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Os ricos também choram: juro baixo este ano vai reduzir ganhos de grandes bancos, alerta Moody’s

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Os maiores bancos brasileiros enfrentarão desafios no que diz respeito à rentabilidade, uma vez que o Banco Central deve manter a taxa básica de juros no patamar de um dígito ao longo de 2018, afirma a Moody’s Investors Service em relatório. A taxa referencial Selic caiu de 14,25% em outubro de 2016 para o atual patamar de 6.75% e os contratos futuros de juros também indicam que a taxa vai ficar em um digito até 2022.

Segundo a agência de risco, um período tão longo de baixas taxas de juros seria historicamente novo para o Brasil e reduziria os resultados dos maiores bancos listados em bolsa do país, incluindo Bradesco (BBDC3) (BBDC4), Banco do Brasil (BBAS3), Santander Brasil (SANB11) e Itaú Unibanco (ITUB4).

O assunto é tema de preocupação dos bancos, sento que Bradesco, Itaú e Santander comentaram as estratégias para evitar essa queda de rentabilidade em seus balanços.

A preocupação é que, antes, o spread, que é a diferença entre a taxa de captação e a do empréstimo, era calculada sobre juros de 14,25% ao ano, o que permitia uma gordura maior para o banco. Agora, ele será calculado sobre 6,75% ao ano. Com isso, o juro do empréstimo cairá, assim como spread e, com eles, o ganho do banco, proporcionalmente. Uma forma de compensar essa queda seria ganhar escala e aumentar o volume de crédito, mas isso dependerá da demanda e da economia, que ainda será relativamente fraca este ano.

A renovação da carteira de empréstimos a taxas de juros menores, combinada com a probabilidade de que os custos de captação e de crédito não cairão significativamente, tornará mais difícil para os bancos manter os níveis de rentabilidade, especialmente porque o crescimento do crédito também será limitado, explica o analista da Moody´s Farooq Khan.  “Esperamos que as margens e a receita com juros dos maiores bancos brasileiros caiam à medida que as instituições repassam os juros menores aos tomadores, especialmente para o segmento de pessoas físicas, que tem buscado mais empréstimos bancários”, explica Khan. “Uma vez que as taxas de um dígito estão aqui para ficar no futuro próximo, a reprecificação de ativos se acelerará no fim deste ano e, em consequência, margens mais apertadas e fraco crescimento do crédito pressionarão a rentabilidade.”

Em 2018, o setor provavelmente focará no segmento de crédito ao consumidor, no qual as taxas menores têm estimulado a demanda. Os quatro bancos reduziram significativamente o crédito corporativo, o que ressalta a aversão a risco. Para impulsionar as margens, que são tradicionalmente mais altas no crédito ao consumidor, os bancos têm migrado as carteiras para ativos de maior rendimento, incluindo crédito consignado em folha, financiamento de veículos e crédito sem garantia ao consumidor, o que beneficiará a rentabilidade de forma apenas modesta já que qualquer aumento no crédito a taxas mais elevadas será apenas moderado e, portanto, insuficiente para compensar a compressão de margens, acredita a Moody’s.

Os bancos enfrentaram  aumento de custos de crédito no período de 2014 a 2016, porém, passada a pior fase, os quatro bancos saíram da recessão com um nível de risco de ativos manejável  e reportaram queda das despesas com provisões em 2017, o que deu fôlego à rentabilidade. Em 2018, os bancos devem manter os colchões de provisões para perdas enquanto migram para o crédito ao consumidor e tentam mitigar os efeitos retardados da recessão. “Em consequência, não vemos declínio significativo dos custos de crédito em 2018 como observamos nos últimos trimestres”, diz Khan.

A receita com tarifas dos segmentos de seguro, gestão de ativos, cartões de crédito, empréstimos e cobrança, no entanto, continuarão beneficiando os bancos, garantindo diversificação e fonte estável de receitas.

 

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