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É hora de retomada do mercado?

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As estimativas cada vez mais positivas para o crescimento econômico de 2018 têm impulsionado os recordes do mercado financeiro, e já há aqueles que acreditam em Ibovespa a 100 mil pontos até o fim do ano. Em meio às comemorações de maior crescimento do PIB, inflação controlada, baixa taxa de juros e perspectiva de ingresso de investimentos estrangeiros, o índice registrava alta acumulada no ano acima de 13% até a última quinta-feira. No ano passado, a valorização somou 26%. Será que há algo de errado ou a pátria foi salva e todos os problemas acabaram?

Sabe-se que o mercado antecipa os movimentos da economia, e as projeções para o ano de 2018 dão conta de que o PIB deve subir ao redor de 3%. Os mais otimistas acreditam em um incremento próximo de até 4%. A perspectiva é importante mola propulsora para a retomada do mercado, depois dos dados desalentadores dos últimos anos. Entre 2015 e 2016, a economia brasileira contraiu mais de 7%, e a melhora registrada em 2017 foi ínfima perto das perdas dos anos anteriores. Segundo o IBGE, em 2016, os investimentos das empresas recuaram mais de 10%, o terceiro ano seguido de queda. O último dado oficial divulgado registra uma alta dos investimentos de 1,6% no terceiro trimestre de 2017 na comparação com os três meses anteriores, a primeira desde o terceiro trimestre de 2013.

Diante das perspectivas de crescimento econômico, fala-se até que 2018 será de retomada para o mercado de capitais, pois a própria alta das ações abre uma janela de oportunidade para a abertura de capital de empresas ou operações de follow-on. Cálculos do Bradesco BBI dão conta de que as ofertas iniciais de ações devem somar cerca de R$ 9 bilhões no primeiro trimestre deste ano.

“Muitas ofertas não saíram por falta de alinhamento entre o preço que a empresa acreditava que valia sua ação e o valor percebido pelo mercado. À medida que o mercado apresenta condições, as ofertas começam a sair. Até o ano passado, quando algumas empresas tentaram ofertar ativos, havia ações de empresas tradicionais no mercado que estavam depreciadas”, declarou o advogado do Stocche Forbes especialista em Mercado de Capitais, Marcos Ribeiro, na matéria da Revista RI de fevereiro.

Mas é preciso cautela ao analisar o cenário atual. A corrida eleitoral ainda nem começou e os fundamentos econômicos em termos fiscais estão muito deteriorados. Tanto que a agência de classificação de risco Fitch rebaixou na última sexta-feira a nota de crédito soberano do Brasil de “BB” para “BB-”. O rating do Brasil encontra-se agora três degraus abaixo do grau de investimento, igual à classificação dada pela S&P, após o rebaixamento de janeiro. De acordo com a Fitch, a decisão é reflexo dos persistentes e grandes déficits fiscais, da alta crescente da dívida pública e do fracasso em reformas legislativas que melhorariam o desempenho estrutural das finanças públicas.

A agência citou a desistência do governo em levar à frente a Reforma da Previdência. A perspectiva é de que a Moody’s também siga a mesma linhaSobre o rebaixamento, o Ministério da Fazenda declarou em nota que “segue comprometido em progredir com a agenda de reformas macro e microeconômicas destinadas a garantir o equilíbrio das contas públicas, crescimento econômico sustentável e contínua melhoria do ambiente de negócios”. Retórica à parte, o problema fiscal é uma equação difícil de resolver, e este mandato levantou bandeira branca. Para que haja a continuidade do otimismo do mercado, é preciso que desponte um candidato comprometido com a questão fiscal. Neste sentido, a corrida eleitoral é o principal fator de volatilidade.

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