corte de 0,25 ponto, se não em março, nos meses seguintes. Os juros futuros reagiram e as projeções na B3 recuaram. O contrato para janeiro de 2019, que dá a projeção para este ano, caiu de 6,685% ao ano para 6,66% e, para janeiro de 2020, de 7,89% para 7,83%.
Segundo o Deutsche Bank, apesar de o banco ainda esperar a manutenção dos juros em 6,75% em março, assumindo que a inflação do IPCA suba para 0,40% este mês, a ta aumentou a probabilidade de outro corte de 0,25 (p.p). A mesma avaliação é feita pelo suíço UBS, segundo o qual o Copom manteve a porta fechada para novos cortes, mas destrancada, ao citar as condições que levariam a uma nova redução dos juros.
Essa é também a opinião do Departamento Econômico do Bradesco. Com relação à turbulência recente nas bolsas americanas, a ata aponta que a trajetória das expectativas da inflação pode produzir “algum aperto das condições financeiras”, mas que a economia brasileira apresenta capacidade de absorver eventual revés no cenário devido à situação robusta do balanço de pagamento e à inflação baixa e com expectativas ancoradas.
Em relação ao ambiente doméstico, destaca o Bradesco, a ata apontou que a recuperação da economia apresenta “maior consistência” e que algumas medidas de inflação subjacente estão em níveis confortáveis ou baixos. O documento mostra que alguns integrantes do Comitê focaram a discussão em avaliar as circunstâncias que tornariam a interrupção do ciclo mais apropriada ou se haveria espaço adicional para um outro corte de juros.
Do lado da flexibilização adicional, a continuidade dos baixos níveis dos núcleos de inflação ou redução na probabilidade de aumento de prêmio de risco seriam fatores favoráveis. Do lado da interrupção, a evolução do cenário em linha com o esperado, caracterizada por recuperação mais consistente da atividade e piora do cenário internacional seriam fatores determinantes.
Por fim, houve uma discussão sobre a comunicação a respeito dessa discussão, com a conclusão de que se o cenário evoluir conforme o esperado, a interrupção será mais adequada para a reunião de março. Para o Bradesco, a manutenção da taxa Selic em 6,75% ao ano deverá ser a opção no próximo encontro, mas a probabilidade de novo corte de 25 ponto aumentou.
Para a Corretora Coinvalores, a ata mostra que o Comitê considera que a interrupção do processo de corte dos juros seria a medida mais adequada tendo em vista o cenário atual. O Copom ainda salientou que está atento à perspectiva de elevação de inflação nas principais economias do mundo, o que pode acelerar a normalização da política monetárias nesses países, mais um fator que pesa para o fim do ciclo de queda por aqui. Mas deixou uma janela para uma nova queda de 0,25 p.p. “caso haja mudanças na evolução do cenário básico e do balanço de riscos”. “Ou seja, caso tenhamos uma surpresa na semana que vem e a reforma da Previdência seja aprovada no plenário da Câmara, podemos ter um novo corte de juros”, diz a Coinvalores. Caso contrário, o ciclo de queda de juros deve terminar em 6,75%.